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Receita vai fiscalizar cartões de incentivo
Alvo do fisco são 700 empresas que pagaram bônus com cartões desse tipo
Empresas e trabalhadores têm de informar ao leão
e à Previdência Social os valores pagos e recebidos por meio desses cartões
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Receita Federal começou a
fiscalizar 700 empresas do Estado de São Paulo suspeitas de
sonegar impostos e contribuição previdenciária ao pagarem
remunerações e prêmios a seus
funcionários por meio de cartões de incentivo ou bônus.
A movimentação financeira
feita com cartões, por esse grupo de contribuintes, chegou a
R$ 300 milhões entre 2002 e
2005. A Receita não sabe estimar o montante sonegado, mas
já identificou que a irregularidade é praticada por multinacionais e empresas de grande
porte de vários setores.
Denominada de operação
"Camaleão" (em alusão ao animal, que simula outra cor para
não ser notado), a ação foi iniciada ontem com 150 fiscais
que verificarão documentos
contábeis e a folha de pagamentos de 350 empresas da capital. A ação deve se estender a
mais 350 empresas do Estado.
"Se a empresa dá um prêmio
ao seu empregado, seja em dinheiro, seja em cartão ou em
espécie, tem de declarar ao fisco. Esse valor é tributável, e a
empresa deve fazer o recolhimento do Imposto de Renda",
diz Roseli Mitsui Tomikawa
Abe, delegada da Receita que
comanda as operações.
"É uma situação diferente de
um executivo que recebe um
cartão de crédito corporativo
para viajar a trabalho e gastar
com hospedagem, transporte e
refeição. A isenção tem de estar
prevista na legislação. Não é o
caso do cartão de incentivo."
A empresa que deixou de declarar ao fisco poderá pagar
multa de 150% a 225% sobre o
valor do imposto não-recolhido
e juros (taxa Selic do período).
O funcionário que recebeu o
benefício também deve informar, em sua declaração do IR, o
valor obtido com o cartão de incentivo. "Se a empresa listar ao
fisco o nome dos empregados
que receberam por meio de
cartões, eles também terão de
informar o valor na declaração
anual do IR," diz a delegada.
Nesse caso, a multa para o empregado que não declarar pode
variar de 20% a 75% do imposto não-recolhido.
Início em 2005
A investigação da Receita começou em 2005 a partir de denúncias de funcionários e de
cruzamento de dados com a
Previdência Social. Numa primeira etapa, os fiscais identificaram as prestadoras que vendem esse serviço a outras empresas -os nomes não são divulgados devido ao sigilo fiscal.
Nessa fase da operação, a Receita autuará os clientes desses
fornecedores -ou seja, as empresas que pagaram aos empregados com os cartões sem declarar. "Há casos em que a empresa propõe contratar um funcionário desde que 50% do salário seja pago com cartão de
incentivo", afirma a delegada.
No ano passado, a Previdência fiscalizou 429 empresas de
18 Estados que pagavam aos
seus funcionários por meio de
cartões, sem declarar ao fisco.
As empresas foram autuadas
em R$ 600 milhões por deixar
de contribuir à Previdência.
"O pagamento com cartão
pode ser caracterizado como
salário indireto. Parte das empresas usa esse expediente para
diminuir seus encargos", diz o
advogado Gilberto Luiz do
Amaral, presidente do IBPT.
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