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INVESTIMENTO
Furlan diz que recursos vão aparecer "no devido momento'; projeto deve ficar pronto em março
Governo lança diretrizes da política industrial
ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, anunciou ontem as diretrizes da política industrial do seu governo sem
apresentar um dado fundamental
para a implementação dos objetivos: o volume de dinheiro disponível para o projeto. "Os recursos,
no devido momento, vão aparecer", afirmou.
Furlan adiantou, no entanto,
que o total de recursos que a Receita deixa de arrecadar devido
aos incentivos fiscais para incentivar o setor produtivo, inicialmente, não aumentará .
"Em princípio, vamos trabalhar
com a melhor utilização dos recursos já existentes", disse o ministro, durante o anúncio do documento "Diretrizes de Política
Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior".
Os detalhes concretos dos estímulos aos setores serão divulgados até o dia 31 de março de 2004,
prazo que Furlan estipulou para a
conclusão dos estudos de quatro
grupos de trabalho (de medicamentos, de softwares, de semicondutores e de bens de capital)
que foram criados.
A data significa mais um atraso
no cronograma original, que previa que esses trabalhos deveriam
estar prontos, no máximo, até o
último dia deste ano. O texto divulgado apenas sintetiza uma série de idéias que já haviam sido
expostas pelo governo.
Segundo Furlan, a principal novidade das diretrizes divulgadas
ontem é o fato de vários órgãos do
governo assinarem o documento.
"Pela primeira vez, um governo
anuncia as diretrizes de uma política industrial que foram tratadas
no âmbito de vários órgãos do governo", disse ele.
Uma das reclamações durante o
governo de Fernando Henrique
Cardoso (1994-2002) era exatamente a falta de consenso sobre a
implementação de políticas de incentivo à produção. Muitas das
idéias defendidas ontem já faziam
parte da agenda do Desenvolvimento na era FHC. Os projetos,
no entanto, eram barrados no Ministério da Fazenda.
Desta vez, segundo o documento, existe um consenso no governo sobre o papel central do Estado. "A aprendizagem, a capacitação e a inovação tecnológica, exatamente por envolverem uma
cooperação de longa duração entre firmas e instituições, tendem a
ocorrer mais fluentemente se sustentadas por políticas industriais
promovidas pelo setor público",
diz o documento.
O principal mecanismo da política de Lula será um sistema de incentivos e metas. "É um pressuposto da Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior
que as empresas beneficiadas forneçam contrapartidas."
As metas serão monitoradas pelo governo para garantir seu cumprimento e evitar que os subsídios
"sejam entendidos como uma benesse", segundo o documento.
Há cinco razões gerais para a
concessão de benefícios: inovação
tecnológica, inserção externa,
modernização industrial, aumento da capacidade e escala produtiva e opções estratégicas. Os setores eleitos como estratégicos são
os de medicamentos, de softwares, de máquinas e equipamentos
e de semicondutores. Nos quatro
setores, os resultados na balança
comercial são deficitários.
Do lado da escala produtiva, um
dos objetivos é aumentar a produção de insumos para a indústria. Setores cuja capacidade instalada estão próximas do limite
são, por exemplo, celulose, siderurgia e petroquímica.
A estratégia do governo também prevê incentivo a fusões para
criar empresas mais fortes e com
mais capacidade de concorrer
com os conglomerados industriais dos países ricos. No segmento de modernização existe
uma preocupação específica com
as pequenas e médias empresas.
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