São Paulo, sábado, 28 de março de 2009

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Ford anuncia programa de demissão voluntária

Plano inclui Camaçari, Taubaté e São Bernardo

SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA

A Ford do Brasil anunciou ontem um programa de demissão voluntária para as unidades de Camaçari (BA), São Bernardo do Campo (SP) e Taubaté (SP). Em nota, a empresa disse que o objetivo do programa é "ajustar" o número de trabalhadores aos atuais níveis de produção, afetados pela queda nas exportações.
A montadora atribui a redução nas vendas externas à "desaceleração da economia global", que afeta os principais mercados da Ford.
A empresa não divulgou as metas de redução de pessoal nem os benefícios e indenizações que serão oferecidos.
Nenhum executivo da Ford deu entrevista sobre o plano ontem. Na nota, a empresa afirma que vai manter investimentos já anunciados.
Para o sindicalista Paulo Cayres, secretário de formação da Confederação Nacional dos Metalúrgicos e coordenador do comitê sindical na Ford, a implementação do plano pode ser vista como medida positiva, pois "vai embora quem quer".
"A empresa não foi agressiva. A demissão voluntária é um instrumento que o sindicato utiliza para evitar as demissões pesadas e unilaterais, o que não é o caso da Ford", disse.
Cayres, no entanto, criticou a indenização oferecida. "O que a Ford está oferecendo é malefício, não um benefício", disse.
Segundo o Cayres, o programa de demissão voluntária apresentado pela Ford aos sindicatos na semana passada prevê o pagamento de indenização de 41,5% do salário atual do trabalhador multiplicado pelo número de anos trabalhados na empresa. Para o sindicalista, a proposta não é atraente para os trabalhadores em geral, mas pode beneficiar os já aposentados que continuam na ativa.
A oferta da empresa aos trabalhadores com estabilidade (com lesões causadas por esforço ou que tiveram acidentes) é um pouco mais atrativa. A Ford ofereceu, segundo o sindicato, indenização de 140% do salário atual por ano trabalhado.
A empresa também não informou ao sindicato qual a meta de redução de pessoal que quer atingir com o PDV.
O programa estará disponível de 2 a 20 de abril.
Para Cayres, a empresa foi cautelosa ao adotar o PDV e não divulgar as metas de redução de pessoal.
"Se a crise estivesse para valer mesmo, eles não pensariam nisso não. A empresa está cautelosa porque pode haver uma retomada na produção e eles podem ser surpreendidos."
Segundo Cayres, a produção de automóveis está aquecida atualmente, principalmente após a redução de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), mas o cenário ainda apresenta oscilações.


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