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SOL ENGANADOR
Clima mais ameno e chuvoso reduz venda de produtos típicos da estação; só shopping centers comemoram
Biquíni e cerveja encalham em "verão frio"
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Faltou sol, e a chuva não deu trégua no verão. Como resultado,
produtos típicos da estação encalharam nas prateleiras das lojas,
nos quiosques de praia e nos isopores de ambulantes.
Com 65% do seu faturamento
nos meses quentes (outubro a
março), as cervejarias venderam,
no país inteiro, 3,5% menos no
acumulado de outubro a janeiro
do que em igual período de 2003.
Segundo o Sindicerv (Sindicato
Nacional da Indústria da Cerveja), o consumo caiu em 100 mil litros do produto no período.
"O tempo mais frio do que o
normal prejudicou. Mas o principal motivo foi a chuva, que afasta
as pessoas do convívio social, dos
bares, das praias. Ninguém bebe
sozinho", disse Marcos Mesquita,
superintendente do Sindicerv.
Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), em fevereiro deste ano a média das temperaturas máximas em São Paulo
foi de 26,9 -abaixo da registrada em igual mês de 2003 (31,6).
Também choveu mais: 333,1 milímetros no mês, contra 109,4 milímetros em fevereiro de 2003.
No Rio, o verão foi bem ameno:
a média das temperaturas máximas ficou 6,3 menor do que em
fevereiro de 2003.
Não só as cervejarias perderam
no "verão frio". Empresas de roupas, latas de alumínio e a indústria
do turismo também reclamam.
A Blue Man, confecção de moda
praia, vendeu menos por causa
das temperaturas mais baixas e da
chuva. A queda foi de 4% em relação a 2003. Uma frase do dono da
Blue Man, David Azulay, resume
o sentimento dos que perderam
no verão: "A nossa moeda é o sol,
que não pintou neste ano".
A Rosa Chá, do mesmo segmento, informou que a cada ano
o faturamento subia 20% na estação. Em 2004, porém, os negócios
ficaram estáveis. "A gente tem
certeza de que não registrou crescimento por causa da temperatura. Neste verão, só teve chuva. Como as pessoas vão comprar biquínis com esse tempo?", questionou
Amir Slama, dono da grife.
O tempo chuvoso só favoreceu
os shopping centers, que registraram um aumento de vendas de
5,2% em janeiro, de acordo com a
Abrasce (Associação Brasileira de
Shopping Centers). Na área de lazer e entretenimento dos shoppings (especialmente cinemas),
houve uma expansão de 21,5%.
A Embratur não possui dados
mensais, mas os agentes de viagens e hotéis dizem que o verão
poderia ter sido muito melhor.
"O crescimento nas vendas de
pacotes foi de 5%, mas poderia ter
sido bem melhor se o clima tivesse ajudado. Só houve expansão
porque a temporada de 2003 foi
péssima", disse Leonel Rossi Júnior, diretor da Abav (Associação
Brasileira de Agentes de Viagem).
Nordeste
Vendedores ambulantes de
praias de Fortaleza tiveram de
usar a criatividade e ter muita paciência para conseguir manter as
vendas em alta nos meses de janeiro e fevereiro, quando as chuvas afastaram os turistas, alguns
dias, da avenida Beira-mar, principal corredor turístico da cidade.
Vendedor de óculos escuros há
um ano, Antônio Lindomar da
Silva, 27, diz que, nos dias chuvosos, teve de andar um pouco mais
e mudar o trajeto para manter as
vendas, mas que valeu a pena.
"Tinha de aproveitar na frente
dos hotéis, na hora em que os turistas saem para os passeios", afirmou Silva.
Colaborou Kamila Fernandes,
da Agência Folha, em Fortaleza
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