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TRABALHO
Taxa vai a 20,4% da PEA, a maior desde 85; 1,904 milhão de pessoas está sem trabalhar na Grande São Paulo
Economia patina e desemprego é recorde
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
Se o Brasil depender do aumento do número de emprego para
deslanchar, vai ficar estagnado
neste ano. A taxa de desemprego
da região metropolitana de São
Paulo bateu recorde histórico em
abril: 20,4% da população economicamente ativa (PEA).
Essa taxa supera em 0,5 ponto
percentual a de março (19,9%) e
em 2,7 pontos percentuais a de
abril de 2001 (17,7%), segundo a
Fundação Seade/Dieese, que faz
esse levantamento desde 85. Até
então, a taxa mais alta de desemprego era a de 20,3%, registrada
em abril e em maio de 99.
"O desemprego reflete o péssimo desempenho da economia
brasileira", diz Anselmo Luís dos
Santos, professor do Cesit (Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho), da Unicamp. "O governo, que projetou
crescimento de até 4% para o país
neste ano, fala agora em 2,2%."
A estimativa é que existia em
abril 1,904 milhão de pessoas desempregadas na região. Isto é, 66
mil pessoas a mais do que em
março -esse número é o saldo
entre a entrada de 97 mil pessoas
na PEA em abril e o aparecimento
de 31 mil vagas no período. Sobre
abril de 2001, são 285 mil desempregados a mais na região -esse
número corresponde à eliminação de 103 mil postos E ao ingresso de 182 mil pessoas na PEA.
O aumento do desemprego se
deu mais pela expansão da PEA
do que por demissões. Os setores
que registraram redução de vagas, em abril, foram construção
civil e serviços domésticos (diminuição de 27 mil postos). Na indústria, surgiram mais 7.000 postos; no comércio, 5.000 e, no setor
de serviços, 46.000, no período.
"O desemprego aumentou porque o nível de ocupação não cresceu na mesma velocidade que subiu a PEA", diz Sérgio Mendonça,
diretor-técnico do Dieese. Pelo levantamento da fundação, o nível
de emprego caiu 1,4% em abril
deste ano em relação a igual período do ano passado, de 7,53 milhões para 7,42 milhões de pessoas ocupadas. A PEA subiu de
9,149 milhões para 9,331 milhões
de pessoas no mesmo período.
A taxa de desemprego é mais alta ainda entre as mulheres -bateu em 24,2% da PEA feminina,
0,8 ponto percentual maior do
que a de março, de 23,4%. No caso
dos homens, o desempregou também subiu, mas menos, de 17%
para 17,3%, no mesmo período.
No grupo dos chefes de família, a
taxa caiu de 12,1% para 11,8% e,
no grupo de pessoas acima de 40
anos, de 13,1% para 12,9%.
O aumento da taxa de desemprego reflete a queda na atividade
dos setores de bens duráveis, como eletroeletrônicos e carros.
A expectativa de economistas
que acompanham o mercado de
trabalho é que a taxa de desemprego deve continuar subindo no
país até o final do ano. Isso porque, mesmo que o governo venha
a dar sinais de que pretende alterar a política monetária, como reduzir as taxas de juros, a economia demoraria meses para reagir.
A taxa de desemprego ao redor de 20%, segundo Mendonça,
agrava a possibilidade de recuperação econômica. Além do desemprego ser alto, Fábio Pina, economista da FCESP (Federação do Comércio do Estado de São
Paulo, diz que o Brasil está amarrado pelo alto endividamento externo e pela sua vulnerabilidade.
"O BC tem pouca liberdade para mexer nas taxas de juros."
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