São Paulo, domingo, 27 de dezembro de 2009

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Mercado Aberto

MARIA CRISTINA FRIAS - cristina.frias@uol.com.br

Fabricação de trens gera demanda em vários segmentos

O setor ferroviário deve puxar crescimento em vários outros segmentos em 2010. Fabricantes de trens já se mobilizam e demais elos da cadeia terão de se preparar com investimentos para atender à demanda.
A encomenda de 57 trens, tanto para Metrô quanto para CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), impulsionará a produção dos mais diversos produtos, de trilhos a ar-condicionado e estofamentos.
"Vão ter que se preparar para produzir, caso contrário, os trens terão de vir de fora mesmo", diz uma fonte do setor.
Já vieram da Espanha dois trens para o Metrô e dois para a CPTM. São protótipos. Os outros trens serão feitos no Brasil, com custo menor.
No Metrô, serão 17 novos trens ao todo, 15 deles, produzidos no país. Na CPTM, o total chega a 40, sendo que 38 serão feitos no Brasil.
A espanhola CAF acaba de inaugurar uma fábrica em Hortolândia (SP), com cerca de 900 funcionários, para atender a encomenda do governo. Outras empresas já mostraram interesse em produzir no país também. No exterior, a demanda está igualmente aquecida.
"Pensamos que teríamos facilidade na negociação para a compra de trens, mas nosso poder de fogo era muito baixo, se comparado ao de outras companhias", conta Renato Alves Vale, presidente da CCR.
A empresa comprou 96 vagões da Rotem, da Coreia do Sul, e da alemã Siemens.
"Nossa encomenda era um cisco. A fábrica coreana é enorme", diz Vale.
Nem só novos trens agitarão o mercado. A reforma de toda a frota do Metrô, que contabiliza 98 trens, também causará impactos na cadeia de fornecedores do setor.

SEM ESTÍMULO PARA DOAR
"Não há estímulo para as pessoas jurídicas lucrativas fazerem doações às instituições sem fins lucrativos privadas", diz Liana Moraes, diretora-executiva da Fundação Antônio Prudente, mantenedora do Hospital do Câncer A. C. Camargo. Para ser dedutível do imposto, a doação é limitada a até 2% do lucro operacional da empresa.
Pessoas jurídicas podem também abater doações para instituições científicas e tecnológicas públicas. As instituições filantrópicas privadas, porém, não se beneficiam dessa regra, apesar de muitas delas serem braços essenciais do Estado, lembra Liana. Há um projeto de lei (3558/ 2008) em tramitação, da deputada Maria do Rosário (PT-RS), para que se possa doar também para projetos de pesquisa científica de filantrópicas particulares.
No caso de pessoas físicas, só podem ser abatidos até 6% do IR apurado na declaração, antes da compensação de valores recolhidos na fonte. É um percentual pequeno e limitado a instituições que cuidam de crianças.

ALAVANCA PARA O AGRONEGÓCIO
"O governo federal poderia trabalhar de forma mais ativa para alavancar o agronegócio." A opinião é de Carlo Lovatelli, presidente da Abag (Associação Brasileira de Agribusiness) e vice-presidente da Bunge.
"Sentimos na pele as barreiras não tarifárias. O Brasil está incomodando. E é preciso que o governo atue nessa área."
O país deveria aproveitar a visibilidade que teve na COP-15, diz Lovatelli.
"Somos o país com mais condições de fornecer alimentos para o mundo. O governo precisa investir na imagem do Brasil."
O executivo lembra que a redução do desmatamento tem um custo. O Brasil deve ser remunerado "por serviços prestados. "Se o mundo quer que preservemos nossas florestas, deve agir nesse sentido", afirma Lovatelli.
Para o executivo, a COP-15, independentemente de seus resultados, vai dar ao país uma agenda de trabalho. Lovatelli afirma estar otimista com relação ao uso de créditos de carbono.
"Fazendo pequenos ajustes, vamos ter o mercado de carbono em nossas mãos; todos vão pagar por nossos créditos", diz.
Se ainda é muito irrisório? "Era zero. Já está melhorando e será um mercado interessante."

[O sucesso] está mais relacionado à oportunidade do negócio e à capacidade do empreendedor de conseguir um ponto bom, com layout bonitinho, adequado ao público-alvo, das classes A e B. Não adianta fazer "um pé sujo", porque ninguém vai tomar iogurte "em pé sujo"
FRANCISCO BARONE
professor da FGV

com JOANA CUNHA e ALESSANDRA KIANEK



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