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São Paulo, quinta-feira, 27 de novembro de 2003

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ESPETÁCULO EM XEQUE

Avanço no 3º trimestre fica bem abaixo do esperado

PIB sobe 0,4% e compromete 2003

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

A economia brasileira apresentou desempenho bem abaixo do esperado no terceiro trimestre deste ano e corre o risco de não crescer em 2003. O resultado positivo em relação ao trimestre anterior foi de apenas 0,4%. Na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, há queda de 1,5% -a segunda consecutiva.
No acumulado do ano, a economia apresenta queda de 0,3% em comparação ao mesmo período de 2002 -no final do primeiro semestre a economia tinha crescido 0,4%. Em 12 meses, a economia cresceu 0,7% -nos 12 meses encerrados em junho, o crescimento era de 1,9%.
O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão do Ministério do Planejamento, esperava que o crescimento, na comparação trimestre a trimestre, fosse de 1,5% e que a queda na comparação com o mesmo trimestre de 2002 fosse de apenas 0,8%. Havia no mercado previsões de crescimento até maior do que 3% na comparação trimestral (o ABN Asset previa 3,1%).
Com o resultado do período julho a setembro, cálculos feitos por especialistas apontam que o PIB (Produto Interno Bruto) terá de crescer 2,7% neste trimestre em relação ao último trimestre de 2002 para que o crescimento econômico deste ano atinja o 0,4% previsto pelo Ministério da Fazenda.
Para que o crescimento alcance o 0,8% estimado pelo Ministério do Planejamento, será necessário que o crescimento deste trimestre alcance 3,9%, tarefa dificultada pelo fato de a base de comparação ser elevada (no último trimestre de 2002 o PIB brasileiro cresceu os mesmos 3,9%).
Para que o desempenho do primeiro ano de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não seja negativo, é necessário que o crescimento dos últimos três meses do ano seja de 0,7%.

Frustração agrícola
A queda de 6,7% na produção agropecuária no terceiro trimestre em relação ao segundo foi uma das principais causas da frustração das previsões de crescimento para o período.
Segundo o IBGE, a combinação de fatores sazonais (típicos do período), como o final da colheita de várias produtos e a quebra de safra do café, foram decisivos para o mau desempenho agrícola. Com crescimento de 5,1% em nove meses, ela continua sendo, pela ótica da produção, o setor mais dinâmico da economia neste ano.
Uma hipótese para a frustração das estimativas sobre o PIB é a de que os modelos dos bancos e consultorias teriam sido alimentados com números sobre a agropecuária baseados no crescimento que ela vinha apresentando nos períodos anteriores.
O número surpreendentemente baixo da agropecuária impediu que o crescimento de 2,7% na produção industrial, sempre em relação ao trimestre anterior, desse um impulso maior ao crescimento econômico. O setor de serviços cresceu apenas 0,1% sobre o período de abril a junho.
Pela ótica da demanda, outra surpresa: os investimentos, que vinham em queda livre, cresceram 2,8% sobre o segundo trimestre, mas as exportações, que estão crescendo no ano, tiveram crescimento de apenas 0,8% no mesmo período.


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