São Paulo, domingo, 28 de março de 2010

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Mercado Aberto

MARIA CRISTINA FRIAS - cristina.frias@uol.com.br

Mineradoras negociam novo modelo de preço para o ferro

Uma discussão deve ganhar destaque nas próximas semanas no Brasil e envolver governo federal e consumidores internos de aço. As grandes mineradoras de ferro, incluídas Rio Tinto, BHP Billiton e Vale, negociam no mercado internacional mudança no sistema de precificação do minério de ferro.
A ideia é eliminar o sistema atual de preços, vigente há 40 anos, no qual são definidos os reajustes válidos por um ano.
As grandes mineradoras, que avançam na discussão com as siderúrgicas asiáticas, querem criar um modelo com revisões trimestrais.
A revisão do preço do minério de ferro a cada 90 dias também valeria para as siderúrgicas brasileiras e seus clientes.
A Associação Europeia da Indústria Siderúrgica reagiu mal à proposta da grandes mineradoras e diz que irá mobilizar a União Europeia contra o plano.
No ano passado, 19,9% das divisas obtidas pelo Brasil na exportação de minério de ferro vieram da Europa.
O Instituto Brasileiro de Mineração saiu a campo para defender a proposta da Vale e das demais mineradoras.
O instituto teme oposição interna, inclusive do governo, em relação a riscos de a proposta resultar em impulso inflacionário no mercado interno após a criação desse sistema de revisão trimestral de preço para um dos insumos mais basilares da economia -o aço.
Elevar o preço do aço pode ser péssima notícia no momento em que o país avança em investimentos de infraestrutura.
O risco de inflação interna é pequeno, segundo Paulo Camillo Penna, diretor-presidente do instituto. Primeiro porque 90% do minério de ferro produzido no Brasil é exportado.
De todo modo, Penna reconhece que a metodologia internacional terá vigência no mercado interno.
Diz, entretanto, que o Brasil poderá ser beneficiado com a proposta, em razão de o país ter no setor mineral importante fonte para saldos comerciais.
Penna afirma que a nova sistemática de precificação pode trazer para o país mais US$ 5 bilhões em divisas por ano.

PASTEL DE BELÉM
Mais de 585 mil turistas brasileiros visitaram Portugal em 2009 e deixaram mais de € 194 milhões em território português. O viajante do Brasil é o que mais gasta em Portugal, uma média de 192 por dia, ante 118 dos demais, segundo o Turismo de Portugal.

NO BOLSO
O mercado de títulos de capitalização começou o ano com receita de R$ 826 milhões em janeiro, o que representa crescimento de 12% na comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com dados da FenaCap (Federação Nacional de Capitalização).

SALTO ALTO
O empresário Alexandre Birman, dono da marca que leva seu nome, se prepara para inaugurar a primeira loja da grife no Brasil, depois de lançar seus luxuosos sapatos nos Estados Unidos, em meio à crise, no final de 2008. No próximo dia 5, ele abre em São Paulo uma loja de 14 metros quadrados, com apenas uma vendedora, que fará o atendimento personalizado, de uma cliente por vez. Foram investidos cerca de R$ 500 mil no pequeno espaço.
"É uma loja de luxo. Vamos operar com porta fechada e atendimento exclusivo para a cliente sentir como se estivesse no closet dela", diz o empresário, que esperou a marca amadurecer no exterior para trazê-la ao mercado brasileiro. "Em 2008, quando criamos a grife, era um momento delicado, com a indústria cautelosa em relação às exportações." A marca hoje está presente em mais de 15 países.

BEBIDA CENTENÁRIA
No ano em que completa o seu centenário, a vinícola Salton aposta no crescimento do setor e investe na ampliação da capacidade de produção.
"Já iniciamos a importação de máquinas e equipamentos da Itália e da Alemanha para a instalação de uma segunda linha de produção", diz o diretor-presidente Daniel Salton, 56, da terceira geração da família.
Com investimento de R$ 10 milhões, a nova linha deve ficar pronta até outubro e poderá ser usada tanto para a produção de vinhos como de espumantes, dependendo da demanda do mercado.
Após perder para a Miolo a compra da Almadén em 2009, a Salton está aberta para aquisições. "Se surgir algum negócio, vamos analisar com carinho", diz o executivo.
Sobre a possibilidade de abrir capital na Bolsa, Salton afirma que "este ainda não é o momento". Mas não descarta a hipótese: "No futuro, quem sabe".
Após a retração nas exportações por conta da crise financeira, a empresa ensaia a retomada do mercado externo. Há 20 dias, contratou um gerente de exportação. "Vamos retornar mais forte neste ano para as exportações." Salton vê o mercado asiático com grande potencial para o vinho brasileiro.
Para brindar os cem anos em agosto, a Salton lançará uma edição limitada de um espumante e de um vinho tinto. Foram importadas da França 26,4 mil garrafas especialmente para essas bebidas.


com JOANA CUNHA, ALESSANDRA KIANEK e AGNALDO BRITO


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