São Paulo, quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

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Indústria acelera economia no 4º trimestre

Estimativa é que Brasil tenha crescido 2,8% em 2006, ante até 5,5% da economia mundial; IBGE divulga hoje os dados

Câmbio deverá fazer o setor externo ter a maior contribuição negativa desde 1995; consumo das famílias e investimentos avançam


PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

As estimativas de bancos, consultorias e instituições ouvidas pela Folha apontam um crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de 2,7% a 2,8% no ano passado -taxa pouco maior do que em 2005 (2,3%), mas abaixo da expansão prevista para a economia mundial (de 5% a 5,5%).
No quarto trimestre de 2006, a economia acelerou especialmente por causa da indústria e cresceu de 0,9% a 1,3%, segundo a maioria das previsões. A alta havia sido de 0,5% no terceiro trimestre.
Os dados oficiais do PIB de 2006, a serem divulgados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), devem acender, porém, um sinal de alerta: o setor externo teve uma contribuição negativa para o PIB de 1,2%, segundo a consultoria LCA.
O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão do Ministério do Planejamento, também projeta uma contribuição externa negativa -1,3%.
Será a maior contribuição negativa do setor externo desde 1995, quando o país vivia sob o regime de câmbio fixo. Ou seja, se não fosse esse efeito, o PIB poderia ter crescido em torno de 4%.
O economista Bráulio Borges, da LCA, diz que os motivos são a apreciação cambial -que alimentou as importações e reduziu as quantidades de produtos exportadas pelo país- e a aceleração registrada no consumo doméstico.
"Por causa da apreciação do real, grande parte da demanda doméstica está sendo suprida por importados e gerando crescimento fora do país", concorda Solange Srour, economista-chefe da Mellon Investment.

Queda de preços
O lado positivo, diz ela, é que o câmbio valorizado permitiu a queda dos preços especialmente de bens duráveis e, com isso, ampliou o poder de compra da população.
O consumo das famílias, afirma Borges, também foi impulsionado pelo aumento real do salário mínimo de 13% e por uma maior oferta de crédito.
Pelos cálculos da LCA, o consumo interno de famílias, empresas e governos puxou o PIB para cima e cresceu 4% em 2006, mais do que os 2,5% de 2005. Somente o das famílias aumentou 3,8% no ano passado, estima a consultoria.
Os investimentos também tiveram um bom ano, com expansão de 6%, de acordo com o Itaú. A LCA projeta 6,7% de incremento. Em 2005, a alta foi de 1,6%.
"Os juros e o risco-país menores e a queda dos preços de máquinas e equipamentos por causa do câmbio explicam o crescimento dos investimentos", diz Borges, da LCA.
Já a indústria se ressentiu com a concorrência de importados mais baratos e da perda de competitividade de suas exportações. Como resultado, deve crescer menos em 2006 -de 2,8%, na projeção do Itaú, a 2,9%, na da Mellon- do que em 2005 (3,3%).
Com o aumento da safra de grãos registrado no ano passado, a agropecuária, por sua vez, deve crescer em um ritmo mais forte -de 2,9% a 3%, acima dos 0,8% de 2005. Nos serviços, o incremento previsto pelo Itaú é de 2,3%, ante os 2% registrados em 2005.

Efeito sazonal
No quarto trimestre, a economia foi impulsionada principalmente pela indústria.
O setor deve crescer 0,9%, com destaque para a produção de bens de capital e extração de petróleo e minério de ferro, de acordo com as projeções do Credit Suisse. A produção do setor industrial acumulou alta de 0,6% no terceiro trimestre do ano passado.
Se tal resultado se confirmar, o Credit Suisse prevê, em relatório, "aceleração da atividade econômica no primeiro trimestre de 2007", já que a indústria vem mês a mês numa ritmo crescente de produção. Para 2007, o crescimento estimado é de 3%.


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