São Paulo, quarta-feira, 27 de dezembro de 2000

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FINANÇAS

FIFs DI e Renda Fixa acumulam saques de mais de R$ 2 bilhões, mas rendimento ainda é maior que o da poupança

Fundos perdem recursos em dezembro

DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto os poupadores voltam para a caderneta, os administradores dos FIF DIs (fundos corrigidos a juros de mercado) viram seus clientes sacar recursos neste mês. Segundo a Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento), já saíram desses fundos R$ 459 milhões até o dia 19.
Os FIFs Renda Fixa (outra categoria de fundos considerada de maior segurança) tiveram resgates de R$ 1,707 bilhão no mesmo período.
Não dá para afirmar com absoluta certeza, mas é bem provável que boa parte do dinheiro que saiu desses desses dois grupos de fundos foi para a poupança.
Os meses de novembro e de dezembro costumam ser favoráveis para a caderneta, pois muitos trabalhadores aplicam seu 13º salário na poupança, o que ajuda a entender o aumento da captação nesses últimos dois meses.
Mas isso não explica tudo. Por essa lógica, os FIFs DI e Renda Fixa também deveriam receber mais investimentos.
Quando os juros de mercado eram muito altos, o rendimento dos FIF DI superava com larga vantagem a rentabilidade da poupança, o que atraiu bastante dinheiro anteriormente aplicado na caderneta.
Até novembro, esses fundos receberam R$ 3,9 bilhões de novos investimentos no ano. Para os FIFs Renda Fixa foram R$ 11,757 bilhões. Mas, com a queda da Selic, a margem a favor dos fundos encurtou.
O saldo da poupança no ano chegou a ficar no vermelho em R$ 2,398 bilhões em outubro. Pela posição do dia 18 deste mês, o resultado estava negativo em apenas R$ 189 milhões. Pelo ritmo das aplicações, a poupança deve encerrar 2000 no azul.
Para o diretor comercial da LAM (administradora de recursos do banco Lloyds), Gilberto Poso, não haverá migração de investidores dos fundos para a poupança, mas sim um equilíbrio no volume das aplicações entre as modalidades conservadoras de investimento. Ele acredita que os FIFs DI continuarão a pagar mais do que a poupança.
Poso critica a comparação de rentabilidade entre a caderneta e os fundos pelo prazo de um mês. Ele diz que o período para confrontar os rendimentos tem de ser de pelo menos seis meses. Pelos juros no mercado hoje, os FIFs DI renderiam ao investidor 4,95% líquido (já descontados IR, taxa de administração e CPMF) ao final de seis meses, o que daria taxa de 0,81% mensal. O rendimento da poupança está em torno de 0,6% ao mês.
Além dos tributos que não incidem sobre a caderneta, Reinaldo Lacerda, do BankBoston, destaca outra vantagem da poupança.
Por lei, as aplicações na poupança até R$ 20 mil estão protegidas pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito). Ou seja, se o banco quebrar, o poupador que tiver até esse valor não perderá dinheiro. Isso vale também para os Certificados de Depósitos Bancários, mas não para os fundos de investimento. Se o administrador do fundo falir, o investidor perderá dinheiro.
(LEONARDO SOUZA)


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