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Serra diz que é a favor de cobrar ICMS no destino
SP perde, mas compensará com o fim da guerra fiscal
EVANDRO SPINELLI
CÁTIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O governador de São Paulo,
José Serra (PSDB), disse ontem
que é favorável à proposta do
Ministério da Fazenda de mudar o sistema de cobrança do
ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).
Hoje, o imposto é cobrado no
Estado de origem da mercadoria. A proposta é que o imposto
passe a ser cobrado no destino,
de acordo com a alíquota local.
Para Serra, a medida reduziria bastante ou até eliminaria a
guerra fiscal entre os Estados.
A posição favorável de Serra
é importante porque São Paulo
é o Estado que mais perderia
com a mudança, pois mais vende mercadorias para outros Estados do que compra.
"Se você cobrar o ICMS no
destino, São Paulo perde. Mas,
ao mesmo tempo, isso permitirá o fim da guerra fiscal. Se tivermos o fim da guerra fiscal,
isso será um ganho para São
Paulo, para os outros Estados e
para o Brasil, porque a guerra
fiscal tem atingido níveis absurdos, a irracionalidade é
completa", disse o governador.
Ele afirmou estar disposto a
defender a proposta da Fazenda, "apesar das dificuldades
que traz a curto prazo", ou a
discutir uma medida intermediária, proposta por seu secretário da Fazenda, Mauro Ricardo Costa, de criar a chamada
alíquota interestadual.
Pela proposta, o Estado de
origem da mercadoria receberia sempre 4%, independentemente da alíquota do destino.
"É preciso fazer uma avaliação de ganhos e perdas. É preciso estabelecer mecanismos
compensatórios", disse Serra.
"Prato feito"
Preocupado em evitar conflitos com os governadores, que
se reunirão no dia 6 de março
com o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, o ministro Guido
Mantega (Fazenda) disse, ontem, que o governo fechará a
proposta que será encaminhada ao Congresso em conjunto
com governadores e empresários.
"Não podemos chegar lá
com o prato feito", disse o ministro, referindo-se à reunião
com o presidente.
Mantega confirmou a informação, antecipada ontem pela
Folha, de que o governo pretende retomar a polêmica alteração na cobrança do ICMS,
que passaria a ser no Estado de
destino do produto.
A idéia, tradicionalmente,
enfrentou resistências dos Estados que mais produzem porque eles teriam perdas de receitas. Por isso, a discussão desse
tema sempre empacava.
"Essa questão da origem e do
destino vai entrar [na discussão], mas a reforma tributária
será mais ampla. Irá muito
além", disse Mantega.
Segundo o ministro, o governo pretende apresentar, na
reunião com governadores e
empresários, um roteiro para
elaboração do novo projeto de
reforma.
"Vamos mostrar aonde queremos chegar e quais os objetivos. Haverá menos alíquotas e
[menos] burocracia e a vida dos
Estados vai melhorar."
Mantega disse que o governo
federal quer a implementação
do IVA nacional (Imposto sobre Valor Agregado), reunindo
vários tributos em poucas alíquotas.
"O Brasil tem uma estrutura
tributária que não é moderna.
Temos vários tributos e a modernidade é reduzir a um, dois
ou três tributos que irão abranger todo o conjunto. É essa direção que queremos dar."
Mas o desenho [da reforma
tributária] será discutido com
os governadores. "Não é conveniente [o governo federal] chegar com a coisa pronta", insistiu o ministro.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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