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POBREZA RELATIVA
País produz o equivalente a US$ 450 bi em 2002 e perde posto para Coréia do Sul; cálculo considera câmbio médio
Brasil cai para 12ª lugar no PIB em dólares
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
O PIB (Produto Interno Bruto)
brasileiro atingiu R$ 1,321 trilhão
em 2002, segundo dados divulgados ontem pelo IBGE. O PIB per
capita fechou o ano em R$ 7.567.
Segundo a consultoria Global Invest, o PIB em dólar ficou em US$
450 bilhões e foi superado pelo da
Coréia do Sul (US$ 470 bilhões).
Com isso, o Brasil caiu do 11º
para o 12º lugar do mundo em valor do PIB convertido para o dólar
pela variação cambial média do
ano. O PIB per capita em dólar,
pela mesma metodologia da Global Invest, ficou em US$ 2.577.
O uso do PIB em dólar, calculado pelo câmbio médio, para comparar os tamanhos de economias
diferentes é controvertido. Muitos economistas e instituições
preferem trabalhar com a fórmula que leva em conta a paridade do
poder de compra interno de cada
moeda, indicador que revela o
custo de vida de cada país.
A Global Invest defende sua metodologia: "Quando uma multinacional vai fazer um investimento em um país, ela mede o potencial de retorno daquele mercado
em dólar", afirma Fernando Pinto
Ferreira, sócio da consultoria.
Ferreira disse que o câmbio médio de 2002 (R$ 2,94 por um dólar) não é tão desfavorável no cálculo do PIB brasileiro, considerando que o dólar chegou a valer
R$ 4 e hoje vale cerca de R$ 3,40.
Segundo ele, a má colocação do
Brasil reflete o fraco desempenho
da economia do país no período
de 1998 a 2002. O PIB brasileiro,
diz, cresceu 1,6% ao ano no período, ante 3,2% do mundo e 4,6%
dos chamados países emergentes.
Em 2001, o Brasil já havia sido ultrapassado por México e Espanha
no tamanho do PIB.
Para Carlos Thadeu de Freitas,
ex-diretor do BC, "é inegável que
o novo valor do PIB em dólar é sinal de empobrecimento". Mas ele
ressalva que, como há países com
câmbio sobrevalorizado e outros
com câmbio subvalorizado, a
comparação de economias por
esse critério fica distorcida.
De acordo com o IBGE, em 2002
o consumo das famílias somou
R$ 783,280 bilhões, o do governo,
R$ 254,655 bilhões, e os investimentos totais, R$ 247,241 bilhões.
O IBGE confirmou que a economia brasileira cresceu 1,52% em
2002. O deflator implícito -que
serve para corrigir os valores nominais- do PIB foi de 8,47%.
Segundo novos cálculos introduzidos nas contas nacionais pelo
IBGE, as contas econômicas trimestrais, a poupança bruta do
país atingiu R$ 237,385 bilhões no
ano passado, o que equivale a
19,96% do PIB. Em 2001 a poupança bruta havia sido de R$
199,629 bilhões, equivalentes a
17,30% do PIB.
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