São Paulo, sábado, 28 de fevereiro de 2009

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PIB dos EUA desaba; governo eleva sua participação no Citi

Economia do país recua 6,2% no último trimestre de 2008, maior contração desde 82

Governo eleva de 8% para 36% sua parte no banco e muda diretoria; ações do grupo caem 39%, e Bolsa tem pior nível desde 96

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

Em um dia que representou um novo divisor de águas na atual crise global e jogou a Bolsa de Nova York para o menor nível em 12 anos, o governo dos EUA vai promover uma "estatização parcial" do Citigroup ao elevar sua participação no grupo de 8% para 36% e afastar alguns dos diretores.
O Departamento do Comércio dos EUA também anunciou que a economia americana encolheu 6,2% em termos anualizados no último trimestre de 2008. Foi a maior contração desde 1982 e mais um sinal de que o país pode estar a caminho da pior crise econômica desde a Grande Depressão, nos anos 1930. Desde então, só em três momentos os EUA tiveram uma retração dessa magnitude: em 1957, 1980 e 1982.
As notícias ruins derrubaram os preços das ações na Bolsa de Valores de Nova York, com o índice S&P 500 perdendo 2,4% e fechando aos 735 pontos, o menor patamar desde dezembro de 1996.
Entre as ações mais castigadas, estão as do próprio Citi, que atingiram um recorde histórico em volume de negócios com um único papel e fecharam em queda de 39% com a notícia da estatização parcial.
A decisão inclui a troca de vários membros da cúpula do banco, que serão substituídos por "diretores independentes" a serem indicados pelo governo. O atual presidente do Citigroup, Vikram Pandit, será mantido no cargo, mas terá de acatar as decisões dessa nova diretoria.
O aumento da participação acionária do Tesouro dos EUA no Citigroup, que opera em 130 países e figura entre os três maiores dos EUA, deu-se pela conversão de US$ 25 bilhões em "preferred stocks" (ações preferenciais) que o governo tinha do grupo em ações ordinárias. O governo já injetou US$ 45 bilhões no Citigroup e ainda pode converter mais US$ 20 bilhões, ampliando ainda mais o controle sobre o banco.
Outros fundos soberanos de governos de vários países e de investimento estão fazendo o mesmo, segundo informações do próprio Citigroup, e terão uma participação total no banco de cerca de 38%.
Com esses aumentos de participação via conversão das ações preferenciais em ordinárias, perdem principalmente os investidores privados, que viram sua fatia no controle do banco reduzida em quase 75% de um dia para o outro.
Embora o governo dos EUA venha negando sua intenção de estatizar bancos e não tenha usado esse termo para definir a ação de ontem, a operação foi interpretada como o Estado tomando as rédeas do Citigroup daqui para a frente.
"O governo é o novo chefe", afirmou Mike Holland, presidente do fundo Holland & Co., de Nova York. "Qualquer grande decisão tomada daqui em diante não sairá mais da Park Avenue [avenida em Nova York onde está a sede do Citigroup], mas de Washington."


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