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"Nunca achamos que seria fácil", diz Bernardo sobre PAC
Para ministro, país ficou "muitos anos sem fazer investimentos desse vulto"
Planalto prepara balanço dos primeiros três meses do Programa de Aceleração do Crescimento e já ensaia discurso contra críticas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Três meses depois do lançamento oficial do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), o governo anunciará,
na semana que vem, o primeiro
balanço do andamento das
obras prometidas. Como boa
parte delas enfrenta problemas
para deslanchar, sobretudo na
área de infra-estrutura, a equipe do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva já ensaia o discurso para rebater as críticas de
que o programa é um fracasso.
"Nunca achamos que teríamos vida fácil. Ficamos muitos
anos sem fazer investimentos
desse vulto", reagiu, ontem, o
ministro Paulo Bernardo (Planejamento), ao ser questionado
sobre o PAC. Segundo ele, uma
parte das obras está sendo executada e isso será mostrado no
relatório que a ministra Dilma
Rousseff (Casa Civil) entregará
ao presidente Lula.
"Não é verdade que o PAC está atrasado", disse. "O relatório
será muito transparente e mostrará onde as coisas estão indo
bem. Posso garantir que temos
uma parcela sendo executada",
emendou, ressaltando ainda
que "uma parte menor apresenta problemas".
Sobre as críticas do próprio
presidente, que durante reunião do Conselho Político reclamou do atraso em algumas
obras e pressionou a ministra
Marina Silva (Meio Ambiente)
por mais agilidade na concessão de licenças ambientais, o
ministro disse que "essa é a notícia de todo dia porque o presidente cobra da sua equipe todos os dias".
Justamente por isso, ele argumentou que está sendo feito
um sistema de informações para acompanhar o andamento
dos projetos incluídos no PAC e
prestar contas ao presidente
Lula e à sociedade.
Entraves
Bernardo reconheceu que os
entraves ambientais estão dificultando algumas obras, mas
destacou que essa uma é "questão de legislação" e terá que ser
analisada com cuidado. Isso
porque, segundo ele, o governo
busca um crescimento sustentado do país, que não pode ser
construído "passando por cima
das questões ambientais".
"Temos que compatibilizar
isso e achar uma solução", afirmou, sem dar mais detalhes. Na
lista das principais obras do
PAC, a construção das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio,
no rio Madeira (RO), está empacada justamente por problemas ambientais.
Nesta semana, a pressão do
presidente culminou com a
reestruturação da pasta do
Meio Ambiente, que incluiu a
divisão do Ibama (Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis), responsável pela concessão das licenças ambientais das
hidrelétricas.
O Ibama pediu mais informações para liberar a construção das usinas por meio de uma
associação da empreiteira Odebrecht e Furnas. A preocupação de Lula é a de que isso possa
comprometer o cronograma de
execução do PAC.
As usinas são fundamentais
para aumentar a geração de
energia no país e evitar riscos
de apagão com o crescimento
da economia projetado em 5%
para os próximos anos.
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