São Paulo, segunda-feira, 28 de abril de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Lula quer medidas de estímulo a alimentos

VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva encomendou aos ministros Guido Mantega (Fazenda) e Reinhold Stephanes (Agricultura) medidas para estimular a produção de alimentos de consumo popular que estão com preços em alta, como arroz, feijão, leite e trigo.
Entre as medidas, está a concessão de financiamento a juros baixos para incentivar fazendeiros não só a manter esses tipos de produção como aumentá-los. O governo teme que produtores rurais abandonem algumas culturas em busca de outras com preço em alta no mercado internacional.
Segundo um assessor de Lula no Palácio do Planalto, o presidente se reuniu na semana passada com Mantega e Stephanes e pediu "medidas específicas" de incentivo à produção de alimentos de consumo popular visando evitar desabastecimento e alta de preços, que podem levar o Banco Central a manter por mais tempo o processo de alta dos juros.
Trigo e arroz preocupam mais o governo no momento. A escassez de trigo, principalmente por conta das restrições impostas pela Argentina na venda do produto ao Brasil, já encareceu o preço do pãozinho nos últimos dias. No caso do arroz, o governo já decidiu vender parte de seus estoques para conter a alta do cereal.
Na reunião de coordenação da semana passada, Lula discutiu com sua equipe a crise no setor de alimentos. Durante a reunião, ele ouviu do vice-presidente José Alencar e do ministro José Múcio Monteiro (Relações Institucionais), proprietários de fazendas, que os "produtores rurais costumam seguir na onda e se dedicar a plantios mais rentáveis".
Durante o encontro, Mantega destacou que hoje, se fosse excluída a alta de produtos como feijão e leite dos índices de preços, a inflação estaria bem abaixo da meta de 4,5%. Daí que Lula decidiu encomendar medidas para o setor de alimentação para auxiliar o Banco Central no combate à inflação.
A maior preocupação do presidente, porém, não está na "inflação dos alimentos". Nesse caso, ele considera que ela é passageira e tende a refluir no final do primeiro semestre. Sua maior dor de cabeça no momento é o câmbio.
Lula comentou na semana passada com assessores já ter conversado com economistas de dentro e de fora do governo, de todas as tendências, e até agora não encontrou nenhuma solução para a desvalorização cambial que tem prejudicado as exportações.
Segundo um assessor, Lula disse que na questão cambial é preciso agir com cuidado, já que ela tem ajudado no combate à inflação ao baratear as importações. Qualquer mexida na área, alertou o presidente, não pode acabar com esse efeito positivo sobre os preços. Sem ele, o Banco Central pode ser obrigado a manter por mais tempo a alta dos juros e prejudicar o ritmo de investimentos.
Na semana passada, Lula destacou que a boa notícia do momento é que, mesmo com a crise econômica mundial e com a alta dos juros, as empresas mantiveram seus planos de investimentos no país.


Texto Anterior: Fiscalização eleva preços de confecções
Próximo Texto: África sofre com alimentos mais caros
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.