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IMPOSTOS
Se não houver consenso entre os deputados, Planalto estuda a edição de medida provisória
Base do governo não chega a acordo sobre IR
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A base do governo no Congresso Nacional quer manter a alíquota de 27,5% do Imposto de Renda
para os próximos anos, aplicada
aos ganhos acima de R$ 2.115, e,
ao mesmo tempo, beneficiar os
contribuintes que ganham menos
com outras medidas.
Ontem, o governo conseguiu
aprovar regime de urgência para
votar diretamente no plenário da
Câmara dos Deputados o projeto
de lei que enviou propondo a
prorrogação os 27,5%. O presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), quer votá-lo na próxima terça-feira.
Ao conseguir o regime de urgência, o governo tenta evitar que
esse projeto seja votado em comissão com as alterações propostas pelo deputado Antonio Cambraia (PSDB-CE), relator do assunto, que inclui a correção de
22,87% na tabela do IR -mudança criticada pelo governo por gerar perda de receita para o fisco,
mas que aliviaria a tributação das
pessoas físicas.
Com a mudança, João Paulo
pretende indicar um novo relator
para apresentar um parecer diretamente no plenário, mas numa
versão mais próxima do que deseja o governo.
Embora a área econômica não
queira perder receita, o governo já
analisa a possibilidade de editar
uma medida provisória garantindo a alíquota de 27,5%, que, sem a
mudança, seria reduzida para
25% em 2004, mas trazendo algum benefício para uma parcela
dos contribuintes.
Como qualquer perda de receita
no IR atinge os Estados, as mudanças já estão sendo discutidas
com os governadores.
Sem consenso
Ainda não existe, porém, um
acordo sobre as medidas dentro
da própria base aliada. João Paulo
disse que existe a idéia de aumentar os valores da dedução com
educação (R$ 1.998 por ano) e
corrigir o limite de isenção em
torno de 10%. O limite passaria de
R$ 1.058 para R$ 1.164.
Já o vice-líder do governo, deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), disse que o governo deve minimizar as perdas de receita. Portanto o aumento das deduções
poderá beneficiar a faixa de 15%,
onerando mais os que pagam pela
alíquota de 27,5%. Ou seja, o valor
das deduções não mudaria, mas
sim a maneira de calculá-las.
Além disso, seria criado um limite de dedução com despesas de
saúde para as faixas de renda mais
altas. Esse limite vai aumentar a
tributação sobre a classe média.
João Paulo defendeu a revisão
do valor das deduções para beneficiar a classe média. "O Brasil
precisa de uma mudança no IR.
Ninguém pode dizer que a classe
média está bem. O aumento da
dedução pode ser um alívio para
quem tem de bancar escola porque a escola pública não tem correspondido", afirmou.
O governo discorda das mudanças sugeridas por Cambraia porque, com a correção da tabela em
22,87%, haveria perda de R$ 3,7
bilhões na arrecadação anual do
Imposto de Renda -47% desse
total vai para os Estados devido à
divisão do imposto.
Toda vez que se aproxima o período de redução da alíquota de
27,5% do Imposto de Renda o governo usa o argumento de que vai
haver "perda de receita". Ocorre
que, nesses casos, o que está havendo é um novo avanço sobre o
bolso dos contribuintes.
Colaborou Ranier Bragon,
da Sucursal de Brasília
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