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Brasil deixa em 2º plano fórum que reúne o G8
Governo Lula toma decisão de não aderir à OCDE
GITÂNIO FORTES
ENVIADO ESPECIAL A PARIS
Empenhado em transformar
o G20 no principal fórum da
economia mundial, o Brasil
tem deixado em segundo plano
uma outra instância de convivência com o G8 (EUA, Japão,
Alemanha, Reino Unido, França, Canadá, Itália e Rússia).
Trata-se da OCDE. Com sede
em Paris, em 1961 a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico sucedeu a entidade formada para
administrar a ajuda financeira
dos EUA e do Canadá -via Plano Marshall- à Europa após o
fim da Segunda Guerra.
A OCDE ampliou a atuação
para outros continentes até
chegar ao total de 30 integrantes. Conta também com centros em Berlim, Cidade do México, Tóquio e Washington.
Hoje cinco países estão na
"lista de acesso" e passam, desde 2007, por uma série de análises para se tornarem integrantes plenos: Rússia, Chile,
Israel, Estônia e Eslovênia.
Também há dois anos foi criado
o grupo de "engajamento ampliado", com Brasil, China, Índia, Indonésia e África do Sul
-acordo de cooperação sem
necessariamente implicar adesão desses países à organização.
"A OCDE pretende se tornar
cada vez mais a porta-voz dos
países economicamente relevantes", diz o secretário-geral,
o mexicano Angel Gurría. Há
20 anos, os integrantes da entidade respondiam por 80% do
comércio mundial. Agora essa
participação não chega a 70%.
Desde a década passada o
Brasil mantém com a OCDE
uma "relação especial".
Participa de aproximadamente 30 dos
250 fóruns da organização, entre comitês, grupos técnicos e
de trabalho. A Folha apurou
que essa situação não deve mudar até o fim do governo Lula.
Para que um país seja integrante pleno da OCDE, é preciso aderir a 215 instrumentos. O
governo brasileiro considera
alguns deles "ultraliberais". Os
principais ruídos se referem à
legislação tributária, à proteção à propriedade intelectual e
ao livre movimento de capitais.
Um grupo interministerial
do país analisou 170 desses instrumentos até agora. Para 12,
acendeu-se "luz vermelha".
Existe também um componente político na decisão do governo. Ao aderir plenamente a
uma entidade conhecida por
juntar as nações mais ricas do
mundo, existe o receio de que o
Brasil perca parte de sua força
nas negociações internacionais
como representante das economias emergentes.
A diplomacia do país avalia
que a eventual entrada na OCDE não será individual. É mais
fácil aderir com outros países,
como Índia e África do Sul.
Longo prazo
A OCDE desenvolve uma série de análises de longo prazo a
respeito dos principais problemas econômicos e sociais. O
objetivo é identificar boas práticas e políticas que possam ser
compartilhadas e difundidas
entre seus integrantes. Edita
250 publicações por ano.
Além das contribuições dos
seus integrantes, a OCDE recebe taxas anuais, de até 15 mil,
dos países que participam de
forma avulsa em cada um de
seus comitês. Faz estudos sob
encomenda, pelos quais cobra.
A Casa Civil do Brasil, por
exemplo, solicitou trabalho sobre agências reguladoras.
O jornalista GITÂNIO FORTES viajou a convite da OCDE
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