São Paulo, quarta-feira, 27 de dezembro de 2000

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Cálculo da TR influenciou aplicações

DA REPORTAGEM LOCAL

O governo modificou neste mês a fórmula de cálculo da TR (Taxa Referencial), que é um dos componentes dos rendimentos da poupança. A alteração pode favorecer a caderneta em detrimento de outras modalidades de investimento, principalmente dos fundos corrigidos a juros de mercado (FIFs DI), os maiores "rivais" da poupança nos últimos anos.
A remuneração da caderneta é dada por uma taxa fixa ao mês de 0,5% mais a TR, que vale 0,0873% até 21 de janeiro de 2001.
A TR é calculada a partir da TBF, que é uma taxa que apura a média dos juros pagos pelos CDB (Certificados de Depósitos Bancários). No entanto, para chegar ao valor da TR é aplicado um redutor sobre a TBF.
O governo instituiu uma tabela pela qual o redutor cairá conforme a queda da taxa de juros básica da economia (Selic), que serve de parâmetro para a definição dos juros pagos pelos CDBs e, consequentemente, para a TBF.
Como os FIFs DI seguem os juros da economia, a queda da Selic tem maior impacto sobre eles do que sobre a caderneta.
De acordo com Reinaldo Lacerda, do BankBoston, quando a Selic chegar a 10% ao ano, a poupança renderá mais que a média dos FIFs DI. Isso se mantidas as atuais condições tanto para a poupança quanto para os fundos -no caso da caderneta, se a taxa fixa permanecesse em 0,5% ao mês. Para os FIFs DI, caso a taxa de administração não venha a cair -atualmente está, na média, em 1,5% ao ano.
A TBF é uma medida próxima do rendimento dos FIFs DI. Segundo Lacerda, com a Selic a 10% ao ano, a TBF ficaria em torno de 0,75% ao mês. Ele chegou a esse percentual com base na proporção histórica entre a Selic e a TBF.
A taxa de administração de 1,5% ao ano equivale a 0,125% ao mês. Portanto, descontada a taxa de administração, a rentabilidade dos FIF (a TBF) cairia a 0,625%. Menos a alíquota de 20% do Imposto de Renda, o ganho dos fundos desceria a 0,50%. Com a Selic a 10%, a TR seria de 0,10%. Isso significaria rendimento de 0,6005% da poupança ao mês.
Kazuhiro Miyamoto, da AGF, não acredita que a poupança irá um dia superar a rentabilidade dos fundos de investimento. Para ele, o governo reduziria os juros fixos da poupança se a Selic chegasse a 10%. Ele acredita também que, para manter a competitividade, os administradores cobrariam menor taxa de administração sobre os fundos.
(LS)


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