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Prejuízo da Aracruz chega a R$ 2,9 bi no 4º trimestre
Operações com derivativos cambiais geraram prejuízo de R$ 4,19 bi em 2008
Crise financeira fez empresa cancelar investimentos em expansão de projetos na Veracel (parceria com a Stora Enso) e em Guaíba (RS)
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Aracruz, maior produtora
mundial de celulose de eucalipto que prepara uma fusão com a
VCP (Votorantim Celulose e
Papel), divulgou ontem um
prejuízo de R$ 4,19 bilhões no
exercício de 2008. Apenas no
quarto trimestre do ano passado, o prejuízo alcançou R$ 2,9
bilhões. Em 2007, a empresa
havia reportado no balanço um
lucro de R$ 1,04 bilhão.
Diante do resultado, a empresa anunciou em seu balanço
a decisão de revisar os investimentos para os próximos anos.
"Devido aos fatos recentes e em
linha com a estratégia da companhia de preservar sua liquidez, as projeções de investimentos para 2009 e os anos seguintes foram revisados", afirma a empresa no demonstrativo financeiro.
Os próximos anos serão de
aportes modestos. Excluídos os
projetos de expansão das unidades da Veracel e de Guaíba
(RS), os investimentos serão de
US$ 196 milhões em 2009 e
US$ 281 milhões em 2010 e
2011. Em março, a Aracruz já
havia informado a decisão, tomada em conjunto com a sócia
Stora Enso, de postergar a expansão da Veracel por pelo menos um ano.
A mudança de cenário foi
provocada pela crise sem precedentes enfrentada pela empresa em 2008 depois da forte
desvalorização cambial da
moeda local. As operações com
derivativos cambiais, instrumento financeiro cujo objetivo
era proteger o caixa da valorização do real ante o dólar, afetaram a saúde financeira da
companhia.
A crise internacional mudou
a tendência vista ao longo de
cinco anos de valorização constante do real para a rápida desvalorização da moeda. As operações consistiam em contratos de venda futura de dólares a
uma determinada taxa. As operações geraram lucros, mas
com a súbita elevação da taxa
cambial no Brasil, efeito do
agravamento da crise internacional a partir de outubro, a
empresa passou a ter grandes
prejuízos para liquidar as operações.
Uma grande negociação com
os bancos refinanciou 97% dos
derivativos cambiais, o que significou uma perda total de US$
2,13 bilhões. Para ter uma ideia
do que isso significa, com esse
valor em caixa a Aracruz poderia construir uma fábrica para
produção de 1,3 milhão de toneladas de celulose por ano ao
valor de US$ 1,8 bilhão. Hoje, a
Aracruz produz, somados os
50% de participação na Veracel
(parceria com a Stora Enso), 3,1
milhões de toneladas de celulose por ano.
O efeito devastador das operações com derivativos cambiais também pode ser observado no balanço de dívida da
companhia. Até o fim do terceiro trimestre de 2008, a dívida
reconhecida em balanço da
Aracruz era de R$ 2,67 bilhões.
Após a renegociação com os
bancos, e o alongamento da dívida para nove anos, a Aracruz
teve de reportar dívida total de
R$ 8,13 bilhões.
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