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Com dólar caro, juro alto, desemprego e inflação, analistas prevêem crescimento de no máximo 2,5% neste ano
Economia deve continuar travada em 2003
FÁTIMA FERNANDES
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
As projeções de crescimento do
PIB (Produto Interno Bruto) para
este ano vão de 1% a 2,5%, no máximo, segundo economistas de
bancos, consultorias e federações
consultados pela Folha.
Os mais pessimistas, que prevêem expansão da economia de
cerca de 1%, consideram que o
país ainda vai sofrer neste ano os
efeitos do dólar caro e da inflação,
dos juros e do desemprego elevados. Os mais otimistas, que estimam crescimento do país de até
2,5%, acreditam que as exportações puxarão a economia.
"As empresas não têm capacidade de investimento porque estão endividadas e também têm de
enfrentar o consumo retraído. Isso vai conter o crescimento do
país", afirma Fábio Silveira, economista da MB Associados.
Para Fernando Sarti, professor
do Instituto de Economia da Unicamp, o desempenho do Brasil
neste ano será parecido com o de
2002 -crescerá cerca de 1,5%. Esse "pequeno" crescimento, diz,
será puxado pelas exportações.
"Se o dólar ficar em R$ 3,50, o
país vai exportar mais e gerar superávit bem razoável. Isso terá reflexo positivo para o país, com a
expansão de alguns setores."
O país não pode, porém, se conformar com um crescimento dessa ordem, afirma Sarti. Se o Brasil
crescesse 4% ao ano nos próximos 16 anos -considerando que
o governo petista fique no poder
todos esses anos-, ainda assim o
país teria um PIB per capita inferior ao da Argentina e ao da África
do Sul, calcula o professor.
Os economistas consultados pela Folha vêem 2003 como um ano
de fraco crescimento para o país,
especialmente porque o consumo, os investimentos e os gastos
públicos estão em ritmo lento.
Para Sérgio Mendonça, coordenador técnico do Dieese, o desemprego elevado também emperra a recuperação da economia.
"Sem emprego, os sindicatos têm
dificuldade para negociar ganhos
salariais. Há cinco anos os trabalhadores enfrentam queda na renda. Isso funciona como uma âncora que segura a economia."
Roberto Troster, economista-chefe da Febraban, federação que
reúne os bancos, é um dos mais
otimistas. Ele considera que o país
tem condições de crescer 2,5%
neste ano e já haveria uma reativação econômica a partir de maio
por causa das exportações e da
demanda reprimida.
"O país ficou praticamente paralisado nos últimos anos por
conta da crise de energia, da retração da economia dos Estados
Unidos e da crise na Argentina.
Mas acredito que o país deve começar a reagir a partir de maio."
Pesquisa da Febraban feita na
segunda semana deste mês com
63 bancos mostra uma projeção
média de crescimento do PIB de
2,06% para este ano.
Andrei Spacov, economista do
Unibanco, reviu de 2% para 1,5%
o crescimento do PIB para este
ano depois do recente aperto na
política monetária, que elevou a
taxa de juros e aumentou o compulsório dos bancos.
Para o professor Carlos da Costa, do Ibmec, o país não cresce se
não investir mais na produção.
"Em 2002, só 18,3% do PIB foi investido no setor produtivo. Esse
percentual teria de chegar a pelo
menos 25% para que o país possa
crescer cerca de 3% ao ano". Na
sua análise, o país deve repetir o
desempenho de 2002.
"Mas podemos ter crescimento
de 1% se o Banco Central não fizer
os apertos fiscais necessários para
segurar a inflação. Para que ela
não passe de 10%, o BC teria de
elevar a taxa de juros em pelo menos cinco pontos percentuais."
Roberto Padovani, da consultoria Tendências, prevê que a economia vá crescer 2,1% neste ano
impulsionada pelas exportações,
principalmente as agrícolas.
"Se o governo cumprir suas metas fiscais, o país vai atrair mais investidores, o câmbio melhorará,
as projeções de inflação serão refeitas e os juros poderão cair."
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