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MARCHA LENTA
Exportações registraram alta de 7,8% e acabaram garantindo a expansão ainda que modesta do indicador
PIB cresceu apenas 1,52% em 2002, diz IBGE
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Soma dos bens e serviços produzidos no país, o PIB (Produto
Interno Bruto) cresceu 1,52% em
2002. A expansão foi um pouco
maior do que a de 2001 -1,42%.
O percentual, divulgado ontem
pelo IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística), ficou dentro das estimativas do mercado,
que oscilavam de 1,5% a 1,6%.
Crescimentos modestos, como
os de 2001 e 2002, foram praticamente um padrão na década de 90
e no início dos anos 2000. Nos últimos dez anos, o PIB aumentou
2,90% na média anual, segundo o
IBGE. O PIB per capita teve uma
expansão menor: 1,49%.
Nos anos do governo FHC
(1995-2002), o PIB se ampliou em
2,29% ao ano, em média. O PIB
per capita em todo o governo
FHC subiu 0,92%.
O economista-chefe do Lloyds-TSB, Odair Abate, afirmou que
esses dez anos não pode ser considerados "perdidos", uma vez que
o Brasil foi atingido por crises internas e externas e promoveu a estabilidade econômica no período.
"Foi, porém, insuficiente para
um país como o Brasil, ainda em
desenvolvimento." Segundo ele,
uma taxa satisfatória seria algo
como 4,5% ao ano, o que permitiria queda do desemprego e maior
inclusão social.
Na década de 80 (1981-1990),
época batizada de "a década perdida", o PIB teve uma expansão
de média anual de 1,57%.
O que garantiu o crescimento
em 2002, segundo o IBGE, foi o
comportamento das exportações,
que tiveram um aumento de 7,8%
no ano. Também ajudou a forte
queda das importações -de
12,8%.
No último trimestre do ano, o
PIB teve uma expansão de 3,44%
ante o mesmo período de 2001,
também influenciado positivamente pelas vendas ao exterior.
Foi beneficiado especialmente pela recuperação da indústria de
transformação e pela construção
civil. No quarto trimestre de 2002,
a indústria geral teve alta de
6,92%, a agropecuária, de 3,43%,
e os serviços, de 1,68%.
Especialistas ouvidos pela Folha
concordam que o "motor" do PIB
em 2002 foi o mercado externo.
Será isso, dizem, o que irá alavancar também o crescimento neste
ano.
Cálculo feito para a Folha pelo
economista Juan Pedro Janssen,
da Tendências Consultoria, revela
que o setor externo (exportações e
importações) teve um impacto
positivo de 2,5%, evitando uma
queda do PIB em 2002. Já o mercado interno, que abrange o consumo das famílias, do governo e
os investimentos, sofreu uma retração de 1%.
"Não fosse o setor externo o
Brasil estaria vivendo uma recessão. Foi a taxa de câmbio que fez
esse ajuste, ao contribuir para o
aumento das exportações. A economia não parou porque está escoando a produção para o exterior", afirmou Janssen.
O economista do Ipea (Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada)
Paulo Levy, que previa um crescimento de 1,5% para o PIB de 2002,
afirmou que impulso das exportações compensou a queda dos
serviços -de 1,86% em 2001 para
1,49% em 2002.
O setor, diz Levy, foi afetado
principalmente pelo comércio
-esse, por sua vez, foi atingido
pela redução das compras de produtos importados, mais caros
com a alta do dólar.
O IBGE revisou algumas taxas
anunciadas anteriormente. O
crescimento do PIB do terceiro
trimestre do ano passado em relação a igual período de 2001 foi revisto de 2,38% para 2,47%. O resultado do segundo trimestre foi
ajustado de 1,01% para 0,97%. O
do primeiro trimestre passou de
uma queda de 0,62% para uma redução de 0,80%.
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