São Paulo, domingo, 28 de março de 2004

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Auditora diz ter sofrido ameaças

DA REPORTAGEM LOCAL

No final de 2003, quando fiscalizava empresas que usam amianto no Nordeste, a auditora fiscal Fernanda Giannasi recebeu uma ordem do Ministério do Trabalho para suspender a investigação.
Surpresa, a auditora entendeu o recado como resultado de pressão de empresas do setor, já que estava finalizando um relatório sobre os riscos do amianto à saúde do trabalhador e ao ambiente.
Ao retornar a São Paulo, foi convocada pela Secretaria de Inspeção do Trabalho do ministério para assumir funções administrativas na DRT (Delegacia Regional do Trabalho), informou. "Foi como um castigo", afirma.
Isso ocorreu após a fiscal ter comunicado ao ministério que havia recebido uma carta cujo conteúdo a fez se sentir ameaçada. "Como essa carta chegou dois dias após o assassinato de três fiscais em Unaí [MG], avisei o ministério para pedir proteção nas fiscalizações", afirma. "Essa carta acusa os fiscais de serem os responsáveis pela queda de arrecadação de impostos em regiões onde há indústrias que usam amianto", conta.
Desde então, ela pede para retornar ao trabalho, o que foi manifestado em cartas, memorandos e e-mails endereçados até ao ministro Ricardo Berzoini (Trabalho). Até sexta-feira, a auditora -reconhecida até fora do país como uma das maiores especialistas em amianto- esperava retomar as atividades e ficar "longe" da sala que ocupa na DRT.
"Pedimos à DRT que tomasse providências na Polícia Federal. Enquanto isso não fosse feito, solicitamos que ela executasse atividades internas", diz a secretária de inspeção do Trabalho, Ruth Vilela. Heiguiberto Navarro, delegado da DRT, diz que a decisão de interromper as fiscalizações ocorreu por causa de mudança na diretoria à qual Giannasi estava subordinada. "Queremos que a Fernanda vá para a rua, fiscalizar. Essa é sua função." (FF e CR)

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