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TURBULÊNCIA GLOBAL / RISCOS
EUA e China são motivos de preocupação para mercado
Greenspan não descarta recessão; para Pequim, superaquecimento é temor chinês
Pedidos de bens duráveis caíram 7,8% em janeiro, sugerindo relutância das empresas americanas em investir em equipamentos
Associated Press
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Investidor em frente a painel eletrônico de Bolsa de Xangai |
DA REDAÇÃO
Por motivos distintos, o mercado está preocupado com dois
dos principais motores da economia mundial, Estados Unidos e China. Neste, o temor é de
superaquecimento da economia. Naquele, o medo é de recessão ainda no final deste ano.
O índice Dow Jones, da Bolsa
de Nova York, caiu 3,29% ontem, a maior queda desde 17 de
setembro de 2001 (7,13%)
-primeiro dia de funcionamento do pregão depois dos
ataques de 11 de setembro.
Nos EUA, o presidente do
Fed (Federal Reserve, o BC local), Ben Bernanke, reitera
sempre que possível que o país
caminha para o "pouso suave".
Ou seja, um cenário em que a
economia se desacelera gradualmente, sem entrar em recessão e com queda na inflação.
Há duas semanas, Bernanke
disse ao Congresso que a economia do país deverá crescer
moderadamente neste ano e a
inflação tende a cair. Em 2006,
o PIB dos Estados Unidos se expandiu em 3,4%, puxada pela
recuperação nos últimos três
meses do ano, depois de crescer
2% no terceiro trimestre.
No entanto, as previsões do
presidente do Fed, pelo menos
até agora, funcionaram ao contrário. A inflação de janeiro subiu mais que o esperado, e a cotação do barril de petróleo voltou a crescer. Gasolina mais cara significa menos dinheiro no
bolso dos americanos e, portanto, do restante da economia,
emperrando o crescimento.
O antecessor de Bernanke,
Alan Greenspan, disse que é
possível que os EUA entrem em
recessão ainda neste ano. Para
ele, já há sinais de que o atual
ciclo econômico está chegando
ao fim. "Quando nos distanciamos tanto de uma recessão, invariavelmente algumas forças
começam a se acumular para a
próxima recessão, e, de fato, estamos começando a ver sinais."
E parte dos números divulgados ontem também não são otimistas. Os pedidos por bens duráveis às fábricas caíram 7,8%
em janeiro, a maior retração
desde outubro do ano passado.
Os dados sugerem que continua a relutância das empresas
em investir em novos equipamentos.
"Esse não representa mesmo
um grande início para este trimestre", disse à Bloomberg
Christopher Low, economista-chefe da FTN Financial. "Embora as empresas estejam atulhadas de dinheiro, elas não vão
gastar se não acreditarem que
isso vai se traduzir em vendas."
A venda de imóveis residenciais usados, um dos setores
mais frágeis, se expandiu em
3,3% em janeiro, o maior crescimento em dois anos. Mas o
preço delas caiu 3,1% em relação a janeiro de 2006.
Na China, a grande preocupação é o superaquecimento,
com o preço dos imóveis em expansão e o temor do aumento
de pressões inflacionárias.
Nem o governo de Pequim
consegue conter a expansão.
Ele prometeu no ano passado
que a economia cresceria menos de 10%, mas o resultado
acabou sendo o melhor em dez
anos: 10,7%. Para este ano, o
Banco Mundial prevê 9,6%.
Para evitar o superaquecimento, o BC chinês determinou no dia 16 uma nova elevação do depósito compulsório
(montante de dinheiro que os
bancos devem deixar imobilizado no banco central) para
10% dos depósitos dos bancos
-segunda elevação neste ano.
No ano passado, o órgão elevou sua taxa de juros duas vezes, em abril e em agosto a fim
de "conter a demanda por empréstimos de longo prazo e a
expansão muito rápida de investimentos em ativos fixos".
Colaborou a Folha Online
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