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Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
Setor de construção civil teve maior perda na Bovespa
De todos os setores da economia, o mais atingido na Bolsa
brasileira pela crise financeira
global foi o de construção civil.
O valor de mercado das 30
companhias listadas na Bovespa caiu 72,3% neste ano até a
última sexta-feira.
No início deste ano, as 30
empresas somadas valiam
R$ 53,1 bilhões na Bovespa. Na
sexta-feira passada, o valor dessas companhias encolheu para
R$ 14,7 bilhões. Nada menos do
que um volume de R$ 38,3 bilhões evaporou.
O segundo setor mais atingido foi o de papel e celulose, que
teve uma queda de 67,7% no valor das companhias. Em terceiro, eletroeletrônicos (-61,8%).
Todos os setores registraram
quedas significativas.
As perdas foram expressivas.
O valor total das empresas listadas na Bolsa caiu pela metade: de R$ 2 trilhões para R$ 1
trilhão. Só o setor de petróleo e
gás perdeu R$ 231,9 bilhões, influenciado pela Petrobras. Os
bancos encolheram R$ 223 bilhões, e o setor de mineração
(leia-se Vale), R$ 160 bilhões.
Foram esses os três segmentos
com maior volume de perdas
na Bolsa brasileira.
Todos esses números, que foram levantados pela Economática, indicam as razões para o
governo se mostrar tão preocupado com o setor da construção
civil. O pacote divulgado na semana passada autoriza a Caixa
Econômica Federal a adquirir
participações em empresas de
construção que estejam em dificuldades.
Segundo Fernando Excel,
presidente da Economática, essa queda no valor de mercado
no setor de construção se deve,
claro, à crise global, mas, não
deixa de refletir também os
exageros nos IPOs (sigla em inglês para oferta inicial de ações)
das construtoras. Os investidores imaginaram que o crédito
imobiliário no país, que gira em
torno de 2% do PIB (Produto
Interno Bruto), iria quintuplicar de tamanho de uma hora
para outra.
"Foi uma alucinação o que
aconteceu com a construção",
afirma Excel.
Das 30 empresas na Bolsa, a
que mais caiu foi a Inpar, com
queda de 93,5% no seu valor de
mercado. Em seguida, Abyara
(-92,8%), Agra (-90,7%) e Tenda (-88,6%).
O governo tem duas preocupações básicas em relação ao
setor de construção. A primeira
é a de as empresas não terem
recursos suficientes para concluírem os imóveis já comprados na planta. A outra diz respeito à manutenção do emprego no setor.
Há poucos dias, o governo
anunciou que irá criar uma linha de capital de giro de R$ 4
bilhões para aliviar o setor. A
dúvida é se esse dinheiro será
suficiente.
TEMPO RUIM
Em meio à crise global, os parques temáticos devem ser
mais uma vítima. Alain Baldacci, presidente do Wet'n Wild e
diretor do Sindepat (Sindicato Nacional de Parques Temáticos e Atrações Turísticas), afirma que a crise está realmente
instalada. "Temos a sensação de que seremos atingidos por
ela." O orçamento de 2009 está sendo planejado, e, segundo
Baldacci, os investimentos previstos já começaram a ser reconsiderados. "Estamos sentido que vai haver dificuldade de
crédito quando nós precisarmos", afirma. Os investimentos,
diz, ainda não foram eliminados, mas estão "em compasso
de espera". Em São Paulo, segundo Baldacci, o momento é
"estranho". Nos últimos finais de semana, o público esteve
mais magro, mas ele diz que não sabe precisar se foi por
causa da crise, ou das chuvas.
MAQUIAGEM
Andrea Jung, presidente
da Avon, assume a presidência da Federação Mundial
das Empresas de Vendas Diretas durante os próximos
três anos. A missão de Jung
será ampliar a independência financeira entre as mulheres. Hoje, há mais de 62
milhões de revendedores no
mundo, sendo 50 milhões
mulheres, segundo a Avon.
PELO MUNDO
Harold Sirkin, sócio sênior do The Boston Consulting Group em Chicago, desembarca nesta semana no
Brasil para lançar o livro
"Globalidade: A Nova Era da
Globalização" (Editora Nova Fronteira), em que fala
sobre uma nova era de competitividade que as empresas viverão.
NA PAUTA
O Icma (International Capital Market Association)
promove nesta semana, no
Hotel Unique, em São Paulo,
um fórum que vai reunir
consultores internacionais
que irão discutir o cenário
atual do mercado de capitais.
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