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FREADA
Queda do dólar dá prejuízo à montadora, que cortará vendas externas em até 30%; crise dos EUA não chega ao país, diz executivo
Câmbio derruba exportação da GM em 2006
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
A General Motors do Brasil vai
reduzir entre 20% e 30% o valor
das exportações em 2006 para minimizar o efeito negativo do real
valorizado no seu balanço financeiro. Há cinco anos, a montadora, que faturou R$ 15 bilhões em
2004, opera com prejuízo no país.
A programação da GM era exportar 80 mil veículos prontos para o México, além de carros desmontados para cerca de 40 países.
Decidiu agora enviar do Brasil para o mercado mexicano 69 mil
unidades no ano que vem.
"Não dá para exportar com prejuízo. Por isso, optamos pela redução das exportações em dólares. Quando o dólar ficou abaixo
de R$ 2,70, as vendas no mercado
externo começaram a ficar difíceis", diz José Carlos Pinheiro Neto, vice-presidente da montadora.
No ano passado, a GM exportou
US$ 1,2 bilhão em carros prontos
e desmontados. Esse valor ainda
deve se repetir neste ano, pois os
contratos já tinham sido fechados, segundo informa Pinheiro
Neto. "Não quero criticar a política do governo, que optou por
uma taxa de câmbio livre. O fato é
que temos de conviver com isso
na alegria e na tristeza", diz.
O prejuízo com as exportações
começou neste ano. Ainda de
acordo com Pinheiro Neto, nos
últimos anos, o mau resultado financeiro da montadora decorreu
da elevação de custos, principalmente do aço, e da impossibilidade de repassar esses reajustes para
os preços dos veículos.
"A alta do preço do aço nos últimos três anos é algo fora de qualquer proporção em relação aos
índices de inflação. Os reajustes
extrapolaram, como dizem os fornecedores, porque o aço é uma
commodity internacional. Sem
contar que a China entrou como
grande consumidora do produto,
estimulando a alta de preços. E
nós, por causa da concorrência e
da queda de renda do consumidor, não pudemos subir preços na
proporção necessária", diz.
No início deste mês, a GM aumentou em 1%, em média, os preços de alguns de seus carros. Pinheiro Neto informa que novos
reajustes virão. "Mas a competição é o limite desses aumentos."
O plano de reestruturação da
GM nos Estados Unidos, que
anunciou, na última segunda-feira, plano para cortar 30 mil empregos e fechar 12 fábricas na
América do Norte até 2008, não
terá reflexo no país, segundo informa o vice-presidente da GM.
"Nós vamos continuar investindo no país. Em Gravataí (RS), vamos admitir mais 1.500 funcionários até o final do ano que vem para produzir 230 mil veículos por
ano nessa unidade, que vai empregar 5.000 pessoas", afirma. A
GM emprega 22 mil pessoas no
país em todas as suas unidades.
Pinheiro Neto informa que a
GM investiu US$ 240 milhões na
fábrica de Gravataí para aumentar a capacidade de produção dessa unidade de 120 mil para 230 mil
unidades anuais a partir de 2007.
Outros R$ 500 milhões foram investidos para o lançamento do
Vectra e mais US$ 300 milhões no
lançamento de carros bicombustíveis, que podem ser abastecidos
com álcool ou com gasolina.
Para o ano que vem, segundo
informa o vice-presidente da GM,
os investimentos serão "parecidos" com os deste ano. No primeiro semestre de 2006, a GM
pretende lançar um novo carro.
"Para investir, utilizamos recursos próprios, da matriz, de outras
fontes e aumentamos o capital.
Depende muito do projeto."
A GM está no Brasil há 80 anos.
"Estamos operando há cinco anos
com prejuízo, o que é indesejável,
mas já ganhamos muito dinheiro
aqui nos outros 75 anos. Não operamos ao sabor de situações circunstanciais. Nosso negócio tem
perspectiva para o longo prazo."
Pinheiro Neto não quer cogitar
a possibilidade de a situação financeira da GM piorar nos EUA,
com reflexos em suas subsidiárias
no mundo. "A GM é a maior empresa do mundo, emprega cerca
de 400 mil pessoas no mundo."
Mercado interno
As vendas da GM no mercado
interno acompanham as do setor,
segundo Pinheiro Neto. Em 2004,
o país consumiu 1,58 milhão de
veículos. Neste ano, a expectativa
é que esse número suba para 1,65
milhão. A expectativa da GM é
que esse número suba para 1,75
milhão de unidades em 2006. "O
mercado interno vai indo bem. Se
não fosse a perda com exportações, a montadora teria lucro."
A companhia também vai bem,
segundo informa, nos serviços de
engenharia. Neste ano, a GM nos
Estados Unidos pagou para a GM
no Brasil US$ 200 milhões por
serviços de engenharia. No ano
que vem, esse valor dobra para
US$ 400 milhões. "É tudo o que
pode acontecer de bom para uma
empresa no Brasil: exportar
know-how, o que estamos fazendo. E vender, claro."
Para incentivar as vendas neste
final de ano, a GM fez uma parceria com a Casas Bahia e montou
um feirão no Parque Anhembi,
em São Paulo. Em 40 dias, a montadora espera vender 6.000 veículos. Ao adquirir um carro GM, o
consumidor ganha bônus de até
R$ 1.000 para gastar na loja.
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