São Paulo, sábado, 28 de março de 2009

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Derivativos levam Sadia a ter perda de R$ 2 bilhões

DA REPORTAGEM LOCAL

A Sadia anunciou ontem prejuízo de R$ 2,5 bilhões em 2008. As perdas foram causadas principalmente por conta da alta do dólar após setembro, que incidiu em operações da empresa com derivativos cambiais (títulos financeiros atrelados ao dólar).
Nos últimos três meses do ano, o prejuízo da Sadia foi de R$ 2,042 bilhões. Por conta da nova legislação, a empresa foi obrigada a antecipar em seu resultado do ano passado as perdas que registrará em 2009. Sem essa obrigação, o prejuízo seria de R$ 468 milhões no ano.
Mesmo assim, as despesas financeiras do ano passado somaram R$ 3,9 bilhões. Só os derivativos representaram R$ 2,550 bilhões desse total.
A empresa afirmou que tinha depositado, para atender aos pagamentos desses derivativos, em dezembro, R$ 1,7 bilhão, além de R$ 1 bilhão em caixa. Com vencimento de alguns contratos de derivativos, os depósitos hoje chegam a R$ 1 bilhão e o caixa está em R$ 900 milhões.
"A empresa não corre risco de insolvência", diz Gilberto Tomazoni, presidente da Sadia. "Renovamos os empréstimos e temos o caixa sob controle."
Para se aliviar do peso das despesas financeiras, a empresa montou um plano de capitalização, que envolve venda de ativos e de participação. Tomazoni recusou-se a comentar a negociação para venda ou associação da Sadia com a Perdigão.
Da dívida total, R$ 1,4 bilhão vence no primeiro trimestre, porém a quantia já está renegociada com bancos, em prazos que variam de 180 a 360 dias. Outra parte pesada, de cerca de R$ 2 bilhões, vence no terceiro trimestre, e até lá a empresa espera estar capitalizada.
Com relação à operação, o ano de 2008 foi o melhor da história da Sadia. A receita bruta da companhia somou R$ 12,2 bilhões, com crescimento de 23% em relação ao ano anterior. O volume de vendas foi de 2,3 milhões de toneladas, 8,3% mais do que o registrado em 2007, e os investimentos somaram R$ 1,8 bilhão.
O lucro operacional, medido antes de juros, impostos, depreciação e amortizações, foi de R$ 1,2 bilhão, com queda de 0,7% em relação ao ano anterior. Segundo Tomazoni, a baixa deveu-se ao aumento no preço das matérias-primas para a produção dos alimentos, sem o consequente repasse nos preços ao consumidor.
Mesmo com o agravamento da crise a partir de setembro, a Sadia conseguiu ter bom desempenho no quarto trimestre, com alta de 18% na receita, ante o mesmo período de 2007. Houve, porém, queda de 7,3% nos embarques para exportação no quarto trimestre.
A empresa afirmou que pretende investir R$ 600 milhões neste ano para a conclusão de projetos em andamento.
(CRISTIANE BARBIERI)


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