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São Paulo, sexta-feira, 28 de março de 2003

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TRABALHO

Taxa sobe para 19,1%, número mais alto para um mês de fevereiro desde 85, segundo levantamento Seade/Dieese

Desemprego avança na Grande São Paulo

MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

As perspectivas de um ano de desemprego recorde foram reforçadas pelo Seade/Dieese que divulgou pesquisa que mostra que 19,1% da População Economicamente Ativa da região metropolitana de São Paulo estava sem trabalho no mês passado, mesma taxa de fevereiro de 2002, a maior para este mês do ano desde 1985.
O dado mostra aumento em relação a janeiro deste ano, período em que o índice foi de 18,6%. O número também foi recorde para o mês, quando cerca de 87 mil vagas foram eliminadas. Em fevereiro, o número de postos de trabalho extintos foi ainda maior: cerca de 100 mil, segundo a pesquisa.
"A taxa de desemprego vinha muito alta desde o último trimestre do ano passado. Além disso, em janeiro e fevereiro tradicionalmente há eliminação de vagas temporárias. Outro fator é a queda da renda média, que contribuiu para o desemprego de cerca de 75 mil trabalhadores autônomos", afirmou Paula Montagner, gerente de análise do Seade.
O alto número de pessoas que deixaram de procurar emprego -cerca de 65 mil em fevereiro, segundo a pesquisa do Seade/ Dieese- evitou um aumento ainda maior do desemprego.
"Sem dúvida que esse número representativo de pessoas que desistiram do mercado de trabalho atenuou a alta da taxa. Analisando os números mais detalhadamente, percebemos que a situação está ainda pior do que em fevereiro do ano passado", analisou Anselmo Luís dos Santos, professor do Cesit (Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho), da Unicamp.
No mesmo mês de 2002, de acordo com ele, o número foi de 50 mil. "Com o desemprego elevado dos últimos meses do ano passado, muitas pessoas desistem de procurar trabalho. Também existe uma parcela da população que sai do mercado de trabalho para estudar, por exemplo", afirmou Santos.

Recorde
Com a divulgação da pesquisa Seade/Dieese, sabe-se que o número total de desempregados na região metropolitana de São Paulo foi de 1,785 milhão em fevereiro, 35 mil pessoas a mais do que em janeiro. A queda no nível de ocupação foi de 1,3%, atingindo principalmente a indústria, que eliminou 74 mil vagas.
Analistas do mercado de trabalho avaliam que fatores como a elevação dos juros e o corte de investimentos, aliado ao aperto do superávit primário, devem fazer o desemprego bater recorde em 2003. Segundo Santos, o crescimento do país -que foi de 1,5% no ano passado- deve ser superior a 4% para haver aumento no nível de emprego.
Para este ano, a previsão de economistas é de que o crescimento do PIB fique entre 1,2% e 1,4%, o que faz o Cesit estimar que a taxa de desemprego varie entre 20% e 21% este ano, o que seria um recorde histórico desde 1985, quando a pesquisa divulgada pelo Seade/Dieese começou a ser feita.
"Nas principais regiões metropolitanas do país houve meio milhão de desempregados a mais em janeiro de 2003 em relação ao mesmo mês do ano passado, segundo dados do IBGE. Imagina o restante do país", afirmou Santos.
Paula concorda que os fatores macroeconômicos já tiveram algum impacto negativo na taxa. "O poder de compra das pessoas vem caindo. Muitas empresas talvez tivessem estendido as vagas temporárias se não fosse a situação econômica do país", afirmou.


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