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SISTEMA FINANCEIRO
Expectativa do mercado é que corrida entre instituições tenha início logo após o leilão do Banespa
Banco médio desperta cobiça dos grandes
LEONARDO SOUZA
DA REPORTAGEM LOCAL
A venda do Banespa, prevista
para julho, deve desencadear novo processo de aquisições no setor bancário brasileiro. Nove bancos estão pré-qualificados para o
leilão: Bradesco, Itaú, Unibanco,
Safra, BBVA (Bilbao Vizcaya Argentaria), Santander, BankBoston
(Fleet Brasil), Citibank e HSBC.
Quem não arrematar o banco
estadual paulista e quiser ganhar
escala rápido terá, basicamente,
um único caminho a seguir: partir
para a compra dos poucos bancos
médios de varejo que existem no
mercado e que não estão nas
mãos de grandes grupos financeiros.
Muitas conversas já estão em
curso hoje entre compradores e
eventuais comprados. Executivos
dos grandes bancos não revelam
que tipo de negociação planejam
nem em que pé estão. Mas, quando indagados sobre quais seriam
os bancos de interesse existentes
no mercado, as respostas são praticamente as mesmas: Bandeirantes, BMB (Banco Mercantil do
Brasil) e Mercantil Finasa. Em um
segundo plano, BicBanco e Banco
Cidade.
Os três primeiros casos são semelhantes em vários aspectos.
São instituições de médio porte,
com mais de 165 agências e com
significativo volume de ativos e
clientela. Os outros dois bancos
são menores, mas também operam no varejo. O primeiro tem 37
agências, e o segundo, 24.
Os executivos dos bancos menores negam o interesse em vender as instituições. Afirmam que
se especializaram em nichos de
mercado e que, assim, conseguem
garantir seu espaço.
Mas os representantes das grandes instituições financeiras têm
opinião diferente. Dizem que para bancos de atacado (que operam mais para si próprios ou para
grandes clientes) as chances de
sobrevivência são maiores. Para
os que atuam no varejo, porém, as
possibilidades são mínimas.
Um dos dirigentes de um grande banco nacional, que está na
disputa pelo Banespa, diz que os
acionistas de muitas instituições
médias têm interesse, sim, em
vender seus bancos. Mas só depois do leilão do banco estadual
de São Paulo.
Em sua opinião, eles sabem que
após a venda do Banespa seus
"passes" serão valorizados. Questão básica de economia: demanda
maior que a oferta. Não há bancos
médios para todos os grandes que
pretendem consolidar posição.
Para Odilon Almeida, vice-presidente de marketing do BankBoston, apenas dois tipos de bancos com atuação no varejo vão sobreviver: os grandes, com escala
nacional, e as instituições com nicho de atuação muito específico.
"Esses bancos médios que estão
pelo caminho não vão sobreviver", afirma.
Ele inclui o Boston no grupo dos
bancos com foco diferenciado.
Segundo Almeida, a renda média
mensal dos correntistas do Bradesco e do Itaú está entre R$ 1.500
e R$ 1.700. A do cliente do Boston
fica em torno de R$ 7.000. "Não
aceitamos clientes com renda
mensal inferior a R$ 4.000."
Almeida não acredita que a
maior competição no mercado
provoque uma quebradeira dos
bancos médios. "Os grandes vão
comprá-los antes".
O espanhol BBVA é forte candidato a seguir o caminho das aquisições de outros bancos. O conterrâneo Santander é adversário do
BBVA no mundo todo. No Brasil,
o Santander já comprou três bancos. O BBVA só levou o Excel Econômico, de atuação muito concentrada no Nordeste. Se não arrematar o Banespa, será forte candidato a fazer investidas nos bancos médios.
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