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Brasil crescerá apenas 0,8%, preveem bancos
Para o PIB global, Instituto de Finanças Internacionais aposta em resultado ainda pior, com retração econômica de 1,1%
Recessão global deve vir acompanhada de corte de 32% nos investimentos estrangeiros no Brasil em 2009, comparado a 2008
FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK
Pivôs da pior crise desde os
anos 1930, os maiores bancos
do mundo divulgaram ontem a
mais pessimista previsão para a
economia global em 2009. Pior:
esperam também um estrangulamento sem precedentes no
fluxo de dólares aos emergentes, com pressões sobre câmbio
e contas externas.
Ao contrário de todas as estimativas feitas até aqui, que previam o mundo crescendo muito
pouco, mas ainda assim crescendo, o IIF (Instituto de Finanças Internacionais, na sigla
em inglês), que reúne 380 bancos, projeta uma retração mundial de 1,1% para este ano.
No conjunto, as economias
avançadas (EUA, zona do euro
e Japão) recuariam 2,1%, e os
mercados emergentes cresceriam só 2,7% -menos da metade do ano passado. Para o Brasil, a previsão é de um PIB aumentando apenas 0,8% no ano.
Como a economia brasileira
deve ter crescido perto de 5,5%
em 2008, e, por isso, entrou em
2009 com algum impulso, os
números do IIF indicam que o
Brasil deve entrar em recessão
para crescer abaixo de 1%.
"No último trimestre de
2008, a economia brasileira foi
de "encontro às rochas", e essa
contração deve se repetir nos
primeiros três meses de 2009",
afirmou à Folha Philip Suttle,
diretor de Pesquisas Econômicas do instituto.
Convencionalmente, diz-se
que uma economia está em recessão após dois trimestre consecutivos de retração do PIB.
"A recessão sincronizada
tende a atingir todas as regiões
do globo, algo inédito no pós-Segunda Guerra", diz o IIF.
Fluxo de capitais
A queda na atividade, segundo os bancos, virá acompanhada por um corte recorde no fluxo de investimentos financeiros e produtivos para os mercados emergentes, reforçando o
quadro já negativo.
O triênio 2007-2009 deve
marcar a retração mais acentuada de fluxos de capital para
os emergentes da história. A
queda será de US$ 929 bilhões
em 2007 para US$ 165,3 bilhões neste ano, valores que incluem tanto investimentos
produtivos quanto especulativos e linhas de crédito privadas
e oficiais aos países.
Se confirmada, será uma retração imensa, equivalente a
quase seis pontos percentuais
do valor total do Produto Interno Bruto dos emergentes.
Para comparar, nos últimos
30 anos só ocorreram duas retrações significativas, nos períodos de 1981-1983 e 1996-1998. E elas foram bem menores: equivalentes a 1,6 ponto
percentual e 3,2 pontos do PIB
conjunto dos emergentes.
Essa retração inédita tende a
estrangular os governos sem
muitas reservas em dólares e as
empresas que se endividaram
muito nos últimos anos.
Segundo o IIF, os países do
leste da Europa serão afetados
"de forma mais severa", com os
fluxos de capital despencando
de US$ 254 bilhões em 2008
para US$ 43 bilhões neste ano.
A América Latina também
deverá ser fortemente afetada,
com os fluxos caindo à metade
(US$ 89 bilhões para US$ 43 bilhões). Mas o Brasil deve se sair
relativamente bem, com uma
redução de apenas um terço (de
US$ 37 bilhões em 2008 para
US$ 25 bilhões neste ano).
Suttle lembra que, como a taxa de juros no Brasil segue
"bastante elevada" (com a Selic
em 12,75% ao ano), é natural
que o país continue atraindo
capitais especulativos. Já o investimento direto na produção
no país, segundo o IIF, deve
cair de US$ 12 bilhões no ano
passado para US$ 10 bilhões
neste. A redução, diz o instituto, pode ser ainda maior.
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