São Paulo, domingo, 27 de novembro de 2005

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RETRATO DO BRASIL

Número de domicílios sem renda recuou e massa salarial registrou elevação, com crescimento de 3,3% no emprego

Pobreza teve queda em 2004, revela IBGE

PEDRO SOARES
ANTONIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

Dois dados relevados pela Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) indicam que a pobreza no país teve queda em 2004. Um deles é a redução de 22,4% no número de domicílios que não tinham renda de 2003 para 2004. O outro é a expansão de 3,3% na massa salarial dos trabalhadores.
Em 2003, o Brasil tinha 716 mil famílias que não dispunham de nenhuma fonte de renda. O número caiu para 585 mil.
Embora a renda média do trabalhador tenha ficado estável em R$ 733 em 2004, o emprego cresceu 3,3%, o que fez subir o bolo dos salários pagos.
Em 2004, a remuneração vinda do trabalho injetava mensalmente na economia cerca de R$ 58,8 bilhões. Esse valor subiu para R$ 60,8 bilhões, segundo dados extraídos da Pnad.
Para Marcelo Neri, chefe do Centro de Políticas Sociais da FGV (Fundação Getulio Vargas), houve uma queda significativa na pobreza. "A Pnad trouxe notícias muito boas. O aumento do emprego, da massa salarial e a inclusão de domicílios com rendimento vão revelar que a miséria do país teve uma queda que não foi pequena em 2004", afirmou.
Para Neri, o enfoque dado de que o rendimento ficou estagnado é equivocado. O mais importante, diz ele, é o aumento da massa de salários.
A massa salarial é calculada a partir do número total de empregados multiplicado pelo rendimento médio. Em 2003, havia 80,163 milhões de trabalhadores no país. O número chegou a 82,816 milhões em 2004, com um crescimento de 3,3% de um ano para o outro.
Neri afirmou que a distância entre ricos e pobres caiu e que a miséria retrocedeu de 2003 para 2004. Amanhã, a FGV lançará a pesquisa "Miséria em Queda", que apontará a redução da pobreza. Um dos indicadores a serem divulgados é justamente o recuo do número de domicílios sem rendimento.
Dos 49,712 milhões de domicílios em 2003, 1,5% não tinha nenhuma fonte de rendimento, seja do trabalho, de pensões ou aposentadorias, de investimentos financeiros, aluguéis ou de programas sociais do governo. Já em 2004, 1,1% dos 50,956 milhões de lares estava nessa situação.
A evolução parece pequena à primeira vista, mas Neri afirma que isso, em apenas um ano, é uma crescimento significativo. Segundo o economista, um dos motivos para a queda dos lares sem renda é o aumento da cobertura do programa Bolsa-Família, que transfere renda para 8 milhões de famílias.
Talvez mais importante, porém, foi a própria expansão do emprego. "O ano de 2004 foi espetacular para o mercado de trabalho. A geração de 2,7 milhões de empregos é um dado impressionante."
Desde a década de 90, a média anual de abertura de postos de trabalho tem oscilado na casa de 1,5 milhão.
Para Neri, a evolução favorável do emprego, a expansão da massa de salários, a diminuição de famílias desprovidas de renda e o aumento do real do salário mínimo fizeram cair o índice de Gini, medida de desigualdade.
O índice que mede a distribuição do rendimento dos domicílios brasileiros recuou de 0,545 em 2003 para 0,535 em 2004. Apesar disso, o Brasil continua tendo uma das piores distribuições de renda do mundo.


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