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PIB dos EUA desaba; governo eleva sua participação no Citi
Economia do país recua 6,2% no último trimestre de 2008, maior contração desde 82
Governo eleva de 8% para 36% sua parte no banco e muda diretoria; ações do grupo caem 39%, e Bolsa tem pior nível desde 96
FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK
Em um dia que representou
um novo divisor de águas na
atual crise global e jogou a Bolsa de Nova York para o menor
nível em 12 anos, o governo dos
EUA vai promover uma "estatização parcial" do Citigroup ao
elevar sua participação no grupo de 8% para 36% e afastar alguns dos diretores.
O Departamento do Comércio dos EUA também anunciou
que a economia americana encolheu 6,2% em termos anualizados no último trimestre de
2008. Foi a maior contração
desde 1982 e mais um sinal de
que o país pode estar a caminho
da pior crise econômica desde a
Grande Depressão, nos anos
1930. Desde então, só em três
momentos os EUA tiveram
uma retração dessa magnitude:
em 1957, 1980 e 1982.
As notícias ruins derrubaram
os preços das ações na Bolsa de
Valores de Nova York, com o
índice S&P 500 perdendo 2,4%
e fechando aos 735 pontos, o
menor patamar desde dezembro de 1996.
Entre as ações mais castigadas, estão as do próprio Citi,
que atingiram um recorde histórico em volume de negócios
com um único papel e fecharam em queda de 39% com a
notícia da estatização parcial.
A decisão inclui a troca de vários membros da cúpula do
banco, que serão substituídos
por "diretores independentes"
a serem indicados pelo governo. O atual presidente do Citigroup, Vikram Pandit, será
mantido no cargo, mas terá de
acatar as decisões dessa nova
diretoria.
O aumento da participação
acionária do Tesouro dos EUA
no Citigroup, que opera em 130
países e figura entre os três
maiores dos EUA, deu-se pela
conversão de US$ 25 bilhões
em "preferred stocks" (ações
preferenciais) que o governo tinha do grupo em ações ordinárias. O governo já injetou US$
45 bilhões no Citigroup e ainda
pode converter mais US$ 20 bilhões, ampliando ainda mais o
controle sobre o banco.
Outros fundos soberanos de
governos de vários países e de
investimento estão fazendo o
mesmo, segundo informações
do próprio Citigroup, e terão
uma participação total no banco de cerca de 38%.
Com esses aumentos de participação via conversão das
ações preferenciais em ordinárias, perdem principalmente os
investidores privados, que viram sua fatia no controle do
banco reduzida em quase 75%
de um dia para o outro.
Embora o governo dos EUA
venha negando sua intenção de
estatizar bancos e não tenha
usado esse termo para definir a
ação de ontem, a operação foi
interpretada como o Estado tomando as rédeas do Citigroup
daqui para a frente.
"O governo é o novo chefe",
afirmou Mike Holland, presidente do fundo Holland & Co.,
de Nova York. "Qualquer grande decisão tomada daqui em
diante não sairá mais da Park
Avenue [avenida em Nova York
onde está a sede do Citigroup],
mas de Washington."
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