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Vale, Votorantim e Andrade ingressam em Belo Monte
Empresas que perderam leilão vão integrar consórcio para a construção de usina
Eletrobras quer antecipar assinatura de contrato
para permitir entrada de
empresas; Queiroz Galvão
e J. Malucelli deverão sair
LEILA COIMBRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Executivos da Eletrobras finalizam a composição do consórcio que irá construir e operar a hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu (PA). A modelagem será bem diferente da original que ganhou o leilão: terá
companhias que integravam o
grupo rival como a Vale, a Andrade Gutierrez e a Votorantim, como antecipou a Folha
na semana passada.
Como as regras atuais não
permitem que as empresas
derrotadas entrem como sócias
estratégicas (investidoras que
entram depois do leilão, mas
antes da outorga da concessão), a solução será formalizar
a adesão dessas empresas após
a assinatura do contrato, fazendo uma nova reestruturação
societária da SPE (Sociedade
de Propósito Específico), disse
à Folha executivo próximo às
negociações.
Para receber o mais rápido
possível os novos sócios, a Eletrobras barganha na Aneel
(Agência Nacional de Energia
Elétrica) a antecipação da assinatura do contrato de concessão da usina em dois meses.
O cronograma inicial previa
para o fim de setembro a outorga de Belo Monte, mas a estatal
planeja entregar toda a documentação necessária em julho.
Com isso, a Eletrobras pretende ter a estrutura societária final pronta em setembro (com a
adesão das empresas do consórcio perdedor), período em
que espera começar a preparar
o canteiro de obras da usina.
Também é certa a participação da estatal russa Inter Rao
Uesque, que não entrou no leilão porque não possuía a documentação necessária.
Para dar lugar aos novos sócios, discute-se quais das sete
construtoras que compõem
atualmente o consórcio Norte
Energia deverão sair. Na composição atual do grupo, as empresas de construção e engenhariam possuem 40% do consórcio. Mas, no momento da
assinatura do contrato, esse
percentual deverá ser de 20%,
conforme as regras.
A Folha apurou que realmente Queiroz Galvão e J. Malucelli deverão sair, além da
Contern, subsidiária da Bertin,
que também deverá deixar o
grupo. A Bertin permanecerá
no consórcio apenas por meio
da Gaia, sua outra controlada.
A atual líder do Norte Energia, a Chesf, deixará de ser a
maior acionista. Ela tem hoje
participação de 49,98%, mas
vai ceder fatia de 30% à Eletronorte, que será a operadora do
projeto, ficando com 29,98%.
O grupo deve ganhar a adesão dos fundos de pensão Petros (dos funcionários da Petrobras) e Funcef (funcionários da Caixa Econômica Federal) e do FI FGTS, fundo de investimentos em infraestrutura.
Os autoprodutores Braskem,
Gerdau e CSN também irão integrar o consórcio final, além
da construtora OAS. Essas empresas não precisam esperar a
assinatura do contrato de concessão para serem investidoras
na usina por não terem participado do leilão. Podem entrar
neste primeiro momento.
O ministro de Minas e Energia, Marcio Zimmermann, disse apoiar a decisão dos empreendedores de antecipar a
entrega da documentação e a
assinatura do contrato de concessão. Ele citou como exemplo o caso de Jirau (usina do rio
Madeira, leiloada em maio de
2008), em que o consórcio vencedor conseguiu levar apenas
45 dias entre o leilão e a assinatura do contrato de concessão.
No caso de Belo Monte, mesmo que a Eletrobras consiga a
antecipação em dois meses, o
tempo entre a licitação da usina e a outorga da concessão será de três meses.
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