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TRIBUTAÇÃO
Medidas adotadas até agora devem diminuir peso dos tributos de 37,5% do PIB neste ano para 36,5% no próximo
Carga fiscal cairá em 2006, prevê instituto
MARCOS CÉZARI
DA REPORTAGEM LOCAL
A carga tributária suportada pelos contribuintes brasileiros, em
porcentagem do PIB (Produto Interno Bruto), será menor em 2006
do que neste ano.
A previsão é do advogado Gilberto Luiz do Amaral, presidente
do IBPT (Instituto Brasileiro de
Planejamento Tributário), com
base nas medidas adotadas pelo
governo, inclusive a lei nš 11.196
-a chamada "MP do Bem".
Com base nas arrecadações de
janeiro a outubro, Amaral mantém a previsão de carga tributária
de 37,5% do PIB para este ano
(36,8% no ano passado).
Ele diz que poderá haver uma
pequena modificação na previsão, devido à desaceleração econômica no terceiro trimestre deste ano, com a conseqüente revisão
da expansão do PIB de 2005. Os
números do terceiro trimestre serão divulgados pelo IBGE na
quarta-feira. Se houver pequena
queda nas arrecadações deste mês
e de dezembro, a carga poderá ficar em cerca de 37,3% do PIB.
Tomando por base a legislação
editada até este mês, Amaral estima uma carga tributária de 36,5%
do PIB em 2006, patamar próximo aos 36,8% registrados no ano
passado (ver quadro acima).
A aprovação da "MP do Bem"
não altera as previsões da carga
tributária para este ano. "A desoneração fiscal trazida pela nova lei
só produzirá resultados de redução de 2006 em diante."
A queda da carga tributária em
relação ao PIB não quer dizer, entretanto, que os brasileiros pagarão menos tributos em 2006 do
que neste ano. Em termos nominais, o valor será maior. Mas, em
termos reais, a arrecadação subirá
menos que o PIB. Assim, a relação
carga/PIB acabará sendo menor.
Não se sustenta
Não é apenas a lei que terá reflexos sobre a carga tributária em
2006. Segundo Amaral, o PIS e a
Cofins não têm mais como sustentar o aumento de arrecadação
verificado no ano passado e neste.
Uma das razões para isso foi a
decisão do Supremo Tribunal Federal, de 9 deste mês, que considerou inconstitucional a cobrança do PIS/Cofins sobre a receita
bruta das empresas. A decisão dará às empresas o direito de pedir à
Justiça a compensação da Cofins
paga a mais de dezembro de 2000
a janeiro de 2004.
No caso do PIS, as empresas poderão pleitear a compensação do
que pagaram a mais de dezembro
de 2000 a novembro de 2002.
Outra razão para a queda será
uma receita menor com o IR e a
CSLL. É que, neste ano, esses tributos renderam mais ao governo
devido aos bons resultados das
empresas em 2004 e no primeiro
semestre. Como a atividade econômica tende a uma desaceleração no terceiro e no quarto trimestres deste ano, a receita desses
tributos deverá ser menor em
2006 (o reflexo ocorre no balanço
divulgado no ano seguinte).
Amaral espera que a carga fiscal
também caia por conta da correção da tabela do IR das pessoas físicas. "Há espaço para isso. Além
do que, a correção tiraria um pouco do governo Lula a pecha de ter
aumentado demais a carga fiscal."
E para 2007? Diante da pergunta, Amaral diz que a carga cairá
um pouco mais. "Chega um momento em que não é possível criar
mais tributos. A criatividade do
governo para isso está esgotada.
Só se ele começar a elevar as alíquotas dos tributos já existentes."
Espera-se que o governo não venha a utilizar essa tática.
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