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Indicador, que representa 60% do PIB, cai 0,7% em 2002
Consumo das famílias recua com renda menor e inflação
DA SUCURSAL DO RIO
Apesar do crescimento da economia em 2002, houve uma redução no consumo das famílias. Esse indicador sofreu uma retração
de 0,7%. Havia registrado uma ligeira expansão de 0,7% em 2001
-ano também difícil para a economia brasileira, cuja expansão
foi menor do que a de 2002.
O IBGE afirma que o consumo
das famílias brasileiras representa
cerca de 60% do PIB. Segundo
Roberto Olinto, economista do
instituto, a queda é reflexo principalmente do menor rendimento
recebido pelo trabalhador. Em
2002, a renda caiu 3,8% até novembro (último dado disponível).
"É claro que o rendimento influenciou. Mas não foi só ele. Somado a isso, há uma forte contração do crédito que já dura muito
tempo. Os bancos estão financiando menos, e o tomador também está com medo de se endividar. Combinando renda em queda, inflação subindo e crédito em
baixa, forma-se um cenário perfeito para o consumo despencar",
disse o economista-chefe do
BankBoston, José Antônio Pena.
O economista Fábio Romão, da
consultoria LCA, lembrou ainda
que a taxa de juros subiu sete pontos percentuais de outubro a dezembro do ano passado, o que explica a restrição do crédito. "Desse jeito, não há consumidor que
aguente", disse.
Para Juan Pedro Janssen, da
Tendências, a causa primordial
para o achatamento da renda em
2002 foi a disparada da inflação.
Tanto Romão como Lima concordam com a avaliação.
"A aceleração da inflação acabou comendo o salário real do
trabalhador, que não consegue
um reajuste que cubra essa perda.
Com isso, teve menos dinheiro
para consumir", afirmou Janssen.
Para o economista da Tendências, a maior parte da alta da inflação veio da pressão sobre a taxa
de câmbio, que disparou no período pré-eleitoral e ainda se
mantém em patamar elevado.
Investimento
Medidos pelo indicador chamado formação bruta de capital fixo,
os investimentos no setor produtivo da economia também caíram
em no ano passado: 4,1%, contra
alta de 1,1% em 2001, ano em que
o país sofreu o racionamento de
energia elétrica e os efeitos dos
ataques terroristas contra os Estados Unidos.
Essa redução, diz Olinto, foi
ocasionada pelo enfraquecimento da construção civil, que já vinha em queda, e da produção de
máquinas e equipamentos.
Na visão de Pena, a economia
mundial patinou em 2002 com a
queda das Bolsas causada pelas
fraudes contábeis de várias companhias internacionais e o Brasil
sofreu um grande período de instabilidade -com reflexos na alta
do dólar, dos juros e da inflação.
Tudo isso, diz ele, fez com que o
empresário ficasse mais cauteloso
e adiasse investimentos em novos
projetos. "Foi uma combinação
muito grande de incertezas", afirmou Pena.
Paulo Levy, do Ipea (Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada), cita as mesmas causas para a
redução da confiança. Acrescenta
que 2001 também foi um ano
ruim. Ocorre que, afirma, o próprio racionamento levou a novos
investimentos para aumentar a
capacidade de geração de energia
e reduzir o seu gasto.
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