São Paulo, sábado, 28 de fevereiro de 1998

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MERCOSUL
Indústria brasileira de bens de capital pode perder competitividade no mercado da Argentina
Pacote argentino preocupa exportadores

MAURICIO ESPOSITO
da Reportagem Local

O pacote fiscal do governo argentino para reativar a economia e gerar empregos preocupa exportadores brasileiros.
A redução de alguns impostos proposta pelo governo argentino pode afetar a competitividade de determinados produtos feitos no Brasil, principalmente os bens de capitais, avaliaram exportadores brasileiros.
O que mais preocupa as empresas é a redução do Imposto de Importação de bens de capital para países fora do Mercosul.
De acordo com a proposta, a alíquota de importação para esses países, que hoje é de 17%, passaria para 6%. Do total de US$ 3,9 bilhões exportados de máquinas e equipamentos pelo Brasil no ano passado, cerca de 30% destinou-se à Argentina.
"A medida preocupa, pois aumentará a concorrência pelo mercado argentino", avaliou o empresário Hiroyuki Sato, diretor da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos).
Segundo ele, já existiam rumores de que o governo argentino preparava medida semelhante.
"Os empresários argentino pleiteavam igualdade de condições de importação de máquinas com o Brasil", disse Sato.
Desde dezembro, o Brasil mantém alíquota de importação de 5% para cerca de 500 tipos de máquinas e equipamentos.
Até julho do ano passado, a lista de produtos que podiam ser importados sob condição favorecida continha cerca de 4.000 itens.
Além da intenção de reduzir o Imposto de Importação de bens de capital, o pacote fiscal argentino contém também reduções no IVA (Imposto sobre o Valor Agregado) de aproximadamente dez pontos percentuais.
"É preciso saber quais produtos serão beneficiados por essa redução, pois ficarão mais baratos em relação ao artigos brasileiros", afirmou José Augusto Castro, diretor da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil).
Grande parte das exportações brasileiras para a Argentina, que no ano passado somaram US$ 6,7 bilhões, são de produtos manufaturados.
O volume exportado cresceu cerca de 30% sobre 1996. No entanto, o saldo comercial continuou deficitário para o Brasil -déficit de US$ 1,35 bilhão em 1997.
O pacote fiscal argentino deverá ser enviado ao Congresso do país no final de março.



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