|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Para analistas, tarifa menor é incerta
DA REPORTAGEM LOCAL
A entrada da mexicana Telmex
no mercado brasileiro por meio
da compra da Embratel deve levar
a companhia a adotar práticas de
competição diferentes das utilizadas no mercado mexicano.
Os analistas ouvidos pela Folha
avaliam que, no Brasil, o grau de
concorrência entre as operadoras
de telefonia -fixas e móveis- é,
em tese, maior. Isso, entretanto,
pode não significar uma queda
das tarifas para os consumidores.
"A entrada da Telmex pode implicar o aumento da eficiência.
Com mais recursos para realizar
investimentos, a qualidade dos
serviços oferecidos tende a subir",
disse Jacqueline Lison, analista de
investimento da corretora Fator.
Entre os segmentos que podem
ser beneficiados pelo estímulo de
mais um concorrente, estão os
serviços como banda larga (conexão de alta velocidade para internet) e o mercado corporativo.
"A Telmex está começando a
sua política de expansão. Nos países onde começou a atuar, ela
mostrou uma postura agressiva
de competição. Não dá para comparar a estrutura do mercado mexicano [no qual a empresa tem o
monopólio] com a situação do
Brasil", afirmou Lison.
Tarifas
Em serviços restritos à Embratel, como os vinculados à operação de satélite, há especialistas
que argumentam que os mexicanos podem praticar preços altos
no Brasil devido à falta de concorrentes no mercado.
Relatório preparado pelo banco
norte-americano Bear Stearns no
ano passado mostra que as tarifas
praticadas pela Telmex no México, nos serviços de telefonia residencial e comercial, eram as mais
altas entre as principais empresas
do setor na América Latina.
Edigimar Maximiliano, do Unibanco, avalia que o ingresso da
Telmex pode a vir a favorecer outra companhia: a Claro, de telefonia móvel.
A Claro é controlada pela
Amércia Móvil, uma das subsidiárias do grupo Carso, o mesmo
que controla a Telmex.
A Claro poderia passar a usar a
estrutura da Embratel para ampliar a cobertura em áreas nas
quais ainda tem restrições, como
Minas Gerais e a região Norte do
Brasil.
O analista argumenta que em
somente três segmentos há competição no país: no de telefonia
móvel (no qual o grupo de Carlos
Slim atua por meio da Claro) e
nos de telefonia de larga distância
e corporativa, em que a Embratel
tem participação expressiva.
"A Embratel perdeu um número considerável de clientes corporativos, com a entrada de novos
concorrentes, mas permanece como um segmento interessante",
diz Maximiliano.
Segundo ele, o único setor em
que a Embratel (controlada pelos
mexicanos) atua e que tem menos
potencial é o de telefonia local.
Para o consultor de telefonia
Carlos Dascal, dificilmente a compra da Embratel pela Telmex significará queda de tarifas no setor
de telefonia fixa local.
"A demanda se exauriu nesse
mercado, não tem como as tarifas
caírem. As fixas não têm muito
para onde ir", disse.
De acordo com ele, a concorrência é pequena e a capilaridade
(número de linhas de transmissão
disponíveis) são alguns motivos
apontados para a manutenção do
preço desse serviço. Além disso, a
telefonia local está perdendo espaço para a telefonia móvel.
Estudo
Um estudo da FGV (Fundação
Getúlio Vargas) mostra que, se as
tarifas -de linhas fixas e móveis- permanecerem nos atuais
níveis (nominais), 25 milhões novos usuários de telefones celulares
poderão ser incorporados até
2007. O dado foi apresentado ontem durante seminário sobre telecomunicações realizado em São
Paulo.
(CÍNTIA CARDOSO E JOSÉ ALAN DIAS)
Texto Anterior: Teles: Minoritários dizem que vão contestar venda à Telmex Próximo Texto: Frase Índice
|