DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do BNDES, Carlos Lessa, arrancou anteontem do ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) aval para capitalizar o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Foi no dia em que ambos selaram uma trégua, por determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Lessa conseguiu ainda uma sobrevida no cargo. Já Palocci obteve o final do tiroteio do BNDES contra ele. Palocci propôs o fim dos desentendimentos e acalmou Lessa com a promessa de capitalização do banco.
Lessa reivindica uma capitalização de R$ 15 bilhões. O número ainda não foi definido pelo governo, mas a Folha apurou que deverá ficar próximo a R$ 10 bilhões.
O martelo deverá ser batido hoje, na reunião do conselho de administração do BNDES, com a presença dos ministros Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) e Guido Mantega (Planejamento). O anúncio da capitalização deverá ser feito por Furlan.
Foi Lula quem pediu a Palocci, que passou todo o dia de anteontem no Palácio do Planalto, para procurar Lessa. O ministro da Casa Civil, José Dirceu, também pôs panos quentes nas divergências. Conversou com Palocci e Lessa.
Segundo a Folha apurou, a conversa entre Palocci e Lessa transcorreu em tom amistoso, mas abordou pontos sensíveis para ambos.
O ministro se queixou da entrevista do vice-presidente do BNDES, Darc Costa, dada à Folha no último domingo, na qual chamou a Secretaria do Tesouro Nacional de "Secretaria da Tesoura". Palocci também reclamou de não ter sido avisado da operação do BNDES para comprar ações da Companhia Vale do Rio Doce.
Já Lessa rebateu, dizendo que a Fazenda "planta" na imprensa (passa informações falsas) contra ele e o BNDES. Segundo o presidente do BNDES, Palocci e sua equipe na Fazenda, aliada a Furlan, tentam derrubá-lo.
Lessa continua na lista dos que podem sair na reforma ministerial, pois o próprio Lula tem insatisfações com seu estilo e desempenho. No entanto, ele tem padrinhos que Lula leva muito em conta: os economistas Celso Furtado e Maria da Conceição Tavares.
Sua gestão também é criticada por Palocci e Furlan. Para os dois, Lessa não é um bom executivo e tem idéias atrasadas para gerir o BNDES. Já há articulações no PMDB e no PT para tentar emplacar o sucesso de Lessa.
(KENNEDY ALENCAR)


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