São Paulo, quinta-feira, 27 de novembro de 2008

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Construtoras já atrasam pagamentos

Falta de remuneração por serviços prestados provoca atraso no salário de trabalhadores da construção civil

PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

As subempreiteiras que prestam serviços às construtoras relatam demora no recebimento pelas obras e atrasam os salários dos funcionários, em mais um efeito da crise financeira internacional.
Ontem, uma manifestação de trabalhadores do setor de construção civil ocupou uma pista da marginal Pinheiros, em São Paulo, contra a Matec Engenharia e mais 20 empreiteiras responsáveis por obras no complexo Cidade Jardim.
Antes, na madrugada, os trabalhadores paralisaram as obras no local. Os sindicalistas queixam-se da falta de pagamento e da omissão no fornecimento de vale transporte e cesta básica.
A DM3, que trata de instalações elétricas e hidráulicas, relata demora no recebimento por serviços no complexo Cidade Jardim e em dois outros empreendimentos em São Paulo.
"Estamos há 56 dias sem receber por um trabalho que realizamos em Santos. Por enquanto, temos caixa para garantir os salários, mas, se passar de dois meses, as coisas ficam mais difíceis", diz o sócio da DM3 Maurício La Motta. "É um problema que está mais nítido agora. Estamos todos sujeitos a esse tipo de atrasos."
A Riplan, que trabalha na parte de alvenaria do complexo, admite que teve de atrasar o salário dos funcionários em quase uma semana em outubro, porque não recebeu o pagamento pelos serviços. Segundo a empresa, os adiantamentos dos funcionários agora já estão sendo pagos.
Por meio de comunicado, a Matec afirma estar "em dia perante suas obrigações com empreiteiros" e que irá "intensificar a fiscalização com seus parceiros para se certificar de que as obrigações com funcionários sejam cumpridas".
Com isso, o Sintracon-SP (sindicato dos trabalhadores da construção civil) afirma que pode haver acordo. Uma assembléia dos trabalhadores para decidir sobre o fim das paralisações está marcada para hoje pela manhã.
De acordo com o presidente do Sintracon-SP, Antonio de Sousa Ramalho, em meio à crise, aumentam os "abusos" contra os trabalhadores.
"Sem dúvida, a crise não é uma "marolinha", mas muitas empresas aproveitam para abusar." Segundo ele, há cerca de 150 desligamentos de trabalhadores por dia. "Aí, recontratam por um salário mais baixo."


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