São Paulo, sexta-feira, 28 de abril de 2006

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INFLAÇÃO

Índice ficou em -0,42% com -0,77% no atacado

IGP-M volta a recuar em abril, e deflação em 12 meses chega a 0,92%

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

O IGP-M (Índice Geral de Preços ao Mercado) registrou queda de preços pelo segundo mês seguido. Em abril, a deflação chegou a 0,42%, a menor taxa desde setembro do ano passado. Em março, o indicador já havia apurado deflação de 0,23%. Segundo a FGV (Fundação Getulio Vargas), os produtos agrícolas foram os principais responsáveis pelo comportamento do índice.
O resultado ficou ainda abaixo das previsões de analistas, que esperavam uma queda de 0,3%, segundo o último relatório Focus de mercado, feito pelo Banco Central com instituições financeiras.
Com a desaceleração nos preços, a taxa acumulada em 12 meses do indicador usado em contratos de aluguel, de energia elétrica e de TV por assinatura registrou queda de 0,92%, o menor patamar desde o início da série, em 1981. Na prática, os contratos de aluguel com reajuste em abril poderão ter queda de quase 1%. "Chegou a hora de o inquilino fazer uma gentileza ao proprietário", afirmou o Coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros, em referência às negociações que antecedem a definição dos reajustes.
Caso o IGP-M registre uma taxa inferior a 0,71% em maio, a taxa acumulada em 12 meses deverá permanecer negativa, segundo os cálculos da FGV.
Os preços no atacado passaram de -0,48% em março para -0,77% em abril. O recuo nos preços de produtos como soja (-4,09%), milho (-8,31%), mandioca (-13,62%) e aves (-9,28%) foi o fator responsável pela maior intensidade na queda de preços em abril. Segundo Quadros, o comportamento foi ditado pelo período de safra de boa parte dos produtos agrícolas. Outros itens mostraram tendência contrária, como tomate (48,92%) e leite "in natura" (3,87%). A queda de 6,15% nos preços do óleo combustível também contribuiu para a perda de fôlego da inflação.
O ciclo da cana-de-açúcar continuou a pressionar o índice. A cana subiu 4,44% e o álcool hidratado, 5,26%. Com isso, os preços da gasolina, que tem 20% de álcool em sua composição, continuaram em alta. No atacado, subiram 1,72% e no varejo, 0,66%. No ano, o preço do combustível para o consumidor já acumula alta de 5,19%. "A perspectiva é de desaceleração porque a safra já começou", afirmou Quadros.
Para o coordenador, não existe espaço para uma repetição do ciclo de deflações do ano passado, que se estendeu ao longo de cinco meses. "Os resultados recentes mostram uma concentração de efeitos que não deverão se repetir. O panorama mundial é de commodities em alta, como metais e petróleo. Existem indicações de produtos que estão invertendo seu comportamento na coleta de preços da última semana, como soja e bovinos", disse.

Varejo
A inflação para o consumidor registrou alta de 0,22% em abril, a mesma taxa registrada em março. A principal pressão partiu do grupo vestuário (0,93%), com a alta nos preços de roupas (1,85%) e calçados com as novas coleções de outono/inverno. Em sentido oposto, o grupo transportes passou de 1,22% para 0,56%.


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