São Paulo, Quinta-feira, 28 de Janeiro de 1999
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TRABALHO
Dieese e Fundação Seade revelam que mercado de trabalho teve seu pior ano; situação pode deteriorar em 99
Desemprego é recorde na Grande SP em 98

MAURICIO ESPOSITO
da Reportagem Local


O mercado de trabalho da região metropolitana de São Paulo registrou em 98 o seu pior ano, de acordo com balanço divulgado ontem pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) e pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados).
A taxa de desemprego aumentou, nunca foram fechadas tantas vagas como em 98 e as pessoas levaram mais tempo para encontrar alguma ocupação.
O pior é que as perspectivas para o mercado de trabalho em 99, com juros em alta, maior inflação e crise cambial, não são nada otimistas, segundo os técnicos do Dieese e da Fundação Seade.
A taxa de desemprego média na região metropolitana de São Paulo ficou em 18,3% da PEA (População Economicamente Ativa) em 98, o que correspondeu a um contingente de desempregados médio de 1,594 milhão.
Nem mesmo as seguidas quedas da taxa nos últimos meses de 98, de 18,9% (agosto) para 17,4% (dezembro), foram suficientes para impedir que o desemprego médio do ano passado fosse recorde desde o início da série histórica da pesquisa, em 1985.
Em 97, a taxa média de desemprego havia ficado em 16% da PEA, o que significava a existência de aproximadamente 1.375 milhão de desempregados na região metropolitana de São Paulo.
Ou seja, em 98, houve um aumento médio no números de desempregados de 219 mil pessoas.
"Houve uma combinação desfavorável em 98, de queda no número de postos de trabalho e do aumento da população economicamente ativa, com mais mulheres e jovens procurando emprego", explicou o diretor técnico do Dieese, Sérgio Mendonça.
No ano passado, 101 mil vagas foram fechadas na região metropolitana de São Paulo, número que supera o de 90 e 92, anos de retração na atividade econômica.
A indústria continuou demitindo em ritmo elevado, sendo responsável pelo fechamento de 107 mil postos, enquanto o nível de emprego no comércio foi reduzido em 39 mil vagas.
Até novembro, o comércio vinha desempregando mais que a indústria, mas o setor abriu 54 mil vagas em dezembro.
No entanto, segundo o diretor-executivo da Fundação Seade, Pedro Paulo Martoni Branco, a maior parte das contratações foram de autônomos para as vendas de final de ano, ou seja, a tendência é de haver demissões em número próximo neste início de ano.
O setor da construção civil também sentiu o efeito do desaquecimento econômico, assim como o emprego doméstico.
A área de prestação de serviços, que representa mais de 50% da ocupação total da região metropolitana, foi a única a aumentar as vagas em 98, mas em volume insuficiente para compensar as demissões. O setor foi responsável por 56 mil novos postos de trabalho.
Da mesma forma que aumenta o desemprego, cresce o tempo médio para os desempregados encontrarem alguma ocupação.
O tempo médio de procura pelo emprego passou de 28 semanas, em 97, para 36 semanas. No caso dos trabalhadores com mais de 40 anos de idade, o tempo médio de procura pelo emprego subiu de 41 semanas para 53 semanas.
A pesquisa revela que o desemprego atingiu todos os níveis de escolaridade. A taxa entre os trabalhadores com 3º grau incompleto, entretanto, cresceu 35.1%. O desemprego entre as pessoas com 2º grau completo subiu 21%.


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