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Derivativos levam Sadia a ter perda de R$ 2 bilhões
DA REPORTAGEM LOCAL
A Sadia anunciou ontem prejuízo de R$ 2,5 bilhões em
2008. As perdas foram causadas principalmente por conta
da alta do dólar após setembro,
que incidiu em operações da
empresa com derivativos cambiais (títulos financeiros atrelados ao dólar).
Nos últimos três meses do
ano, o prejuízo da Sadia foi de
R$ 2,042 bilhões. Por conta da
nova legislação, a empresa foi
obrigada a antecipar em seu resultado do ano passado as perdas que registrará em 2009.
Sem essa obrigação, o prejuízo
seria de R$ 468 milhões no ano.
Mesmo assim, as despesas financeiras do ano passado somaram R$ 3,9 bilhões. Só os derivativos representaram R$
2,550 bilhões desse total.
A empresa afirmou que tinha
depositado, para atender aos
pagamentos desses derivativos,
em dezembro, R$ 1,7 bilhão,
além de R$ 1 bilhão em caixa.
Com vencimento de alguns
contratos de derivativos, os depósitos hoje chegam a R$ 1 bilhão e o caixa está em R$ 900
milhões.
"A empresa não corre risco
de insolvência", diz Gilberto
Tomazoni, presidente da Sadia.
"Renovamos os empréstimos e
temos o caixa sob controle."
Para se aliviar do peso das
despesas financeiras, a empresa montou um plano de capitalização, que envolve venda de
ativos e de participação. Tomazoni recusou-se a comentar a
negociação para venda ou associação da Sadia com a Perdigão.
Da dívida total, R$ 1,4 bilhão
vence no primeiro trimestre,
porém a quantia já está renegociada com bancos, em prazos
que variam de 180 a 360 dias.
Outra parte pesada, de cerca de
R$ 2 bilhões, vence no terceiro
trimestre, e até lá a empresa espera estar capitalizada.
Com relação à operação, o
ano de 2008 foi o melhor da
história da Sadia. A receita bruta da companhia somou R$ 12,2
bilhões, com crescimento de
23% em relação ao ano anterior. O volume de vendas foi de
2,3 milhões de toneladas, 8,3%
mais do que o registrado em
2007, e os investimentos somaram R$ 1,8 bilhão.
O lucro operacional, medido
antes de juros, impostos, depreciação e amortizações, foi
de R$ 1,2 bilhão, com queda de
0,7% em relação ao ano anterior. Segundo Tomazoni, a baixa deveu-se ao aumento no
preço das matérias-primas para a produção dos alimentos,
sem o consequente repasse nos
preços ao consumidor.
Mesmo com o agravamento
da crise a partir de setembro, a
Sadia conseguiu ter bom desempenho no quarto trimestre,
com alta de 18% na receita, ante
o mesmo período de 2007.
Houve, porém, queda de 7,3%
nos embarques para exportação no quarto trimestre.
A empresa afirmou que pretende investir R$ 600 milhões
neste ano para a conclusão de
projetos em andamento.
(CRISTIANE BARBIERI)
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