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Auditora diz ter sofrido ameaças
DA REPORTAGEM LOCAL
No final de 2003, quando fiscalizava empresas que usam amianto
no Nordeste, a auditora fiscal Fernanda Giannasi recebeu uma ordem do Ministério do Trabalho
para suspender a investigação.
Surpresa, a auditora entendeu o
recado como resultado de pressão
de empresas do setor, já que estava finalizando um relatório sobre
os riscos do amianto à saúde do
trabalhador e ao ambiente.
Ao retornar a São Paulo, foi
convocada pela Secretaria de Inspeção do Trabalho do ministério
para assumir funções administrativas na DRT (Delegacia Regional
do Trabalho), informou. "Foi como um castigo", afirma.
Isso ocorreu após a fiscal ter comunicado ao ministério que havia recebido uma carta cujo conteúdo a fez se sentir ameaçada.
"Como essa carta chegou dois
dias após o assassinato de três fiscais em Unaí [MG], avisei o ministério para pedir proteção nas
fiscalizações", afirma. "Essa carta
acusa os fiscais de serem os responsáveis pela queda de arrecadação de impostos em regiões onde há indústrias que usam amianto", conta.
Desde então, ela pede para retornar ao trabalho, o que foi manifestado em cartas, memorandos e e-mails endereçados até ao
ministro Ricardo Berzoini (Trabalho). Até sexta-feira, a auditora
-reconhecida até fora do país
como uma das maiores especialistas em amianto- esperava retomar as atividades e ficar "longe"
da sala que ocupa na DRT.
"Pedimos à DRT que tomasse
providências na Polícia Federal.
Enquanto isso não fosse feito, solicitamos que ela executasse atividades internas", diz a secretária
de inspeção do Trabalho, Ruth
Vilela. Heiguiberto Navarro, delegado da DRT, diz que a decisão de
interromper as fiscalizações ocorreu por causa de mudança na diretoria à qual Giannasi estava subordinada. "Queremos que a Fernanda vá para a rua, fiscalizar. Essa é sua função."
(FF e CR)
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