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BR Distribuidora é disputada por PT, PMDB e "técnicos"
Mudança na companhia pode "respingar" na Petrobras; presidente da BR está cotada para direção de Gás e Energia
Nome "técnico" é o do hoje diretor Marco Antonio Vaz Capute, que é apoiado por funcionários da BR e pela ministra Dilma Rousseff
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Há nos bastidores do governo uma guerra aberta por causa
do comando da BR Distribuidora. Três correntes distantes
disputam a indicação para a
presidência da estatal: PT,
PMDB e um grupo do Planalto
e da companhia que prefere um
nome técnico para o cargo.
Os petistas querem emplacar
o ex-presidente da Petrobras
José Eduardo Dutra, que perdeu a eleição para o Senado no
ano passado em Sergipe. O
PMDB, por sua vez, trabalha
duro para indicar o ex-deputado e ex-governador do Rio Moreira Franco (RJ).
O outro nome cotado para o
cargo é o do atual diretor de
Mercado Consumidor da BR,
Marco Antonio Vaz Capute. Ele
conta com o apoio da ministra
Dilma Rousseff (Casa Civil) e
de Maria das Graças Foster,
atual presidente da BR.
Segundo a Folha apurou, as
duas têm trabalho para alçar o
seu preferido ao cargo, temendo "loteamento político" da
companhia.
Gerentes e funcionários da
estatal também torcem pela indicação de Capute, diretor responsável pelos grandes clientes
que compram diretamente da
BR, como empresas de aviação,
transportadoras e outras.
Capute já era diretor da BR
na gestão FHC e manteve-se
no posto durante todo o primeiro mandato do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
A pressão política, porém,
tem sido intensa. O PMDB reivindica ao presidente Lula a indicação de Moreira Franco. O
PT defende o nome de Dutra,
que conta a seu favor com o fato de ter saído bem-avaliado da
presidência da Petrobras, cargo
que ocupou durante três anos.
Em jogo está um faturamento de R$ 48 bilhões alcançado
pela companhia em 2006, ano
em que a BR Distribuidora lucrou R$ 580 milhões.
A distribuidora estatal sempre encheu os olhos de políticos pelos seus contratos bilionários de compra de álcool e
suas encomendas também vultosas, ainda mais agora depois
da aquisição das operações da
Ipiranga nas regiões Norte,
Nordeste e Centro-Oeste.
Petrobras
A mudança na BR deve repercutir também na Petrobras.
A atual presidente da distribuidora, Maria das Graças Foster,
está cotada para assumir a direção de Gás e Energia da estatal,
em substituição a Ildo Sauer.
Foster é uma das pessoas
mais próximas à ministra Dilma. Foi sua secretária de Petróleo e Gás quando ela ocupava o
Ministério de Minas e Energia
e já presidiu também a Petroquisa (subsidiária da Petrobras
na área petroquímica) no governo Lula.
Segundo auxiliares ouvidos
pela Folha, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli,
tem uma ótima relação com
Foster, a considera um excelente quadro, mas não gostaria
de abrir mão de Sauer. Julga
que o atual diretor é um especialista do setor e tem realizado
um bom trabalho à frente da
área de gás e energia.
Na Petrobras, são dadas como certas, porém, mudanças
na diretoria da companhia com
o objetivo de acomodar indicações políticas que surgiram
com a nova composição da base
aliada.
A intenção da atual diretoria,
apurou a Folha, é conseguir
emplacar nomes que tenham
perfil técnico e com experiência no setor de petróleo, apesar
de serem indicados por algum
partido.
Além de uma eventual saída
de Sauer, também existem rumores de mudanças nas diretorias de Exploração e Produção,
ocupada por Guilherme Estrella, e de Abastecimento, cujo titular é Paulo Roberto Costa.
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