São Paulo, sábado, 28 de abril de 2007

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"Nunca achamos que seria fácil", diz Bernardo sobre PAC

Para ministro, país ficou "muitos anos sem fazer investimentos desse vulto"

Planalto prepara balanço dos primeiros três meses do Programa de Aceleração do Crescimento e já ensaia discurso contra críticas


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Três meses depois do lançamento oficial do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), o governo anunciará, na semana que vem, o primeiro balanço do andamento das obras prometidas. Como boa parte delas enfrenta problemas para deslanchar, sobretudo na área de infra-estrutura, a equipe do presidente Luiz Inácio Lula da Silva já ensaia o discurso para rebater as críticas de que o programa é um fracasso.
"Nunca achamos que teríamos vida fácil. Ficamos muitos anos sem fazer investimentos desse vulto", reagiu, ontem, o ministro Paulo Bernardo (Planejamento), ao ser questionado sobre o PAC. Segundo ele, uma parte das obras está sendo executada e isso será mostrado no relatório que a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) entregará ao presidente Lula.
"Não é verdade que o PAC está atrasado", disse. "O relatório será muito transparente e mostrará onde as coisas estão indo bem. Posso garantir que temos uma parcela sendo executada", emendou, ressaltando ainda que "uma parte menor apresenta problemas".
Sobre as críticas do próprio presidente, que durante reunião do Conselho Político reclamou do atraso em algumas obras e pressionou a ministra Marina Silva (Meio Ambiente) por mais agilidade na concessão de licenças ambientais, o ministro disse que "essa é a notícia de todo dia porque o presidente cobra da sua equipe todos os dias".
Justamente por isso, ele argumentou que está sendo feito um sistema de informações para acompanhar o andamento dos projetos incluídos no PAC e prestar contas ao presidente Lula e à sociedade.

Entraves
Bernardo reconheceu que os entraves ambientais estão dificultando algumas obras, mas destacou que essa uma é "questão de legislação" e terá que ser analisada com cuidado. Isso porque, segundo ele, o governo busca um crescimento sustentado do país, que não pode ser construído "passando por cima das questões ambientais".
"Temos que compatibilizar isso e achar uma solução", afirmou, sem dar mais detalhes. Na lista das principais obras do PAC, a construção das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, no rio Madeira (RO), está empacada justamente por problemas ambientais.
Nesta semana, a pressão do presidente culminou com a reestruturação da pasta do Meio Ambiente, que incluiu a divisão do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), responsável pela concessão das licenças ambientais das hidrelétricas.
O Ibama pediu mais informações para liberar a construção das usinas por meio de uma associação da empreiteira Odebrecht e Furnas. A preocupação de Lula é a de que isso possa comprometer o cronograma de execução do PAC.
As usinas são fundamentais para aumentar a geração de energia no país e evitar riscos de apagão com o crescimento da economia projetado em 5% para os próximos anos.


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