São Paulo, segunda-feira, 27 de outubro de 2008

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Setor de construção civil teve maior perda na Bovespa

De todos os setores da economia, o mais atingido na Bolsa brasileira pela crise financeira global foi o de construção civil. O valor de mercado das 30 companhias listadas na Bovespa caiu 72,3% neste ano até a última sexta-feira.
No início deste ano, as 30 empresas somadas valiam R$ 53,1 bilhões na Bovespa. Na sexta-feira passada, o valor dessas companhias encolheu para R$ 14,7 bilhões. Nada menos do que um volume de R$ 38,3 bilhões evaporou.
O segundo setor mais atingido foi o de papel e celulose, que teve uma queda de 67,7% no valor das companhias. Em terceiro, eletroeletrônicos (-61,8%). Todos os setores registraram quedas significativas.
As perdas foram expressivas. O valor total das empresas listadas na Bolsa caiu pela metade: de R$ 2 trilhões para R$ 1 trilhão. Só o setor de petróleo e gás perdeu R$ 231,9 bilhões, influenciado pela Petrobras. Os bancos encolheram R$ 223 bilhões, e o setor de mineração (leia-se Vale), R$ 160 bilhões. Foram esses os três segmentos com maior volume de perdas na Bolsa brasileira.
Todos esses números, que foram levantados pela Economática, indicam as razões para o governo se mostrar tão preocupado com o setor da construção civil. O pacote divulgado na semana passada autoriza a Caixa Econômica Federal a adquirir participações em empresas de construção que estejam em dificuldades.
Segundo Fernando Excel, presidente da Economática, essa queda no valor de mercado no setor de construção se deve, claro, à crise global, mas, não deixa de refletir também os exageros nos IPOs (sigla em inglês para oferta inicial de ações) das construtoras. Os investidores imaginaram que o crédito imobiliário no país, que gira em torno de 2% do PIB (Produto Interno Bruto), iria quintuplicar de tamanho de uma hora para outra.
"Foi uma alucinação o que aconteceu com a construção", afirma Excel.
Das 30 empresas na Bolsa, a que mais caiu foi a Inpar, com queda de 93,5% no seu valor de mercado. Em seguida, Abyara (-92,8%), Agra (-90,7%) e Tenda (-88,6%).
O governo tem duas preocupações básicas em relação ao setor de construção. A primeira é a de as empresas não terem recursos suficientes para concluírem os imóveis já comprados na planta. A outra diz respeito à manutenção do emprego no setor.
Há poucos dias, o governo anunciou que irá criar uma linha de capital de giro de R$ 4 bilhões para aliviar o setor. A dúvida é se esse dinheiro será suficiente.

TEMPO RUIM
Em meio à crise global, os parques temáticos devem ser mais uma vítima. Alain Baldacci, presidente do Wet'n Wild e diretor do Sindepat (Sindicato Nacional de Parques Temáticos e Atrações Turísticas), afirma que a crise está realmente instalada. "Temos a sensação de que seremos atingidos por ela." O orçamento de 2009 está sendo planejado, e, segundo Baldacci, os investimentos previstos já começaram a ser reconsiderados. "Estamos sentido que vai haver dificuldade de crédito quando nós precisarmos", afirma. Os investimentos, diz, ainda não foram eliminados, mas estão "em compasso de espera". Em São Paulo, segundo Baldacci, o momento é "estranho". Nos últimos finais de semana, o público esteve mais magro, mas ele diz que não sabe precisar se foi por causa da crise, ou das chuvas.

MAQUIAGEM
Andrea Jung, presidente da Avon, assume a presidência da Federação Mundial das Empresas de Vendas Diretas durante os próximos três anos. A missão de Jung será ampliar a independência financeira entre as mulheres. Hoje, há mais de 62 milhões de revendedores no mundo, sendo 50 milhões mulheres, segundo a Avon.

PELO MUNDO
Harold Sirkin, sócio sênior do The Boston Consulting Group em Chicago, desembarca nesta semana no Brasil para lançar o livro "Globalidade: A Nova Era da Globalização" (Editora Nova Fronteira), em que fala sobre uma nova era de competitividade que as empresas viverão.

NA PAUTA
O Icma (International Capital Market Association) promove nesta semana, no Hotel Unique, em São Paulo, um fórum que vai reunir consultores internacionais que irão discutir o cenário atual do mercado de capitais.


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