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Credores e acionistas da GM devem pagar a conta
Viabilidade do plano dependerá de análise dos donos da dívida da montadora
Acionistas estão diante de duas alternativas ruins,
mas podem concluir que a concordata é melhor que plano apresentado ontem
DO "FINANCIAL TIMES"
O novo e mais agressivo plano de reestruturação apresentado pela GM desperta a lembrança das alternativas quanto
ao futuro da humanidade propostas certa vez por Woody
Allen: "Um dos caminhos conduz ao desespero e à completa
falta de expectativa; o outro, à
extinção completa".
Se -e o condicional é muito
importante nesse caso- o plano conseguir definir uma solução funcional que evite a necessidade de uma concordata, o
melhor que se pode dizer é que
os acionistas da empresa estarão diante da primeira hipótese. Muito depende de os titulares de dívidas da GM acreditarem em um futuro para a empresa que justifique a aposta,
em lugar de optarem por determinar o que seria possível recuperar de seus prejuízos em caso
de concordata para a companhia.
Nos termos do plano, o plano
de saúde gerido pelo sindicato
dos trabalhadores trocaria metade do dinheiro que lhe é devido por ações, o que faria dele
um acionista substancial da
companhia reestruturada. O
esquema da GM também presume mais US$ 11,6 bilhões em
ajuda financeira do Tesouro
dos Estados Unidos.
Somada aos US$ 15,4 bilhões
em empréstimos já recebidos,
parte dessa assistência seria
convertida em ações equivalentes à metade do capital da montadora. As duas medidas dariam aos sindicatos e ao governo 89% da companhia, antes
mesmo que os detentores privados de títulos de dívida sejam
considerados. A GM planeja
converter US$ 27,2 bilhões
dessas dívidas em ações, a uma
razão de 225 ações por US$
1.000 em títulos de dívida, o
que daria aos credores outros
10% da empresa. Um cálculo
rápido basta para indicar que os
atuais acionistas teriam de escolher entre perder absolutamente tudo ou quase tudo.
Esse último cenário depende
de os detentores de títulos de
dívida aceitarem a proposta em
seus termos brutos antes de 26
de maio, a data limite. O plano
de reestruturação em si propõe
uma GM muito menos endividada mas também muito menor, com cerca de 40 mil funcionários nos Estados Unidos,
o que equivale a um corte de
um terço de seus quadros, com
apenas quatro marcas básicas e
pouco mais de metade da atual
rede de concessionárias.
Tudo isso faz sentido, assim
como os planos de eliminar as
divisões Saturn e Hummer,
mas alguém terá de pagar a
conta. Os credores e os acionistas da empresa arcarão com o
grosso do prejuízo.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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