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TELES
Telefônica, Brasil Telecom e Telemar disseram lamentar "prejuízo" de acionistas, mas ainda não decidiram se irão recorrer
Fixas perdem e Embratel fica com a Telmex
RAFAEL CARIELLO
DE NOVA YORK
Depois de uma audiência que
durou nove horas, o juiz Arthur
Gonzalez, da Corte de Falências
de Nova York, confirmou ontem
a venda da operadora brasileira
de longa distância Embratel para
a Telmex, maior empresa de telefonia mexicana.
Gonzalez aceitou os argumentos em favor da Telmex expostos
pelos advogados da MCI, companhia americana que controla a
Embratel desde o leilão de privatização da Telebrás, em 1998.
A MCI já havia aceito a proposta
da empresa mexicana, mas teve
que defendê-la diante da corte de
falências, por decisão do juiz,
mesmo depois de sair da concordata na semana passada (o que, a
princípio, teria liberado a empresa americana para realizar o negócio sem a anuência da Justiça).
Em novembro passado, a MCI
anunciou que procurava comprador para o controle da Embratel
como parte da reestruturação por
que passa em decorrência de escândalos contábeis que a levaram
a pedir concordata em 2002.
"A venda para o consórcio Calais traria um risco regulatório
maior do que para a Telmex", declarou o juiz, repetindo a argumentação dos advogados da MCI,
de que um acordo com o grupo
que reunia empresas de telefonia
fixa brasileiras -Telefônica, Telemar e Brasil Telecom- poderia
enfrentar resistências da Anatel
(Agência Nacional de Telecomunicações) e do Cade (Conselho
Administrativo de Defesa Econômica), por poder vir a controlar os
mercados de ligações locais e de
longa distância no país.
O juiz também mencionou o segundo argumento apresentado
pela MCI -o de que não desejava
se envolver com problemas legais
no Brasil que poderiam prejudicar sua imagem, já que vinha de
um processo de falência após
fraudes contábeis nos anos 90.
Gonzalez disse que a decisão da
empresa americana de fechar o
negócio com a Telmex foi "sensata". Para ele, as fixas não comprovaram que não enfrentariam problemas regulatórios.
O juiz também descartou a
principal alegação dos advogados
do consórcio, de que o processo
de venda para a mexicana não havia sido justo. O consórcio alegou
que a empresa mexicana havia sido favorecida pela MCI na elaboração de sua proposta e ao decidir
em favor da Telmex antes mesmo
de receber a proposta das fixas.
Decepção
O grupo Calais, consórcio formado pela Telefônica, Telemar e
Brasil Telecom, não decidiu se vai
recorrer. Em nota divulgada ontem, informou estar "naturalmente decepcionado" com a decisão da Corte de Falências de Nova
York de aprovar a venda da Embratel para a mexicana Telmex.
O Calais afirmou ainda lamentar o "prejuízo" que os acionistas
da Embratel teriam com a "perda
desta oportunidade" de negócio.
Isso porque o grupo ofereceu US$
550 milhões pela Embratel, acima
dos US$ 400 milhões propostos
pelos mexicanos da Telmex, o que
beneficiaria os acionistas minoritários na operação. O valor de
compra da Embratel pela Telmex
representa menos da metade dos
R$ 2,6 bilhões (US$ 890 milhões,
pelo câmbio atual) pagos pela
MCI para comprar a brasileira na
privatização de 1998.
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