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Gastos públicos e economia fechada beneficiaram Brasil
Por outro lado, medidas anticíclicas e comércio exterior tímido podem prejudicar o desempenho do país no futuro
Projeções de crescimento indicam que Brasil, antes de ultrapassar desenvolvidos, será deixado para trás por economias mais dinâmicas
Alexander Zemlianichenko - 9.jul.09 /Associated Press
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Os líderes Manmohan Singh (Índia), Dmitri Medvedev (Rússia),Hu Jintao (China) e Lula
ESPECIAL PARA A FOLHA
Enquanto em 2009 o PIB da
Espanha se contraiu 3,6%, o da
Rússia caiu 7,9% e o do Canadá
registrou queda estimada de
2,4%, o brasileiro ficou praticamente estável. Esse melhor desempenho relativo da economia brasileira também ajudou
o país a ser tornar a oitava economia do mundo.
Políticas anticíclicas adotadas pelo governo (como concessões de incentivos fiscais)
sustentaram a demanda doméstica. Embora muitos números ainda sejam estimativas,
tudo indica que o Brasil esteve
em 2009 entre os 30 mercados
que registraram maior expansão do consumo de suas famílias. O dado é significativo porque nada menos que 73 países
amargaram contração do consumo privado no ano passado,
segundo estimativas da Economist Intelligence Unit (EIU).
Um outro fator que jogou a
favor do país em 2009 foi o grau
ainda pequeno de abertura da
economia brasileira. Com a forte contração do comércio mundial, a vasta maioria dos países
viu seu volume de exportações
encolher. O Brasil não foi exceção. No entanto, enquanto para
a média dos países emergentes
as exportações representam
cerca de 40% do PIB, no Brasil
esse número não passou de
módicos 13,4% no ano passado.
Ou seja, em comparação com
seus pares, o Brasil depende
muito menos do desempenho
do seu setor exportador para
crescer, o que ajudou a prevenir
uma queda mais brusca do PIB
no ano passado.
Mas, agora, 2009 é passado.
Embora a recuperação da economia mundial ainda seja frágil, sujeita a percalços e retrocessos, a tendência de médio e
longo prazos é de retomada
mais vigorosa, com recuperação também do comércio global. Nesse cenário, os elementos que foram parte da vantagem do Brasil em 2009 -governo gastador, economia fechada- podem se tornar problemáticos novamente.
Um setor público inchado
acaba competindo com investidores privados por financiamento e contribuindo para um
cenário de crescimento inflacionário, como o que ameaça
despontar agora no Brasil. Já
uma economia fechada está
menos exposta à concorrência
-e, portanto, a melhorias de
produtividade que favorecem o
crescimento econômico a longo prazo.
Em parte por isso, as projeções de crescimento para o Brasil indicam que, a médio e a longo prazos, o país tende a se
manter estável no ranking de
maiores economias do mundo.
Embora deva ultrapassar outros países desenvolvidos, como Itália e Reino Unido, até
2030, antes disso será quase
certamente deixado para trás
por economias dinâmicas como a indiana e, novamente, pela -nada dinâmica, mas rica
em petróleo- russa.
Estar em oitavo lugar no ranking das maiores economias do
mundo certamente não é nada
mau. Mas, dado o vasto potencial do Brasil, sua posição poderia ser melhor.
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