São Paulo, terça-feira, 28 de abril de 2009

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Credores e acionistas da GM devem pagar a conta

Viabilidade do plano dependerá de análise dos donos da dívida da montadora

Acionistas estão diante de duas alternativas ruins, mas podem concluir que a concordata é melhor que plano apresentado ontem

DO "FINANCIAL TIMES"

O novo e mais agressivo plano de reestruturação apresentado pela GM desperta a lembrança das alternativas quanto ao futuro da humanidade propostas certa vez por Woody Allen: "Um dos caminhos conduz ao desespero e à completa falta de expectativa; o outro, à extinção completa". Se -e o condicional é muito importante nesse caso- o plano conseguir definir uma solução funcional que evite a necessidade de uma concordata, o melhor que se pode dizer é que os acionistas da empresa estarão diante da primeira hipótese. Muito depende de os titulares de dívidas da GM acreditarem em um futuro para a empresa que justifique a aposta, em lugar de optarem por determinar o que seria possível recuperar de seus prejuízos em caso de concordata para a companhia.
Nos termos do plano, o plano de saúde gerido pelo sindicato dos trabalhadores trocaria metade do dinheiro que lhe é devido por ações, o que faria dele um acionista substancial da companhia reestruturada. O esquema da GM também presume mais US$ 11,6 bilhões em ajuda financeira do Tesouro dos Estados Unidos. Somada aos US$ 15,4 bilhões em empréstimos já recebidos, parte dessa assistência seria convertida em ações equivalentes à metade do capital da montadora. As duas medidas dariam aos sindicatos e ao governo 89% da companhia, antes mesmo que os detentores privados de títulos de dívida sejam considerados. A GM planeja converter US$ 27,2 bilhões dessas dívidas em ações, a uma razão de 225 ações por US$ 1.000 em títulos de dívida, o que daria aos credores outros 10% da empresa. Um cálculo rápido basta para indicar que os atuais acionistas teriam de escolher entre perder absolutamente tudo ou quase tudo.
Esse último cenário depende de os detentores de títulos de dívida aceitarem a proposta em seus termos brutos antes de 26 de maio, a data limite. O plano de reestruturação em si propõe uma GM muito menos endividada mas também muito menor, com cerca de 40 mil funcionários nos Estados Unidos, o que equivale a um corte de um terço de seus quadros, com apenas quatro marcas básicas e pouco mais de metade da atual rede de concessionárias. Tudo isso faz sentido, assim como os planos de eliminar as divisões Saturn e Hummer, mas alguém terá de pagar a conta. Os credores e os acionistas da empresa arcarão com o grosso do prejuízo.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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