São Paulo, sábado, 27 de dezembro de 2008

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Vendas crescem em ritmo menor no Natal

Consumo teve alta de 2,8% entre os dias 18 e 24 no país em relação ao mesmo período do ano passado, segundo a Serasa

Taxa de crescimento foi quase a metade da apurada em 2007 em relação a 2006; várias cidades rebaixaram previsão de desempenho

Eduardo Knapp/Folha Imagem
Movimento de consumidores ontem no shopping Bourbon, em São Paulo; para ACSP, liquidações devem ser maiores que em 2007

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
DA AGÊNCIA FOLHA
DO "AGORA"

Com o aperto no crédito e a perda de confiança na economia decorrentes da crise internacional, as vendas de Natal aumentaram neste ano, mas a uma taxa mais modesta.
De acordo com dados da Serasa, o consumo entre os dias 18 e 24 de dezembro cresceu 2,8% em relação ao mesmo período de 2007, em nível nacional. O ritmo caiu quase pela metade, já que, no ano passado, a entidade apurou crescimento de 5,3% na mesma comparação com o ano anterior.
"Foi um crescimento pequeno, mas sobre uma base forte. Podemos dizer que tivemos um desempenho razoável diante das turbulências que estamos sentindo", afirma o assessor econômico da Serasa, Carlos Henrique de Almeida.
Neste ano, os produtos mais baratos dominaram as vendas. Os eletroeletrônicos, por exemplo, que em 2007 ocupavam o terceiro lugar entre os mais vendidos, ficaram agora na 12º posição de uma lista de 13 itens, disse Almeida. Os celulares continuam no topo das vendas, seguidos pelo grupo que inclui roupas, sapatos e acessórios e pelo conjunto de eletrodomésticos. "Houve uma prevalência de presentes de menor valor", diz Almeida.
Em São Paulo, as vendas cresceram 1,65% entre o dia 1º e 25 de dezembro, segundo a ACSP (Associação Comercial de São Paulo), também em relação a igual período de 2007 -quando houve alta de 7,9% sobre 2006. "Éramos felizes e não sabíamos", diz o economista da ACSP Emilio Alfieri.
A desaceleração nas vendas, prevê Alfieri, deverá levar a um período de liquidações maior e mais intenso. Enquanto no ano passado, a desova do pós-Natal concentrava-se especialmente em itens de mostruário, agora "deve haver maior queima de estoque", segundo ele.
Quanto ao faturamento gerado pelas vendas, o comércio do Estado de São Paulo teve alta de 5% em relação a 2007, conforme sondagem da Fecomercio SP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo).
Nos shoppings, o mês de dezembro deve terminar com crescimento de 3,5% nas vendas, conforme a Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de Shopping). Houve uma diminuição do ritmo. Em dezembro de 2007, o setor havia apurado expansão de 10% a 12% na comparação com igual período do ano anterior.
"Tivemos sobrecarga de informação sobre a crise. Só se falou nisso. É claro que as pessoas perdem confiança, compram menos", afirma Nabil Sahyoun, presidente da Alshop.

Pelo Brasil
Para a vice-presidente da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) de Porto Alegre (RS), Carmen Flores, o crescimento das vendas no mês de dezembro deve ser de até 6%, abaixo dos 8% previstos inicialmente.
Flores aponta que o resultado se deve a uma "mudança de comportamento" dos consumidores, que preferiram comprar presentes mais baratos.
Em Recife, o presidente da CDL, Silvio Vasconcelos, reviu ontem a previsão de crescimento das vendas de dezembro de 8% para 3%. Mesmo assim, disse que o novo índice só será alcançado se o comércio tiver um bom desempenho neste últimos dias de 2008.
Segundo ele, muitos lojistas de Recife já começaram as promoções para atingir suas metas de venda. Para o presidente da CDL, o resultado abaixo do esperado em dezembro é reflexo da apreensão dos consumidores, que estão inseguros em relação ao futuro da economia e preferiram não se endividar.
O presidente da CDL de Goiânia, Melchior Luiz Duarte de Abreu Filho, avalia que o comércio local deve registrar retração de 12% em relação ao ano passado, quando faturou cerca de R$ 60 milhões no mês. Ele também disse que o resultado negativo está ligado à preferência dos consumidores por presentes de menor valor.
"Nós estamos vivendo um cenário totalmente inverso ao do Natal passado, à espera de um primeiro trimestre de 2009 complicado, inclusive com desemprego. Então, não havia como achar que teríamos o mesmo desempenho de 2007."


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