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ESPETÁCULO EM XEQUE
Avanço no 3º trimestre fica bem abaixo do esperado
PIB sobe 0,4% e compromete 2003
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
A economia brasileira apresentou desempenho bem abaixo do
esperado no terceiro trimestre
deste ano e corre o risco de não
crescer em 2003. O resultado positivo em relação ao trimestre anterior foi de apenas 0,4%. Na comparação com o mesmo trimestre
do ano passado, há queda de 1,5%
-a segunda consecutiva.
No acumulado do ano, a economia apresenta queda de 0,3% em
comparação ao mesmo período
de 2002 -no final do primeiro
semestre a economia tinha crescido 0,4%. Em 12 meses, a economia cresceu 0,7% -nos 12 meses
encerrados em junho, o crescimento era de 1,9%.
O Ipea (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada), órgão do
Ministério do Planejamento, esperava que o crescimento, na
comparação trimestre a trimestre,
fosse de 1,5% e que a queda na
comparação com o mesmo trimestre de 2002 fosse de apenas
0,8%. Havia no mercado previsões de crescimento até maior do
que 3% na comparação trimestral
(o ABN Asset previa 3,1%).
Com o resultado do período julho a setembro, cálculos feitos por
especialistas apontam que o PIB
(Produto Interno Bruto) terá de
crescer 2,7% neste trimestre em
relação ao último trimestre de
2002 para que o crescimento econômico deste ano atinja o 0,4%
previsto pelo Ministério da Fazenda.
Para que o crescimento alcance
o 0,8% estimado pelo Ministério
do Planejamento, será necessário
que o crescimento deste trimestre
alcance 3,9%, tarefa dificultada
pelo fato de a base de comparação
ser elevada (no último trimestre
de 2002 o PIB brasileiro cresceu os
mesmos 3,9%).
Para que o desempenho do primeiro ano de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
não seja negativo, é necessário
que o crescimento dos últimos
três meses do ano seja de 0,7%.
Frustração agrícola
A queda de 6,7% na produção
agropecuária no terceiro trimestre em relação ao segundo foi uma
das principais causas da frustração das previsões de crescimento
para o período.
Segundo o IBGE, a combinação
de fatores sazonais (típicos do período), como o final da colheita de
várias produtos e a quebra de safra do café, foram decisivos para o
mau desempenho agrícola. Com
crescimento de 5,1% em nove meses, ela continua sendo, pela ótica
da produção, o setor mais dinâmico da economia neste ano.
Uma hipótese para a frustração
das estimativas sobre o PIB é a de
que os modelos dos bancos e consultorias teriam sido alimentados
com números sobre a agropecuária baseados no crescimento que
ela vinha apresentando nos períodos anteriores.
O número surpreendentemente
baixo da agropecuária impediu
que o crescimento de 2,7% na
produção industrial, sempre em
relação ao trimestre anterior, desse um impulso maior ao crescimento econômico. O setor de serviços cresceu apenas 0,1% sobre o
período de abril a junho.
Pela ótica da demanda, outra
surpresa: os investimentos, que
vinham em queda livre, cresceram 2,8% sobre o segundo trimestre, mas as exportações, que
estão crescendo no ano, tiveram
crescimento de apenas 0,8% no
mesmo período.
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