São Paulo, domingo, 28 de maio de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SISTEMA FINANCEIRO

Expectativa do mercado é que corrida entre instituições tenha início logo após o leilão do Banespa

Banco médio desperta cobiça dos grandes

LEONARDO SOUZA
DA REPORTAGEM LOCAL

A venda do Banespa, prevista para julho, deve desencadear novo processo de aquisições no setor bancário brasileiro. Nove bancos estão pré-qualificados para o leilão: Bradesco, Itaú, Unibanco, Safra, BBVA (Bilbao Vizcaya Argentaria), Santander, BankBoston (Fleet Brasil), Citibank e HSBC.
Quem não arrematar o banco estadual paulista e quiser ganhar escala rápido terá, basicamente, um único caminho a seguir: partir para a compra dos poucos bancos médios de varejo que existem no mercado e que não estão nas mãos de grandes grupos financeiros.
Muitas conversas já estão em curso hoje entre compradores e eventuais comprados. Executivos dos grandes bancos não revelam que tipo de negociação planejam nem em que pé estão. Mas, quando indagados sobre quais seriam os bancos de interesse existentes no mercado, as respostas são praticamente as mesmas: Bandeirantes, BMB (Banco Mercantil do Brasil) e Mercantil Finasa. Em um segundo plano, BicBanco e Banco Cidade.
Os três primeiros casos são semelhantes em vários aspectos. São instituições de médio porte, com mais de 165 agências e com significativo volume de ativos e clientela. Os outros dois bancos são menores, mas também operam no varejo. O primeiro tem 37 agências, e o segundo, 24.
Os executivos dos bancos menores negam o interesse em vender as instituições. Afirmam que se especializaram em nichos de mercado e que, assim, conseguem garantir seu espaço.
Mas os representantes das grandes instituições financeiras têm opinião diferente. Dizem que para bancos de atacado (que operam mais para si próprios ou para grandes clientes) as chances de sobrevivência são maiores. Para os que atuam no varejo, porém, as possibilidades são mínimas.
Um dos dirigentes de um grande banco nacional, que está na disputa pelo Banespa, diz que os acionistas de muitas instituições médias têm interesse, sim, em vender seus bancos. Mas só depois do leilão do banco estadual de São Paulo.
Em sua opinião, eles sabem que após a venda do Banespa seus "passes" serão valorizados. Questão básica de economia: demanda maior que a oferta. Não há bancos médios para todos os grandes que pretendem consolidar posição.
Para Odilon Almeida, vice-presidente de marketing do BankBoston, apenas dois tipos de bancos com atuação no varejo vão sobreviver: os grandes, com escala nacional, e as instituições com nicho de atuação muito específico. "Esses bancos médios que estão pelo caminho não vão sobreviver", afirma.
Ele inclui o Boston no grupo dos bancos com foco diferenciado. Segundo Almeida, a renda média mensal dos correntistas do Bradesco e do Itaú está entre R$ 1.500 e R$ 1.700. A do cliente do Boston fica em torno de R$ 7.000. "Não aceitamos clientes com renda mensal inferior a R$ 4.000."
Almeida não acredita que a maior competição no mercado provoque uma quebradeira dos bancos médios. "Os grandes vão comprá-los antes".
O espanhol BBVA é forte candidato a seguir o caminho das aquisições de outros bancos. O conterrâneo Santander é adversário do BBVA no mundo todo. No Brasil, o Santander já comprou três bancos. O BBVA só levou o Excel Econômico, de atuação muito concentrada no Nordeste. Se não arrematar o Banespa, será forte candidato a fazer investidas nos bancos médios.



Texto Anterior: Bancos viram músicas dos Beatles
Próximo Texto: Instituições negam "placa de venda"
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.