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Cade altera acordo sobre a venda de canais da Globosat
Empresa poderá ofertar a outras operadoras pacotes com apenas dois canais próprios; concorrência analisará acordo
Associação Neo TV, que agrega 59 operadoras, acusou Globosat de não respeitar termos acertados com o Cade no ano passado
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica)
aprovou ontem um novo modelo de contrato sugerido pela
Globosat para a venda de seus
canais a operadoras concorrentes da Net e da Sky (da mesma
organização), permitindo a
oferta de pacotes com menor
número de canais próprios
(Globonews e Multishow).
A proposta, apresentada na
sexta-feira ao Cade, prevê duas
outras mudanças em relação ao
compromisso firmado pela
Globosat em maio de 2006.
A primeira estabelece um
prazo de carência, durante o
qual as operadoras comprarão
os canais da Globosat pelo mesmo preço pago pela Net. Esse
prazo será de nove meses ou
um ano, nos contratos de um
ano e cinco anos, respectivamente. Em tese, isso pode representar queda nos preços dos
pacotes oferecidos ao cliente,
por conta da maior competição.
A outra alteração permite a
venda dos pacotes tanto a consumidores residenciais quanto
comerciais, como bares, restaurantes, hotéis etc. Em tese,
isso também pode resultar em
ganhos para os assinantes.
Certeza mesmo sobre eventuais benefícios aos consumidores só daqui a alguns dias.
Ontem, a proposta formulada
pela Globosat ainda não era conhecida integralmente pela Associação Neo TV, consórcio de
400 mil assinantes de 59 operadoras em 22 Estados.
A quebra da exclusividade
dos canais Globosat resultou de
acordo assinado pela programadora com o Cade em maio
passado, chamado tecnicamente de TCC (Termo de Cessação
de Conduta). Segundo o documento, a Globosat deveria vender seus canais a todas as operadoras sem discriminação.
"Fui surpreendida. Foram
três ajustes em cima do TCC. O
Cade diz que estão dentro do
previsto, mas ainda não vi a
proposta", afirmou Neuza Risette, diretora-geral da Associação Neo TV.
O problema é que, depois da
assinatura do termo, apenas
três operadoras independentes
fecharam contratos novos com
a Globosat. As demais recusaram os termos propostos pela
programadora por avaliarem
que eles descumpriam o TCC e
não assinaram contratos.
Em novembro, a Neo TV informou ao Cade que a Globosat
descumpria o TCC. Pela legislação, empresas suspeitas de
infração à ordem econômica
podem suspender as investigações ao assinar e cumprir o termo. A sua violação resulta na
reabertura do processo.
Segundo o TCC, as operadoras deveriam vender um pacote
básico com o mínimo de cinco
canais -Globonews, Multishow, GNT, SporTV 1 e SporTV
2. A falha da Globosat residiria,
segundo a Neo TV, na oferta de
pacotes com apenas dois canais
pela Net, o que discriminaria
concorrentes.
Com a mudança aprovada
ontem pelo Cade, qualquer
operadora que assinar contrato
com a Globosat poderá oferecer pacotes com apenas Globonews e Multishow. A restrição
continua para os demais, que só
podem ser vendidos nos pacotes básicos de cinco canais.
"O que interessa para a gente
não é condenar uma empresa,
mas fazer o mercado funcionar
direito", avaliou Elizabeth Farina, presidente do Cade.
Outros canais caros são os especializados em filmes -TNT,
Telecine e HBO- e esportes.
"Não teríamos assinado o
TCC se não tivéssemos intenção de cumpri-lo", afirmou Alberto Pecegueiro, diretor-geral
da Globosat. Segundo ele, o pacote com dois canais só foi vendido depois de atingir 1 milhão
de assinantes e apenas para
convencer clientes a não cancelarem sua assinatura.
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