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TRABALHO
Taxa sobe para 19,1%, número mais alto para um mês de fevereiro desde 85, segundo levantamento Seade/Dieese
Desemprego avança na Grande São Paulo
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
As perspectivas de um ano de
desemprego recorde foram reforçadas pelo Seade/Dieese que divulgou pesquisa que mostra que
19,1% da População Economicamente Ativa da região metropolitana de São Paulo estava sem trabalho no mês passado, mesma taxa de fevereiro de 2002, a maior
para este mês do ano desde 1985.
O dado mostra aumento em relação a janeiro deste ano, período
em que o índice foi de 18,6%. O
número também foi recorde para
o mês, quando cerca de 87 mil vagas foram eliminadas. Em fevereiro, o número de postos de trabalho extintos foi ainda maior: cerca
de 100 mil, segundo a pesquisa.
"A taxa de desemprego vinha
muito alta desde o último trimestre do ano passado. Além disso,
em janeiro e fevereiro tradicionalmente há eliminação de vagas
temporárias. Outro fator é a queda da renda média, que contribuiu para o desemprego de cerca
de 75 mil trabalhadores autônomos", afirmou Paula Montagner,
gerente de análise do Seade.
O alto número de pessoas que
deixaram de procurar emprego
-cerca de 65 mil em fevereiro,
segundo a pesquisa do Seade/
Dieese- evitou um aumento ainda maior do desemprego.
"Sem dúvida que esse número
representativo de pessoas que desistiram do mercado de trabalho
atenuou a alta da taxa. Analisando os números mais detalhadamente, percebemos que a situação está ainda pior do que em fevereiro do ano passado", analisou
Anselmo Luís dos Santos, professor do Cesit (Centro de Estudos
Sindicais e de Economia do Trabalho), da Unicamp.
No mesmo mês de 2002, de
acordo com ele, o número foi de
50 mil. "Com o desemprego elevado dos últimos meses do ano
passado, muitas pessoas desistem
de procurar trabalho. Também
existe uma parcela da população
que sai do mercado de trabalho
para estudar, por exemplo", afirmou Santos.
Recorde
Com a divulgação da pesquisa
Seade/Dieese, sabe-se que o número total de desempregados na
região metropolitana de São Paulo foi de 1,785 milhão em fevereiro, 35 mil pessoas a mais do que
em janeiro. A queda no nível de
ocupação foi de 1,3%, atingindo
principalmente a indústria, que
eliminou 74 mil vagas.
Analistas do mercado de trabalho avaliam que fatores como a
elevação dos juros e o corte de investimentos, aliado ao aperto do
superávit primário, devem fazer o
desemprego bater recorde em
2003. Segundo Santos, o crescimento do país -que foi de 1,5%
no ano passado- deve ser superior a 4% para haver aumento no
nível de emprego.
Para este ano, a previsão de economistas é de que o crescimento
do PIB fique entre 1,2% e 1,4%, o
que faz o Cesit estimar que a taxa
de desemprego varie entre 20% e
21% este ano, o que seria um recorde histórico desde 1985, quando a pesquisa divulgada pelo Seade/Dieese começou a ser feita.
"Nas principais regiões metropolitanas do país houve meio milhão de desempregados a mais em
janeiro de 2003 em relação ao
mesmo mês do ano passado, segundo dados do IBGE. Imagina o
restante do país", afirmou Santos.
Paula concorda que os fatores
macroeconômicos já tiveram algum impacto negativo na taxa. "O
poder de compra das pessoas vem
caindo. Muitas empresas talvez tivessem estendido as vagas temporárias se não fosse a situação
econômica do país", afirmou.
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