|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Lula quer medidas de estímulo a alimentos
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva encomendou aos ministros Guido Mantega (Fazenda) e Reinhold Stephanes
(Agricultura) medidas para estimular a produção de alimentos de consumo popular que estão com preços em alta, como
arroz, feijão, leite e trigo.
Entre as medidas, está a concessão de financiamento a juros baixos para incentivar fazendeiros não só a manter esses tipos de produção como aumentá-los. O governo teme que
produtores rurais abandonem
algumas culturas em busca de
outras com preço em alta no
mercado internacional.
Segundo um assessor de Lula
no Palácio do Planalto, o presidente se reuniu na semana passada com Mantega e Stephanes
e pediu "medidas específicas"
de incentivo à produção de alimentos de consumo popular visando evitar desabastecimento
e alta de preços, que podem levar o Banco Central a manter
por mais tempo o processo de
alta dos juros.
Trigo e arroz preocupam
mais o governo no momento. A
escassez de trigo, principalmente por conta das restrições
impostas pela Argentina na
venda do produto ao Brasil, já
encareceu o preço do pãozinho
nos últimos dias. No caso do arroz, o governo já decidiu vender
parte de seus estoques para
conter a alta do cereal.
Na reunião de coordenação
da semana passada, Lula discutiu com sua equipe a crise no
setor de alimentos. Durante a
reunião, ele ouviu do vice-presidente José Alencar e do ministro José Múcio Monteiro
(Relações Institucionais), proprietários de fazendas, que os
"produtores rurais costumam
seguir na onda e se dedicar a
plantios mais rentáveis".
Durante o encontro, Mantega destacou que hoje, se fosse
excluída a alta de produtos como feijão e leite dos índices de
preços, a inflação estaria bem
abaixo da meta de 4,5%. Daí
que Lula decidiu encomendar
medidas para o setor de alimentação para auxiliar o Banco
Central no combate à inflação.
A maior preocupação do presidente, porém, não está na "inflação dos alimentos". Nesse
caso, ele considera que ela é
passageira e tende a refluir no
final do primeiro semestre. Sua
maior dor de cabeça no momento é o câmbio.
Lula comentou na semana
passada com assessores já ter
conversado com economistas
de dentro e de fora do governo,
de todas as tendências, e até
agora não encontrou nenhuma
solução para a desvalorização
cambial que tem prejudicado as
exportações.
Segundo um assessor, Lula
disse que na questão cambial é
preciso agir com cuidado, já
que ela tem ajudado no combate à inflação ao baratear as importações. Qualquer mexida na
área, alertou o presidente, não
pode acabar com esse efeito positivo sobre os preços. Sem ele,
o Banco Central pode ser obrigado a manter por mais tempo
a alta dos juros e prejudicar o
ritmo de investimentos.
Na semana passada, Lula
destacou que a boa notícia do
momento é que, mesmo com a
crise econômica mundial e com
a alta dos juros, as empresas
mantiveram seus planos de investimentos no país.
Texto Anterior: Fiscalização eleva preços de confecções Próximo Texto: África sofre com alimentos mais caros Índice
|