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COMÉRCIO
Diretor-geral da OMC e União Européia recebem com ceticismo proposta de zerar tarifas de importação de manufaturados
Plano de Bush não é prioridade, diz OMC
DA REDAÇÃO
Os EUA apresentaram ontem
seu projeto de eliminar, até 2015,
todas as tarifas de importação de
produtos manufaturados nas
transações entre os 144 membros
da OMC (Organização Mundial
do Comércio). A proposta, que
não fala nada a respeito de agrícolas e serviços, foi recebida com ceticismo pela própria OMC e pela
União Européia e deverá enfrentar acirrada resistência de países
em desenvolvimento.
Em uma entrevista à edição alemã do "Financial Times", o diretor-geral da OMC, Supachai Panitchpakdi, também se revelou
cético. "Não estou certo de que a
proposta será uma prioridade em
nossa agenda", afirmou.
"Parece uma proposta bastante
ambiciosa, dizer para todos os
membros da OMC: "Acabem com
todas suas tarifas sobre manufaturados'", disse Arancha González, porta-voz da Comissão Européia, a instância executiva da
União Européia. "Mas sabemos
que é uma meta bastante difícil de
ser atingida pelos países em desenvolvimento."
Pelo plano norte-americano, as
tarifas sobre produtos industrializados cairiam para não mais do
que 8% até 2010. Em uma segunda etapa, todas os impostos de
importação seriam zerados, até
2015, sem nenhuma restrição.
Fora alguns setores industriais
mais protegidos, como a siderurgia e a indústria têxtil, os EUA e os
15 países da UE já adotam baixas
tarifas -4% em média. Por isso,
para esses países seria mais fácil
atingir a meta proposta de George
W. Bush, presidente dos EUA.
Por outro lado, os países em desenvolvimento, menos competitivos, cobram tarifas bem mais elevadas. Assim, a eliminação das tarifas teria um impacto muito
maior para essas economias.
Além disso, países em que o
agronegócio tem um grande peso
na pauta de exportações não aceitam discutir uma nova rodada
global de redução de tarifas sobre
manufaturados sem que os países
ricos aceitem derrubar suas barreiras contra a importação de
produtos agrícolas. Essa á a posição do grupo de Cairns (em referência à cidade australiana de
mesmo nome), do qual fazem
parte, além da Austrália, o Brasil e
a Argentina, entre outros.
A proposta foi apresentada em
Washington pelo representante
comercial dos EUA, Robert Zoellick, e pelo secretário de Comércio, Donald Evans, e será discutida na "rodada de Doha" sobre tarifas, no âmbito da OMC. Segundo os EUA, o projeto acabaria
com tarifas que afetam US$ 670
bilhões em exportações do país.
Ainda que os EUA só tenham a
ganhar com o fim das taxas, alguns setores de grande influência
no Congresso, em especial o têxtil,
devem oferecer resistência e exigir compensações.
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