São Paulo, quarta-feira, 28 de abril de 2004

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TELES

Telefônica, Brasil Telecom e Telemar disseram lamentar "prejuízo" de acionistas, mas ainda não decidiram se irão recorrer

Fixas perdem e Embratel fica com a Telmex

RAFAEL CARIELLO
DE NOVA YORK

Depois de uma audiência que durou nove horas, o juiz Arthur Gonzalez, da Corte de Falências de Nova York, confirmou ontem a venda da operadora brasileira de longa distância Embratel para a Telmex, maior empresa de telefonia mexicana.
Gonzalez aceitou os argumentos em favor da Telmex expostos pelos advogados da MCI, companhia americana que controla a Embratel desde o leilão de privatização da Telebrás, em 1998.
A MCI já havia aceito a proposta da empresa mexicana, mas teve que defendê-la diante da corte de falências, por decisão do juiz, mesmo depois de sair da concordata na semana passada (o que, a princípio, teria liberado a empresa americana para realizar o negócio sem a anuência da Justiça).
Em novembro passado, a MCI anunciou que procurava comprador para o controle da Embratel como parte da reestruturação por que passa em decorrência de escândalos contábeis que a levaram a pedir concordata em 2002.
"A venda para o consórcio Calais traria um risco regulatório maior do que para a Telmex", declarou o juiz, repetindo a argumentação dos advogados da MCI, de que um acordo com o grupo que reunia empresas de telefonia fixa brasileiras -Telefônica, Telemar e Brasil Telecom- poderia enfrentar resistências da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), por poder vir a controlar os mercados de ligações locais e de longa distância no país.
O juiz também mencionou o segundo argumento apresentado pela MCI -o de que não desejava se envolver com problemas legais no Brasil que poderiam prejudicar sua imagem, já que vinha de um processo de falência após fraudes contábeis nos anos 90.
Gonzalez disse que a decisão da empresa americana de fechar o negócio com a Telmex foi "sensata". Para ele, as fixas não comprovaram que não enfrentariam problemas regulatórios.
O juiz também descartou a principal alegação dos advogados do consórcio, de que o processo de venda para a mexicana não havia sido justo. O consórcio alegou que a empresa mexicana havia sido favorecida pela MCI na elaboração de sua proposta e ao decidir em favor da Telmex antes mesmo de receber a proposta das fixas.

Decepção
O grupo Calais, consórcio formado pela Telefônica, Telemar e Brasil Telecom, não decidiu se vai recorrer. Em nota divulgada ontem, informou estar "naturalmente decepcionado" com a decisão da Corte de Falências de Nova York de aprovar a venda da Embratel para a mexicana Telmex.
O Calais afirmou ainda lamentar o "prejuízo" que os acionistas da Embratel teriam com a "perda desta oportunidade" de negócio. Isso porque o grupo ofereceu US$ 550 milhões pela Embratel, acima dos US$ 400 milhões propostos pelos mexicanos da Telmex, o que beneficiaria os acionistas minoritários na operação. O valor de compra da Embratel pela Telmex representa menos da metade dos R$ 2,6 bilhões (US$ 890 milhões, pelo câmbio atual) pagos pela MCI para comprar a brasileira na privatização de 1998.


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