São Paulo, Quinta-feira, 28 de Janeiro de 1999
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Número de desempregados sobe 48,2% durante o governo FHC

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
da Reportagem Local

O número de desempregados na Grande São Paulo aumentou 48,2% durante o governo Fernando Henrique Cardoso.
Entre dezembro de 1994 e o mês passado, o contingente das pessoas sem ocupação na região cresceu em 495 mil.
Quando o presidente assumiu o governo, eram 1,028 milhão. Agora, segundo o Seade/Dieese, são 1,523 milhão.
É como se toda a população de São José dos Campos (sétimo maior município paulista) tivesse perdido o emprego nesses últimos quatro anos.

Meio termo
Em comparação com os governos anteriores, FHC se sai melhor do que Fernando Collor, mas pior do que Itamar Franco.
Na administração de seu antecessor, de quem foi ministro da Fazenda, o número de pessoas desempregadas regrediu de 1,140 milhão (em dezembro de 1992) para 1,028 milhão.
Ou seja, 112 mil moradores da região metropolitana de São Paulo voltaram a trabalhar.
O período Itamar mudou os rumos que o mercado de trabalho tinha seguido no governo Collor.
Durante a gestão do presidente que acabou sendo impedido pelo Congresso, o desemprego bateu recordes na Grande São Paulo.
O número de pessoas sem ocupação aumentou 141% entre dezembro de 1989 e dezembro de 1992. A multidão de desempregados foi acrescida de 667 mil pessoas -mais do que a população de Santo André (quarta maior cidade paulista).
O resultado é que, ao final dos últimos dez anos, a Grande São Paulo viu uma massa equivalente à população de Campinas engrossar o desemprego na região.
Foram 919 mil desempregados a mais, o que equivale a um aumento de 152%.
Nesse período, o número de pessoas sem ocupação só regrediu em três anos: 1989 (fim do governo José Sarney e época hiperinflacionária), 1993 e 1994 (último ano de Itamar e implantação do Plano Real).
Abertura às importações, juros altos e recessão, reestruturação das empresas e de setores inteiros, como a indústria e os bancos, foram algumas das principais causas que se sucederam e, por vezes, se somaram nesse período para cortar postos de trabalho, lembra Pedro Paulo Martoni Branco, diretor-executivo da Fundação Seade.

Primeiro emprego
Para agravar o cenário, ocorreu uma pressão demográfica. Um grande contingente de jovens ingressou no mercado.
Nesses dez anos, a População Economicamente Ativa (PEA) da metrópole cresceu 24,6%, mas a oferta de empregos aumentou a metade disso.
Além disso, principalmente nos anos mais recentes, houve uma mudança do perfil da ocupação.
A educação escolar deixou de significar garantia de emprego e o fenômeno do desemprego passou a atingir também a classe média.
Sinal disso é que as pessoas com 2º grau ou nível superior chegaram, no ano passado, a 34,8% do total de desempregados. Em 1995 elas eram 29,4%.

Perspectivas
Os técnicos do Dieese e da Fundação Seade avaliam que em 99 o contingente de desempregados na Grande São Paulo pode ser ainda maior do que em 98, devido à crise cambial.


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