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Brasil vai na toada do desaquecimento global
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
O pífio desempenho da economia brasileira-que cresceu
1,52%- no ano passado não destoa muito dos resultados alcançados por outros países, desenvolvidos e emergentes, mundo afora. A
exceção fica por conta de alguns
asiáticos que continuam exibindo
altas taxas de expansão.
Para a economia global, 2002 foi
um ano de contração de investimentos. Cautela foi a palavra-chave depois da onda de escândalos
corporativos que estouraram nos
Estados Unidos e na Europa e levaram muitos investidores a descobrir de forma amarga que seu
dinheiro não estava em aplicação
tão segura quanto imaginavam.
Menos investimento significa
menos produção, mais desemprego, menor consumo, menos
geração de riqueza para a economia e, em última instância, crescimento mais modesto.
Com isso, a Alemanha cresceu
módicos 0,2% em 2002. Já o PIB
(Produto Interno Bruto) norte-americano deve ter registrado expansão de 2,4% e o da União Européia de 0,9% no ano passado,
segundo estimativas da consultoria dos EUA GlobalInsight.
A América Latina sofreu duplamente: foi afetada pela crise global
e por colapsos de economias locais, como a argentina e a uruguaia.
Estimativa do Institute of International Finance (IIF) aponta para uma retração de 1,5% do PIB
latino-americano em 2002. É a
primeira vez que a economia da
região sofre uma contração desde
1983, ano que sucedeu ao estouro
da crise da dívida externa.
Essa queda estimada em 1,5% é
influenciada principalmente pela
economia argentina, que havia
encolhido 10% até o terceiro trimestre de 2002. No caso do Brasil,
a crise externa foi acentuada por
problemas domésticos, como as
incertezas eleitorais.
O balanço disso para a América
Latina foi um brutal recuo do fluxo de investimentos externos. A
Ásia, por outro lado, esteve na direção contrária. Enquanto o fluxo
de capitais privados para a América Latina encolheu 46% em
2002, os países asiáticos atraíram
volume de investimento 19%
maior. Os dados são do IIF.
O grande atrativo dos países
asiáticos para investidores externos é a percepção de têm fundamentos econômicos mais sólidos
que os da América Latina.
Não por acaso, o crescimento
estimado (os dados oficiais ainda
não foram divulgados) para os
países emergentes asiáticos em
2002 é bastante alto.
A Coréia do Sul, por exemplo,
havia crescido 5,8% até o terceiro
trimestre de 2002 em comparação
ao mesmo período em 2001. O
PIB da Tailândia tinha crescido
6% até setembro do ano passado
em comparação com período
equivalente em 2001, segundo dados da consultoria GlobalInvest.
Essa disparidade entre os crescimentos dos países emergentes da
América Latina e da Ásia em 2002,
no entanto, não é recente. Entre
1994 e 2001, a média de crescimento de países como Coréia do
Sul e Indonésia foi de, respectivamente, 5,7% e 5,3%, bastante superior aos 2,49% registrados pelo
Brasil no mesmo período.
Embora tenham sofrido também com uma crise financeira,
em 1997, à semelhança da ocorrida no Brasil, em 1999, a capacidade de reação asiática foi maior.
"As economias asiáticas são
mais dinâmicas, têm um forte
modelo exportador que acaba levando a uma alta taxa de investimento na economia doméstica",
afirma o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, da Unicamp.
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