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São Paulo, sexta-feira, 28 de fevereiro de 2003

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MARCHA LENTA

Exportações registraram alta de 7,8% e acabaram garantindo a expansão ainda que modesta do indicador

PIB cresceu apenas 1,52% em 2002, diz IBGE

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Soma dos bens e serviços produzidos no país, o PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 1,52% em 2002. A expansão foi um pouco maior do que a de 2001 -1,42%. O percentual, divulgado ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), ficou dentro das estimativas do mercado, que oscilavam de 1,5% a 1,6%.
Crescimentos modestos, como os de 2001 e 2002, foram praticamente um padrão na década de 90 e no início dos anos 2000. Nos últimos dez anos, o PIB aumentou 2,90% na média anual, segundo o IBGE. O PIB per capita teve uma expansão menor: 1,49%.
Nos anos do governo FHC (1995-2002), o PIB se ampliou em 2,29% ao ano, em média. O PIB per capita em todo o governo FHC subiu 0,92%.
O economista-chefe do Lloyds-TSB, Odair Abate, afirmou que esses dez anos não pode ser considerados "perdidos", uma vez que o Brasil foi atingido por crises internas e externas e promoveu a estabilidade econômica no período.
"Foi, porém, insuficiente para um país como o Brasil, ainda em desenvolvimento." Segundo ele, uma taxa satisfatória seria algo como 4,5% ao ano, o que permitiria queda do desemprego e maior inclusão social.
Na década de 80 (1981-1990), época batizada de "a década perdida", o PIB teve uma expansão de média anual de 1,57%.
O que garantiu o crescimento em 2002, segundo o IBGE, foi o comportamento das exportações, que tiveram um aumento de 7,8% no ano. Também ajudou a forte queda das importações -de 12,8%.
No último trimestre do ano, o PIB teve uma expansão de 3,44% ante o mesmo período de 2001, também influenciado positivamente pelas vendas ao exterior. Foi beneficiado especialmente pela recuperação da indústria de transformação e pela construção civil. No quarto trimestre de 2002, a indústria geral teve alta de 6,92%, a agropecuária, de 3,43%, e os serviços, de 1,68%.
Especialistas ouvidos pela Folha concordam que o "motor" do PIB em 2002 foi o mercado externo. Será isso, dizem, o que irá alavancar também o crescimento neste ano.
Cálculo feito para a Folha pelo economista Juan Pedro Janssen, da Tendências Consultoria, revela que o setor externo (exportações e importações) teve um impacto positivo de 2,5%, evitando uma queda do PIB em 2002. Já o mercado interno, que abrange o consumo das famílias, do governo e os investimentos, sofreu uma retração de 1%.
"Não fosse o setor externo o Brasil estaria vivendo uma recessão. Foi a taxa de câmbio que fez esse ajuste, ao contribuir para o aumento das exportações. A economia não parou porque está escoando a produção para o exterior", afirmou Janssen.
O economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) Paulo Levy, que previa um crescimento de 1,5% para o PIB de 2002, afirmou que impulso das exportações compensou a queda dos serviços -de 1,86% em 2001 para 1,49% em 2002.
O setor, diz Levy, foi afetado principalmente pelo comércio -esse, por sua vez, foi atingido pela redução das compras de produtos importados, mais caros com a alta do dólar.
O IBGE revisou algumas taxas anunciadas anteriormente. O crescimento do PIB do terceiro trimestre do ano passado em relação a igual período de 2001 foi revisto de 2,38% para 2,47%. O resultado do segundo trimestre foi ajustado de 1,01% para 0,97%. O do primeiro trimestre passou de uma queda de 0,62% para uma redução de 0,80%.


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