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CONTAS EXTERNAS
Envios ao exterior somaram US$ 1,62 bi até março; maior alta ocorreu na saída de ganhos do mercado financeiro
Remessa de lucros aumenta 81% no ano
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O envio de lucros e dividendos
para o exterior cresceu 81% no
primeiro trimestre, segundo dados do Banco Central. Entre janeiro e março, as remessas ao exterior somaram US$ 1,617 bilhão,
contra US$ 893 milhões registrados em igual período de 2003, no
início do governo Lula.
O maior crescimento se deu na
saída de lucros obtidos com aplicações no mercado financeiro.
Nesse quesito, as remessas feitas
no primeiro trimestre passaram
de US$ 243 milhões, em 2003, para US$ 647 milhões neste ano, um
aumento de 166%.
Já as multinacionais que operam no Brasil enviaram dividendos no valor de US$ 970 milhões
para suas matrizes no exterior, valor 49% maior do que o observado nos primeiros três meses do
ano passado. Com base nos números fechados em março, o BC
diz que as empresas que mais remetem lucros ao exterior são as
dos setores financeiro (bancos),
de celulose e de varejo.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, lista três fatores que explicariam o
aumento nas remessas: os estrangeiros estariam conseguindo ganhos maiores ao investir no Brasil; a valorização do real ocorrida
desde 2003 faria com que os lucros, em dólares, ficassem maiores; ou os investidores estão com
mais receio em aplicar seus recursos no país e estão enviando seus
lucros para o exterior.
Lopes disse não saber qual desses fatores é o mais importante
para explicar o aumento nas remessas de dividendos.
As remessas de lucros começaram a se intensificar a partir da segunda metade da década de 90,
devido ao forte ingresso de investimentos estrangeiros. Atraídas
pelas privatizações, muitas multinacionais aplicaram recursos no
Brasil para, nos anos posteriores,
resgatar seus lucros.
Nos últimos anos, porém, o ingresso de investimentos estrangeiros registrou queda, o que, em
tese, deve conter o aumento das
remessas de lucros ao exterior.
Saldo recorde
Apesar do maior envio de dólares, as contas externas voltaram a
ter resultados positivos em março. A conta de transações correntes -saldo da negociação de bens
e serviços com outros países- registrou superávit de US$ 1,683 bilhão no primeiro trimestre, valor
mais elevado registrado nos primeiros três meses de um ano desde que o BC passou a calcular esses dados, em 1947.
Nos últimos 12 meses, o superávit em transações correntes ficou
em US$ 5,623 bilhões, valor equivalente a 1,11% do PIB (Produto
Interno Bruto), valor mais alto registrado desde março de 1993.
A exemplo do que tem ocorrido
nos últimos meses, esse resultado
positivo é conseqüência do bom
desempenho da balança comercial. Entre janeiro e março, as exportações brasileiras superaram
as importações em US$ 6,168 bilhões, contra US$ 3,806 bilhões no
primeiro trimestre de 2003.
A balança é um dos itens que
compõem a conta de transações
correntes. Os demais são a balança de serviços (pagamento de juros, remessa de lucros, gastos com
viagens internacionais e outros) e
as transferências unilaterais (dinheiro enviado ao Brasil por residentes no exterior, e vice-versa).
Neste ano, segundo projeção do
BC, o país deve registrar superávit
em transações correntes de US$
200 milhões. Isso porque, até o final do ano, espera-se que a retomada do crescimento leve a um
aumento das importações, reduzindo o saldo positivo acumulado
até agora pelas contas externas.
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