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ANÁLISE
Freada externa é teste para o país
DA REPORTAGEM LOCAL
A TURBULÊNCIA de ontem foi um dos primeiros grandes testes para
os fundamentos da economia
brasileira. O Brasil acumulou
reservas internacionais, reduziu juros, fez economia para pagar juros e reduzir a relação entre dívida pública e o tamanho
da economia. Todas medidas
que devem ajudar o país a crescer e torná-lo menos vulnerável a crises externas.
Ontem, investidores em todo
o mundo fugiram dos ativos de
risco. Venderam, por exemplo,
ações em todo o mundo e títulos de países emergentes, o que
fez o risco-país do Brasil subir
cerca de 10% ontem.
Roberto Padovani, do
WestLB, arrisca e afirma que
2007 será um ano de muita volatilidade nos mercados financeiros. Um ano de vários testes
para a economia brasileira.
As turbulências nas finanças
mundiais sempre despertam o
debate sobre os riscos de contágio. Analistas se perguntam
quanto um ajuste forte no preço de ações chinesas, por exemplo, pode prejudicar o Brasil.
Ou qual tipo de efeito um aumento do temor ao redor do
mundo de investir em papéis
arriscados terá para a economia brasileira.
É verdade que a economia
brasileira hoje é menos vulnerável, que ela conseguiu acumular reservas -que já beiram
US$ 100 bilhões. Que a dívida
externa recuou a níveis sem
precedentes e que não há desconfiança sobre a solvência da
dívida interna.
O aumento nas reservas, vitaminado pela persistência dos
saldos comerciais, torna a vida
por aqui mais tranqüila. Diminui a volatilidade, "amplia o horizonte de previsão dos investidores", diz Nuno Câmara, do
WestLB.
Mas é também verdade que,
desde que todo o ajuste externo
ocorreu e desde que os indicadores de vulnerabilidade se tornaram tão bons, não houve
uma grande crise internacional
para "testar" o quanto o seguro
construído nos últimos anos
isolará o Brasil de uma turbulência generalizada.
O contágio hoje não ocorre
mais como no passado. Há não
mais que uma década, qualquer
turbulência em um país emergente fazia com que investidores fugissem de todos os países.
Hoje, lembra Câmara, há "uma
distinção muito maior entre os
emergentes".
Uma melhor percepção da
realidade econômica de cada
país não elimina, claro, o contágio. A necessidade, por exemplo, de cobrir perdas em um
mercado pode exigir que investidores vendam ativos de outro.
Só esse tipo de movimentação
já é suficiente para causar grandes oscilações em papéis como
os títulos da dívida pública brasileira ou os papéis das empresas locais.
A percepção geral é que o
Brasil está mais preparado para
enfrentar tempos difíceis no
mercado financeiro mundial.
As turbulências de 2007 -que
Roberto Padovani afirma esperar serem mais freqüentes-
devem ser a prova de fogo para
os novos indicadores de vulnerabilidade do Brasil.
(MARCELO BILLI)
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