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Indústria acelera economia no 4º trimestre
Estimativa é que Brasil tenha crescido 2,8% em 2006, ante até 5,5% da economia mundial; IBGE divulga hoje os dados
Câmbio deverá fazer o setor externo ter a maior contribuição negativa desde
1995; consumo das famílias e investimentos avançam
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
As estimativas de bancos,
consultorias e instituições ouvidas pela Folha apontam um
crescimento do PIB (Produto
Interno Bruto) de 2,7% a 2,8%
no ano passado -taxa pouco
maior do que em 2005 (2,3%),
mas abaixo da expansão prevista para a economia mundial (de
5% a 5,5%).
No quarto trimestre de 2006,
a economia acelerou especialmente por causa da indústria e
cresceu de 0,9% a 1,3%, segundo a maioria das previsões. A
alta havia sido de 0,5% no terceiro trimestre.
Os dados oficiais do PIB de
2006, a serem divulgados hoje
pelo IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística), devem acender, porém, um sinal
de alerta: o setor externo teve
uma contribuição negativa para o PIB de 1,2%, segundo a
consultoria LCA.
O Ipea (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada), órgão do
Ministério do Planejamento,
também projeta uma contribuição externa negativa -1,3%.
Será a maior contribuição
negativa do setor externo desde 1995, quando o país vivia sob
o regime de câmbio fixo. Ou seja, se não fosse esse efeito, o
PIB poderia ter crescido em
torno de 4%.
O economista Bráulio Borges, da LCA, diz que os motivos
são a apreciação cambial -que
alimentou as importações e reduziu as quantidades de produtos exportadas pelo país- e a
aceleração registrada no consumo doméstico.
"Por causa da apreciação do
real, grande parte da demanda
doméstica está sendo suprida
por importados e gerando crescimento fora do país", concorda Solange Srour, economista-chefe da Mellon Investment.
Queda de preços
O lado positivo, diz ela, é que
o câmbio valorizado permitiu a
queda dos preços especialmente de bens duráveis e, com isso,
ampliou o poder de compra da
população.
O consumo das famílias, afirma Borges, também foi impulsionado pelo aumento real do
salário mínimo de 13% e por
uma maior oferta de crédito.
Pelos cálculos da LCA, o consumo interno de famílias, empresas e governos puxou o PIB
para cima e cresceu 4% em
2006, mais do que os 2,5% de
2005. Somente o das famílias
aumentou 3,8% no ano passado, estima a consultoria.
Os investimentos também tiveram um bom ano, com expansão de 6%, de acordo com o
Itaú. A LCA projeta 6,7% de incremento. Em 2005, a alta foi
de 1,6%.
"Os juros e o risco-país menores e a queda dos preços de
máquinas e equipamentos por
causa do câmbio explicam o
crescimento dos investimentos", diz Borges, da LCA.
Já a indústria se ressentiu
com a concorrência de importados mais baratos e da perda
de competitividade de suas exportações. Como resultado, deve crescer menos em 2006 -de
2,8%, na projeção do Itaú, a
2,9%, na da Mellon- do que em
2005 (3,3%).
Com o aumento da safra de
grãos registrado no ano passado, a agropecuária, por sua vez,
deve crescer em um ritmo mais
forte -de 2,9% a 3%, acima dos
0,8% de 2005. Nos serviços, o
incremento previsto pelo Itaú é
de 2,3%, ante os 2% registrados
em 2005.
Efeito sazonal
No quarto trimestre, a economia foi impulsionada principalmente pela indústria.
O setor deve crescer 0,9%,
com destaque para a produção
de bens de capital e extração de
petróleo e minério de ferro, de
acordo com as projeções do
Credit Suisse. A produção do
setor industrial acumulou alta
de 0,6% no terceiro trimestre
do ano passado.
Se tal resultado se confirmar,
o Credit Suisse prevê, em relatório, "aceleração da atividade
econômica no primeiro trimestre de 2007", já que a indústria
vem mês a mês numa ritmo
crescente de produção. Para
2007, o crescimento estimado
é de 3%.
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